Começo…
 

O Nektar é uma das bandas mais influentes do Rock Progressivo nos anos setenta. Formado pelo guitarrista Roye Albrighton, pelo tecladista Allan “Taff” Freeman, pelo baterista Ron Howden e pelo baixista Derek “Mo” Moore e Mick Brockett que, mesmo não tocando nenhum instrumento, mas sim tomando conta da iluminação e efeitos visuais no palco, era considerado o quinto membro da banda. Ingleses que na época de formação da banda moravam na Alemanha, em Hamburg – o que sempre causou certa confusão e discussões sobre a nacionalidade da banda, se ela é uma banda inglesa ou alemã -, o Nektar teve suas raízes na banda Prophecy que era formada por Freeman, Moore e Howden. O Prophecy tocava num pub chamado Star Club, onde lá conheceram Brockett – que na época fazia iluminações para o Pink Floyd – e Albrighton e pegaram amizade. Com o convite de ambos a participarem da banda a primeira coisa foi mudar o nome de Prophecy para Nektar.
 

Com a formação estabilizada e nome novo, a banda grava seu debut, Journey to the Centre of the Eye, um disco que mostrou um Space Rock de impacto, fazendo com que a mídia e público virasse a atenção ao Nektar. O segundo disco, A Tab in the Ocean, deu o último impulso que a banda precisava pára ser reconhecida logo no começo de carreira – disco que contêm clássicos como Desolation Valley e King of Twilight. Seu terceiro trabalho, o disco duplo Sound Like This, foi gravado ao vivo em estúdio numa primorosa gravação. Esses três primeiros álbuns, mesmo com a fama crescente da banda, sempre foram divulgados boca a boca pelos fãs, tamanha força e carisma têm as composições desses discos; porém após a década de setenta virou uma espécie de “obscuridade”, sendo reconhecida somente para os fãs de Rock Progressivo, mesmo com elogios aclamados dos mais diversos artistas, como Elton John que chegou a declarar que o disco Sound Like This é uma obra prima, ou a versão do Iron Maiden pra música King of Twilight
 

A experiência desses três primeiros trabalhos levou a banda a fazer, para muitos, o seu melhor disco...
 

Remember the Future
 

Lançado em 1973, o álbum é conceitual e mostra a evolução da banda tanto nas letras como nos sons. Na parte instrumental, a banda mostrou toda a sua criatividade em momentos grandiosos. Muitos acordes e melodias são tratados de forma quase erudita, em inúmeras variações que ocorrem por todo o trabalho e interessantes interlúdios – bastante experimentais – são colocados entrecortando as bases principais. A guitarra de Albrighton é perfeita, muitos consideram um dos melhores trabalhos de guitarra rítmica já vista dentro do Rock Progressivo. Outro destaque é o Hammond B3 de Freeman, que destila belíssimas melodias pelo disco. Apesar de ser considerado uma peça maravilhosa do Space Rock, tem muitos elementos do Hard Rock nele, fazendo um contraste perfeito entre suavidade e peso, principalmente conforme a história se desenrola em momentos de tensão, sendo as composições um “palco” perfeito para o desenrolar da trama
 

A história se divide em duas partes – Remember the Future part I and II, correspondendo aos lados A e B do antigo vinil – e conta a história de uma criança cega que se comunica com um extraterrestre chamado Bluebird. Ele conta histórias de passado e futuro para o garoto em forma de visões mentais por meios telepáticos, o que deixa o garoto confuso e cheio de questões filosóficas. Essa história simples de ficção científica é contada de forma belíssima em muitas partes da letra da música, como nessa que o garoto pergunta quem seria Bluebird e como ele vê as visões dadas a ele:
 

“Who — who made you? Who made me?
Whose were the eyes of the world
that looked at me?
I was the first to see it all when the rainbow
crossed the bridge at dawn
Forty billion miles I came to tell this
Tale already told

Who — who made you? Who made me?
Whose are the eyes of the world were
looking through?

Remember the first time
I came here the last time
Remember the future will always be there”

Na segunda parte, Bluebird se mostra para o garoto e começa a discussão sobre o mundo, onde o alienígena dá toda a sua sabedoria ao garoto
 

“(boy)
I can see you through the morning mist
and the evening too
I can hear you getting closer now to the living truth
you say life has no end
but believe me you've go to pretend
Because I can see you coming closer now to the living truth
Let it grow, someday you're gonna let it show

(bluebird)
I can see you come close to me
And I'll tell you true
I can feel you listen carefully to what I say to you
I tell you life has no end
There's no need for you to pretend
Cos you see you, believe yourself that's all you have to do
and let it grow, somehow you gotta let it show

You know that I can't stop it
you know, you know that I”

Apesar de a letra tratar de uma conversa entre um garoto e Bluebird, a priori um extraterrestre, a letra dá uma vasta interpretação do que realmente seria o Bluebird, dependendo de conceitos filosóficos e religiosos que cada pessoa tem...
 

O disco foi aclamado na Europa, EUA e Brasil, onde chegou a ser lançado em versão nacional – numa versão sacana típica da época, com a capa do vinil em papel fino e frágil e a gravação um tanto ruim, talvez as cópias foram feitas a partir de outra cópia, e não da matriz original da gravação. Mais tarde, foi lançado remasterizado em CD com alguns bônus.
 

A banda depois de Remember the Future
 

O Nektar, a partir daí, gozou de certo prestígio entre os amantes do Rock Progressivo, gravando outros discos conceituais após esse, como o Recycled. Não gravou muitas coisas durante os anos 80 e 90, mas continua na ativa até hoje (mas com outra formação, com Klaus Henatsch nos teclados e Peter Pichl no baixo) com o álbum Door to the Future, lançado em 2005, o último de estúdio
 

1. Remember the future (part I) 16:38
a) Images of the past
b) Wheel of time
c) Remember the future
d) Confusion/
2. Remember the future (part II) 18:55
e) Returning light
f) Questions and answers
g) Tomorrow never comes
h) Path of light
i) Recognition
j) Let it grow
 

Bonus Tracks:
3. Remember The Future (edit) 9:51
4. Lonely Roads (single edit) 3:50
5. Let It Grow (single edit) 2:19
 

Line-up
- Roye Albrighton / lead vocals, guitars
- Mick Brockett / lights
- Allan "Taff" Freeman / keyboards, backing vocals
- Ron Howden / drums, percussion, backing vocals
- Derek "Mo" Moore / bass, backing vocals
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.