Os mineiros do Zé Trindade vem tendo destaque no cenário rock 'n 'roll nacional. Vindos de Minas Gerais, a banda teve seu primeiro CD bem aceito pelo público e mídia, fazendo com que eles se apresentassem em vários festivais do Brasil, assim como em várias casas por toda minas Gerais. O Alquimia conversou com eles, falando sobre a história da banda, curiosidades e planos futuros! Embarquem nesse Trem Rock 'n 'Roll!
Alquimia: Vamos partir do princípio: como a banda foi formada?
Zé Trindade: A banda foi formada em 17 de junho de 2004. Nós, os músicos, tocávamos juntos no quarteto Mahary desde 2002. Em 2004 o vocalista Fernando Maia - que em 2008 se tornou o produtor do Zé Trindade - decidiu sair da banda. Com isso o guitarrista Danilo assumiu o vocal. Mantivemos a proposta de compor nossas canções baseadas no rock setentista, porém nos tornamos um Power Trio. Por isso escolhemos um nome que representasse essa tríade mineira! Buscamos, também, incrementar o som com backing vocals e outros instrumentos que vêm aparecendo com o tempo, como gaita, flauta, buzina e viola. Já temos em mente a inserção do teclado, de samplers, de percussões, violões, etc.
Alquimia: Ultimamente estamos vendo um retorno ao rock tradicional brasileiro, com muitas bandas principalmente em São Paulo (como Tomada, Pedra, Carro Bomba); e vocês, tendo o mesmo pensamento, como vêem essa nova onda do rock’n’roll nacional? E como está a cena em Minas Gerais?
Zé Trindade: O rock nunca morreu nem nunca morrerá, como muitos dizem! Concordamos com isso! Vemos que sobreviveu anos nos guetos, subjugados pela mídia, pelos produtos musicais formatados para a massa. E agora nos parece estar ganhando força de novo! Isso é muito bom pra gente e acreditamos que esse movimento de (re)valorização do rock nacional ganhará ainda mais força, tendo em vista a quantidade de bandas de altíssima qualidade que têm se apresentado nos festivais pelo país. Em MG a coisa não acontece muito diferente do restante do país. Temos excelentes bandas que vão desde o rockabilly até o progressivo mais complexo. Porém ainda não temos espaço suficiente para que essas bandas ganhem um cenário satisfatório, para que se apresentem com suas próprias canções. Em todo o estado, sobretudo na capital BH, temos vários bares e pubs abertos às bandas de rock. Porém estes escolhem as bandas pelo trabalho cover que estas fazem. Está claro que este cenário vem, ao longo da última década, impedindo trabalhos autorais de ganharem destaque no estado, pois as bandas precisam (infelizmente) de dinheiro (cachês) para "sobreviver". Com isso, se sujeitam a tocar covers para terem acesso às casas noturnas. Além disso, vemos um público altamente viciado nos covers. Acho que é uma relação de dependência mutua do público e dos bares que precisa ser quebrada. Mas está mudando! As bandas têm buscado se organizarem conjuntamente. Além disso, o festival Camping e Rock – que por muitos anos valorizou bandas especialistas em covers – em 2009 teve uma mudança radical na escolha do cast. Isso leva à promoção de bandas com trabalho autoral. Acreditamos que o cenário está mudando para melhor! E com isso o Zé Trindade ganhará destaque, pois estamos há 5 anos nessa jornada, com dois discos e um dvd na bagagem.
Alquimia: O CD foi lançado de forma independente, como foi o retorno da mídia e público para a banda?
Zé Trindade: O retorno tem sido de maneira lenta e gradativa. Não tivemos uma tiragem de grande volume de cópias. Duplicamos o CD de acordo com a demanda. Porém o trabalho foi muito bem recebido pelo público, em geral. A proporção de elogios ao trabalho é muito superior às críticas. Estas normalmente remetem à qualidade da gravação, que está associada à verba limitada que tivemos para a mesma. O CD tem sido bem elogiado pela crítica também, sobretudo pela originalidade das canções.
Alquimia: Quais as principais influências da banda, tanto no rock nacional quanto no internacional?
Zé Trindade: Mutantes, Led Zeppelin, Grand Funk Railroad, the Who, Black Sabbath e um pouco de Rage Against the Machine também.
