Entrevistas

Cruachan

Por Fabiano Cruz | Em 13/09/2011 - 22:20
Fonte: Alquimia Rock Club

2011 realmente poderá ser considerado como o ano da invasão Folk, Viking, Pagan no Brasil. Após a enxurrada de shows e eventos voltados à esta cultura, quem irá desbravar pela primeira vez as longínquas terras de além mar será a banda irlandesa Cruachan, um dos nomes mais famosos do Celtic/Folk Metal Mundial. O grupo formado por Keith Fay (vocal, guitarra, teclado, bodhrán, mandolin, percussão), John Clohessy (baixo), Colin Purcell (bateria, percussão), John Ryan Will (tin whistle, violino, banjo, bouzouki, teclado) e John O' Fathaigh (tin whistle) está em plena turnê de divulgação do álbum "Blood on the Black Robe" lançado recentemente via Candlelight Records UK. A reportagem da The  Ultimate Music Press conversou com o líder Keith Fay para saber como está a expectativa dos músicos para conhecer os seus obcecados fãs brasileiros, a repercussão do novo álbum, além de revelações sobre o backstage da banda. No fim da entrevista, ainda temos os serviços para a turnê brasileira do Cruachan e a resenha de "Blood on the Black Robe", feita pela equipe do Alquimia Rock Club.


(Entrevista cordialmente cedida por Costábile Salzano Jr.)


“Blood on the Black Robe” revela uma notável mudança na sonoridade do Cruachan. O que você tem a declarar sobre este novo trabalho?
Keith Fay: Há várias razões para isso. Nós sempre quisemos retornar a um estilo mais pesado e isso aconteceu com o passar dos anos. Em "The Morrigans Call", você definitivamente pode ouvir o nosso lado mais extremo de volta. Nós também nos sentimos responsáveis pela tendência do Folk Metal. Hoje encontramos bandas piadistas, cantando e bebendo ou merdas desse tipo. Quando nós começamos nos idos anos de 1992, nós éramos uma banda série e assim continuamos. A música Folk não é sempre divertida e animada, na música folclórica real - a música folclórica irlandesa especialmente há tanta tristeza, tanta dor, queríamos trazer isso em nossa música e mostrar às pessoas a música popular real e, por sua vez, folk metal real! Quando Karen deixou foi o último passo que precisávamos para retornarmos totalmente ao nosso som mais pesado, sendo os vocais agressivos na vanguarda!


O  que te inspira a compor. Você precisa de algum estado de espírito para começar seu processo de criação?
Keith Fay: Eu me inspiro com qualquer coisa. Na verdade, não preciso estar em um modo especial, mas eu definitivamente preciso estar focado no que estou fazendo e assim por diante.


Quais músicas deste novo trabalho que mais te agrada? O atual feedback dos fãs é o que realmente determina este trabalho com o melhor da sua carreira?
Keith Fay: As respostas a todas as canções tem sido muito forte. Os fãs estão gostando da nossa nova obra como um todo o que é ótimo e realmente mostra o foco que colocamos no CD. Pessoalmente, estou muito feliz com "The Nine Year War".


Há algumas composições deste novo álbum que foram compostas pensando na performance ao vivo?
Keith Fay: Sim, nós tentaremos tocar o máximo de músicas novas ao vivo em virtude dos festivais de verão aqui na Europa. A principio, iremos tocar "I am Warrior", "Blood on the Black Robe", "Thy Kingdom Gone", "Pagan Hate" and "Primeval Odium".


Um tipo de vírus do Folk Metal está se alastrando pelo Mundo. Todos os dias surgem novas bandas englobando elementos folclóricos com o Metal sem contar Korpiklaani, Finntroll, Eluveitie, Týr e outros nomes. De alguma forma este vírus chegou a promover o Cruachan?
Keith Fay: Bem, nós e o Skyclad somos criadores deste vírus. Eu acredito que tivemos ganhos em popularidade. Infelizmente ficamos em turnê por longos meses como muitas das bandas que você mencionou, mas nós tentamos sair tão freqüentemente quando podemos.


O que significa o paganismo para você?
Keith Fay: O Paganismo sempre foi algo bastante particular para mim. Minhas crenças podem ser um tanto diferente para os outros, mas ainda muito relevante.


Como precursores de um estilo musical, o que faz da música do Cruachan especial?
Keith Fay: Nós somos completamente diferentes das outras bandas que se intitulam Folk Metal e que apareceram do nada nos últimos 10 anos. Sem contar que nós estávamos aqui antes de todos eles. O mais interessante é que nossa música ainda é atual, diferente e assim será no futuro!


