Entrevista - Massahara
Particularmente sou um grande apreciador do Hard Rock nos anos setenta. Bandas como Led Zeppelin, Deep Purple, Grand Funk Railroad e tantas outras fazem parte das músicas que escuto diariamente. No Festival Psicodália, tomei conhecimento do Massahara, até então nunca tinha escutado nenhum trabalho deles. E esse trio (quarteto se contarmos com o tecladista convidado na gravação do EP e alguns shows Ronaldo Rodrigues) formado por Fábio Gracia na guitarra e voz, Allan Ribeiro no baixo e Douglas Oliveira na bateria fazem justamente um Hard Rock com a sonoridade calcada nos anos setenta, que chamou a atenção, não só de mim, mas de todos os presentes no festival. O potencial ao vivo da banda e suas músicas fortes e contagiantes, fez com que o Alquimia Rock Club fosse até o local de ensaio deles e fizesse uma entrevista bem legal, com a participação do amigo e “padrinho” da banda, Tico. A entrevista na íntegra (junto com duas músicas gravada após a entrevista) vocês poderão ver no programa de Tv do Alquimia Rock Club, mas aqui está as principais partes dela!
ALQUIMIA - Falem um pouco de como começaram, como formaram a banda.
Fábio - O Massahara começou em 2002, como uma banda cover tocando lados b's do Hard Rock, como Captain Beyond, Dust, Cactus, fugindo um pouco do convencional das bandas covers
ALQUIMIA - Fugir um pouco da tríade principal do Hard 70's, Purple, Led e Grand Funk
Fábio - Exatamente, a idéia era essa, tocar o que nós gostamos, e nos reunimos mais por intermédio dele, o Tico
ALQUIMIA - Padrinho da banda! (risos)
ALQUIMIA - Vocês começaram como cover, claro. O pessoal ficou ate espantado com o som né?
Fábio - Isso rola até hoje
Tico - Ficam admirados, falando "porra, não acreditam que vocês tocam esse som!"
ALQUIMIA - E quando começaram a fazer som próprio? Vocês lançaram um EP promocional no começo do ano, não?
ALQUIMIA - O som próprio de vocês pensavam que era mais uma banda 70's (risos). E o pessoal ficava surpreso! Viam que vocês estavam batalhando
Fábio - E não tinha como fazer diferente, nossas influências são de lá, então na hora que iríamos fazer alguma coisa, com certeza ia transparecer.
ALQUIMIA - As influências são as bandas setentistas, bandas psicodélicas como já falaram. Mas, e músicos? Quais são as influências de vocês?
Fábio - Olha, são vários... uma pergunta meio difícil essa
Douglas - Cada um tem influências bem diferentes. Por exemplo, um músico que admiro muito é o Jeff Beck, e olha que sou baterista, o som dele é influência pra todos.
ALQUIMIA - A influência dele como compositor
Douglas - Sim, como referência
Fábio - Sim gosto muito dele, do Johnny Winter, Alvin Lee, Blackmore
Allan - Gosto desde Champignon do Charlie Bown Jr (risos) Brincadeira... Gosto de tudo que é da nata do leste europeu
ALQUIMIA - Como o baixista Mirolav Vitous, que participou da primeira formação do Weather Report..
Allan - Sim, como o Jaco Pastorious, Gezzer Butler, uma figura marcante que me influenciou muito, Jack
ALQUIMIA - Vocês participaram do Psicodália, onde conheci vocês. Já participaram de outros festivais, já estão em vista outros, como é a recepção nos festivais?
Fábio - Não foi o primeiro, participamos anos atrás do Rock Camping aqui em São Paulo, foi na Represa Guarapiranga, ai tocamos poucas musicas nossas, mas o pessoal gostou bastante. Agora estamos com outra cabeça, com idéias novas... Uma música que não deu tempo de gravar no EP, deixamos pra um disco... Queremos ir pra esse lado, de compor as músicas e mostrar o som, não ficar só nessa de barzinho. E lá no Psicodália foi muito louco
ALQUIMIA - Sim, o público foi bastante receptivo com vocês
Douglas - O povo lá já foi com a cabeça aberta
Fábio – Sim! Não somente com nós, mas com as outras bandas também. Tive oportunidade de ir no passado só pra curtir, esse ano fui pra tocar
Allan - Um público bem diferenciado, eles respeitam os trabalhos das bandas
ALQUIMIA – É um pouco difícil vocês tocarem um rock em português, e tem várias bandas novas boas por ai.
