Incredible Hog
Como na maioria das bandas de rock, a história desse grupo começa na escola com dois jovens ingleses: o versátil Ken Gordon (guitarrista, vocalista, gaitista e compositor) e Jim Holmes (baixista). Juntos, estes garotos tocaram em uma banda chamada Speed Auction. Com a intenção de montar uma banda de rock pesado, com algum apelo comercial e com letras de conteúdo, formariam o embrião do Incredible Hog em meados de 1972. Assim como diversos grupos que pipocavam pela Europa no ínicio dos anos 70, a influência dos caras era o blues-rock britânico dos anos 60 – eletrificado e pesado - na mais autêntica escola do Cream. O nome da banda surgiu de uma gozação com o desenho Incrível Hulk, que na cabeça dos caras virou “O Incrível Porco” (basta ver a capa com o logo da banda, uma porca com várias tetas e de óculos escuros!!!)
Para assumir as baquetas, fizeram testes com diversos bateristas, até a escolha de Tony Awin. O ínicio da banda foi bastante difícil e a saída encontrada foi montar o próprio clube (que sacada, hein?), chamado de “The Pig Sty”, instalado primeiramente em Ilford e depois em Forest Gate, nos arredores de Londres. A partir dessa divulgação e pelas positivas críticas da Melody Maker, a sorte do Incredible Hog começa a virar. O insistente Ken Gordon foi bater na porta da gravadora Dart Records e não saiu de lá até todo mundo escutar a demo tape da banda. Depois de um dia inteiro lá, todos escutaram sua fitinha e então, em duas semanas o Incredible Hog já descola o seu primeiro contrato.
A gravadora passa a bola para o produtor Robert Watson, que não tinha nenhuma experiência em produzir rock pesado. Durante as gravações, divergências entre produtor e banda foram inevitáveis, porém esse conflito de idéias gerou um disco de uma sonoridade muito autêntica e interessante. Lançado em 1973, o excelente disco de estréia foi batizado só como “Volume I” acompanhado de um compacto com as músicas “Lame” e “Warning” para divulgação. Tanto o compacto quanto o disco, foram, de modo geral, bem aceitos pela crítica, mas tiveram baixa repercussão na Inglaterra. A banda sai em uma mal sucedida excursão pela Inglaterra, e por desentendimentos internos acabaria naquele mesmo ano de 1973.
O disco é um petardo do começo ao fim, fica difícil escolher qual a melhor faixa. A paulada sonora começa com “Lame”, um boogie setentista safado, recheado do timbre poderoso da Gibson SG de Gordon. Talvez essa fosse a faixa com maior potencial comercial do Incredible Hog, por ser curta, pegajosa e de um ritmo contagiante (daquelas que é impossível não bater os pés ou sacudir a cabeça junto com a música); em seguida, na trilha do blues-rock pesado da ilha, a maravilhosa “Wreck my Soul”. Começa como um blues frustrado e forte, até Gordon berrar – Why don’t she Wreck my Soul? A partir daí, um riff poderoso, no melhor estilo Angus Young entra quebrando tudo; a bateria certeira de Awin e o baixo potente de Holmes, não deixam por menos, e com um peso excomunal, seguram a base para as guitarradas de Gordon, que finaliza com propriedade na gaita. Em seguinda, a linda “Execution”, com seu clima estradeiro e melancólico, mostra a versatilidade da banda, perpetuada pelos solos certeiros e pela voz triste de Gordon. Voltando à paulada, a banda dispara “Tadpole”, típico hard setentista, com riffs dobrados entre baixo e guitarra. “Another Time” na seqüência, também lembra as frases rockers de Angus Young (vale lembrar que este disco é anterior ao primeiro do AC/DC). Prosseguimos com “Warning”, na mesma levada de “Wreck my Soul” e pra quebrar um pouco um clima, a balada “Walk the Road” é instropectiva e tocante, com o violão de Gordon e a percussão de Awin. Depois vem a cavernosa “There’s a Man”, com o baixo marcante de Holmes e “To the Sea”, com um riff hipnótico de guitarra, deixa mais um belo exemplo de hard setentista de peso. Pra encerrar o disco, a romântica Losing Myself demonstra mais uma vez a versatibilidade deste músicos, uma balada puxando ao folk, assim como em “Walk the Road”.
Com o fim da banda, os membros do Incredible Hog não ficaram parados e continuaram trabalhando na música; Gordon trabalhou em sessões de gravação de diversas bandas, como o The Rubetts, The Tremeloes e o Heavy Metal Kids; Awyn trabalhou com o Crazy World of Arthur Brown e com James Last. Somente Holmes desviou-se da música para dedicar-se ao teatro.
Ronaldo Rodrigues é Colaborador Esporádico