Qual foi a melhor platéia do Cruachan até o momento?
Keith Fay: Eu não sei. Essa pergunta é um tanto provocativa! (risos)


Qual foi a coisa mais curiosa ou engraçada que já aconteceu em um show ou no backstage?
Keith Fay: Oh! Por onde eu devo começar? (risos) Ok, Uma vez, em um trem noturno na Rússia, de São Petersburgo para Moscou estávamos muito bêbados e fazendo muito barulho, nós não pensamos assim, mas isso não importa. Um dos seguranças do vagão chamou a polícia para parar o trem na estação seguinte. Então, nós estávamos bebendo na nossa cabine e a nossa porta foi arrombada por dois policiais com fuzis de assalto apontando para nós! Eu quase morri de susto. A nossa descrença fora o tour manager explicando que o proprietário da empresa de turismo é de algum tipo grande mafioso em Moscou e depois os policiais pedirem desculpas para nós. Enquanto tudo isso estava acontecendo, o motor do trem foi roubado por bandidos russos! Tudo isso é verdade, tivemos que esperar por duas horas para um novo motor para seguir viagem. Insano, não? (risos)


Você tem algum tipo de ritual antes de entrar no palco?
Keith Fay: Acredito que o nosso ritual deve ser colocarmos os nossos trajes de show (risos). É sempre um pesadelo nos prepararmos em camarins apertados e arrumarmos espaço para nos preparamos em meio aos caos de instrumentos, tour manager, promotores, fãs.


O que você pensa sobre a aumento do Pagan/Folk Metal na América do Sul?
Keith Fay: Isso é fantástico!!! Eu vi isso acontecer desde a década de 90. Sempre recebemos e-mails de fãs da América do Sul e será um enorme prazer tocar para nossos seguidores!


O que o público pode esperar desta primeira apresentação do Cruachan no Brasil?
Keith Fay: Esperemos ter uma experiência incrível. Adoramos tocar ao vivo, especialmente quando a multidão está animada para uma boa festa. Eu só ouvi elogios do público brasileiro e esperamos conhecer essa famosa insanidade.


Qual é a principal impressão que você realmente espera dos shows no Brasil?
Keith Fay: Eu realmente quero mostrar aos nossos fãs o quanto nós adoramos eles. Eu espero encontar e conversar com todos. Esta é a parte mais legal de qualquer show.


Quais são os seus planos para 2011?
Keith Fay: Esperamos ter nosso novo álbum composto por inteiro e em 2012 já entrar em estúdio. Queremos fazer o máximo de shows este ano e acredito que teremos o ano mais ocupado dos últimos anos em nossa carreira o que será excelente é claro!


Muito obrigado pela atenção e pela chance de conversar contigo. Sinta-se a vontade para deixar uma mensagem aos fãs do Brasil.
Keith Fay: Eu que agradeço pelo espaço e um grande abraço aos nossos fãs brasileiros. Espero que realmente vocês gostem do nosso show e estamos ansiosos para encontrar vocês. Pode esperar o nosso melhor!


Serviço Curitiba
Data: 11/10/2011
Local: Blood Rock Bar
Endereço: Rua Carlos Cavalcanti, 1212 - São Francisco
Ingressos: 1°lote: R$ 35,00
Pontos de venda: Dr Rock, Let’s Rock, Túnel do Rock, Ritos e Mitos, Alameda do Rock
Venda Online: www.diskingressos.com.br
Informações: (41) 3315-0808


Serviço São Paulo
Data: 12/10/2011
Local: Blackmore Rock Bar
Endereço: Alameda dos Maracatins, 1.317, Moema.
Hora: 19h
Ingessos:
1°lote: R$ 60,00 | 2°lote: R$ 70,00 | Na porta: R$ 80,00
Galeria do Rock
LadySnake: 1° e 2° andar, lojas 213 e 373 - (11) 3333.6931 e 3361.7705
Rockland: 1º andar, sala 262 - (11) 3362.2606
Venda Online: http://darkdimensions.webstorelw.com.br.


Cruachan - 2011 - Blood on the Black Robe


O Folk Metal pode ser considerado e sub-estilo do Hevay Metal que mais cresceu nos últimos anos, se contarmos a tamanha quantidade de banda que surgiu, e muitos se enganam que nesse estilo so tem canções felizes e dançantes, marca que muitas bandas deixaram; algumas bandas levam pro lado mais “negro” a história da coisa, incorporando muito do espírito Black Metal, e o Cruachan talvez seja um dos maiores expoentes desse lado mais sério. Considerado uma das criadoras do estilo, foi formado de remanescentes da banda Minas Tirith e no meio de melodias celtas em instrumentos típicos, como o já tradicionais “tin whistle” e o “bouzouki”, aqui escutamos um peso absurdo em algumas faixas e guitarras que beiram o Metal extremo.


Um disco que resgata muito do começo da banda – em alguns discos a banda apostou mais em canções mais sossegadas e vocais femininos – onde essa jogada com o Black Metal se faz presente: The Column, uma das melhores faixas do disco, representa muito bem essa faceta, com melodias celtas tocadas com a fúria do Black Metal, riffs cortantes e uma cozinha fenomenal. Thy Kingdom Gone e Pagan Hate são rápidas e certeiras, enquanto a faixa título surpreende com um som arrastado e sombrio com algumas passagens no mandolin e violino. Mas claro que as músicas mais “calmas”, bem mais voltadas ao Folk, fazem presença no disco, como The Voyage of Bran com suas passagens muito bem compostas e arranjadas e a instrumental Brian Boru’s March, que nos trás reminiscências da Irlanda em belíssimas melodias.


Com as inúmeras texturas musicais que o Cruachan consegue compor usando os mais diversos instrumentos e com uma produção primorosa, o trabalho acaba sendo um excelente disco que irá agradar os mais diversos ouvintes e mostra que a banda sabe muito bem o que faz. Recomendadíssimo!



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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