Douglas - La eu tive certeza! Cadillac Donissauros, Estação da Luz, Soul Barbeccue daqui de São Paulo também
Fábio - Plástico Lunar, Zé Trindade
Douglas - Trem Fantasma
Allan - A Banda do Klauss (N.E. organizador do festival que tocou com O Conto)
ALQUIMIA - Bastantes bandas boas, lembra a época setentista que teve excelentes bandas, e parece que esta voltando isso.
Fábio - Inclusive estive lá ano passado e agora, e teve bastante essa comparação também. O Ronaldo foi comigo ano passado e nos conversamos e chegamos a mesma conclusão. Ano passado teve umas bandas legais outras que não gostamos tanto, mas esse ano a qualidade foi impecável, muita banda boa, mostrando que dá pra fazer som de qualidade em português
ALQUIMIA - E o primeiro disco?
Fábio - Até o meio do ano tem que sair isso dai
ALQUIMIA - Vão lançar independente também? Igual ao EP?
Fabio - Independente. É meio difícil esse lance de gravadora, mas... se alguma encantar com nosso som no meio do caminho ai, pode ser né? (risos)
Tico - Nos anos setenta teve mais bandas de progressivo, me cita uma banda de Hard que teve seu nome gravado ai? Nos anos oitenta muitas pularam pro pop, e acho que agora é a era do Hard Rock fixar. Mas Hard mesmo, sem fugir pro pop
ALQUIMIA - Criar uma raiz
Tico - As bandas de Hard não têm essa raiz, depois dos anos oitenta, noventa. Agora que estão começando a ter.
Douglas - Acho que isso acontece por causa da fácil informação. Digita no Google Vanilla Fudgie e você acaba conhecendo a banda
ALQUIMIA - Sim, antes ninguém tinha essa facilidade de conhecer as bandas
Tico - Era difícil. Fugir um pouco de Purple e Led, ninguém conhecia. Mas tinha um público mais voltado pro rock, devido a época, uma época marcante, onde o rock era muito mais influente. Não tinha estilos, antigamente não, o rock era mais fino, uma batida mais forte, tinha mais gente interessada. Se o Massahara tivesse surgido nessa época eles teriam 10 vezes mais público
ALQUIMIA - Até pela sonoridade
Tico - Mas passou, o rock foi perdendo a força nos anos oitenta. Teve o Heavy Metal, aquela onda, mas o rock mesmo, o puro, foi perdendo a força
Douglas - O festival Psicodália mostrou que esse Rock puro está voltando.
ALQUIMIA - Tem outro festival que também mostra isso, o Camping Rock em Minas. Não tão underground como o Psicodália, ate por que tem bandas covers no meio, mas também abrem espaço para varias bandas que estão começando
Tico - O que mais me intriga é a geração mais nova que eu tomando parte disso e, para nós que vivemos na época de setenta, é um presente. Jamais pensei que teria alguém que retomasse o Rock assim. Satisfaz o ego de um romântico do rock como eu
ALQUIMIA - No Ep tem bastante teclado no som. Como vocês adaptam o trio sem o teclado
Fábio - Na verdade, é uma coisa que começamos a fazer agora. Nos sempre fomos um trio e as músicas surgiram dessa forma. E o Ronaldo, que gravou o EP, já gostava da banda, e surgiu a oportunidade dele vir pra São Paulo (N.E. - o tecladista Ronaldo mora em Campinas, interior do estado). Ficou em casa, trouxe o teclado pra fazer um som e como ele já conhecia, ele já veio com as idéias
ALQUIMIA – Já veio com os arranjos de teclado então?
Douglas – Sim, não precisou nem mudar as partes das musicas pra encaixar o teclado
Fábio - Ele tem a cabeça boa, um bom músico, um tecladista consciente. Tem tecladista que some no som e outros que parecem uma orquestra, que ate atrapalham a banda e ele, por conhecer muito som e tocar já a bastante tempo, ele soube adaptar os arranjos, sem mudar nada.
ALQUIMIA - Agradeço a entrevista e o espaço fica aberto pra contato
Fábio - temos a comunidade no orkut, o site que esta em construção e o My Space, que tem as músicas do Ep por pessoal curtir
www.orkut.com.br/Main#Community.aspx
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.