Alquimia: As letras do primeiro cd vão desde as mais psicodélicas (como “O Trem”) às bem sentimentais (como “Volta Pra Casa”). De onde vem as inspirações para elas?
Zé Trindade: As letras do 1º CD são como desabafos. São expressões de nossos sentimentos, da maneira como enxergamos o mundo. Porém, às vezes deixamos as coisas muito subentendidas, escrevendo em entrelinhas, o que talvez prejudique um entendimento mais instantâneo do significado.
Alquimia: O Zé Trindade ta preparando vários lançamentos pra esse ano. Começamos com o DVD: como ele será?
Zé Trindade: Estamos buscando parceria com o Magela Medeiros (produtor cultural de BH) para consolidar o lançamento em uma casa de shows renomada aqui. Será uma grande festa, com certeza com muitas surpresas! Não temos todos os detalhes acertados ainda, mas certamente será na primeira quinzena de junho de 2009, em Belo Horizonte. Estamos planejando levar este lançamento para cidades do interior de MG, onde temos um público formado, como Ipatinga, Viçosa, Sete Lagoas e Ouro Preto.
Alquimia: E o álbum novo? Já estão tocando ao vivo composições novas? Qual a reação do público?
Zé Trindade: Sim! A maioria das músicas já estão prontas e estamos apresentando-as nos shows. A reação do público não poderia ser melhor! Quem já gostava da banda está adorando as canções novas, por serem mais maduras, mais trabalhadas e com letras mais interessantes. Quem ainda não conhecia a banda também tem reagido de maneira muito positiva, pois as músicas novas são sim mais trabalhadas. Tiramos um tempo exclusivo para compor. Isso foi muito bom pra nós, para pensar no som que queríamos fazer.
Alquimia: No primeiro CD, o baterista Marco Marquezini tomou conta da arte e do designer. No novo ele tomará as rédeas de novo?
Zé Trindade: Isso ainda não está definido, mas se ele não fizer o trabalho por inteiro, como no 1º CD, certamente ele supervisionará o trabalho, pois tem muito jeito pra coisa e exige um padrão de qualidade!
Alquimia: Esses lançamentos também serão lançados de forma independentes?
Zé Trindade: A princípio sim. Porém tentaremos a concessão de benefícios a partir da lei Rouanet - de incentivo à cultura - e também do empresariado mineiro.
Alquimia: Em Junho a banda faz 5 anos de carreira. Qual foi o pior momento que os três já passaram juntos e as melhores recordações nesses 5 anos de estrada?
Zé Trindade: Não sei exatamente se tivemos o "pior momento", pois buscamos sempre aprender com as situações, vendo o lado positivo da coisa. Posso citar os problemas que tivemos com nossa ex-produtora que vão de mentiras a dívidas exorbitantes. A passagem dela por nossas vidas foi péssima, nos trouxe muito estresse e sentimentos ruins. Porém amadurecemos muito nesse período e fortalecemos nossa amizade. E foi no meio dessa “luta” que gravamos nosso DVD. Ou seja, ela também nos proporcionou coisas positivas.
Quando às melhores recordações é interessante falar do 1º lugar conquistado no festival que selecionava bandas para o Camping & Rock de 2005. Esse foi o primeiro passo importante para nossa carreira! Além disso, certamente estão as viagens para fazer shows! É muito satisfatório atravessar fronteiras para apresentar o seu trabalho. Destaque para o festival Psicodália de carnaval de 2009, realizado em São Martinho/SC. Foi fantástico! Lugar lindo, pessoas interessadas no som novo, excelente estrutura. Foi um ótimo show! Guardamos com orgulho, também, todas as festas de formatura de amigos que já tocamos e, com mais carinho ainda, ter tocado no casamento de amigos e fãs nossos! Foi sem dúvida um momento muito marcante.
Alquimia: O Alquimia Rock Club agradece a entrevista concedida e deixamos esse espaço final para considerações da banda para o público rock’n’roll!
Zé Trindade: Agradecemos ao Alquimia Rock CLub pela oportunidade de contar um pouco da nossa história! Nós atravessamos cada porta que se abre no nosso caminho, seja grande, pequena, clara ou escura. Metemos a cara! Acho que um diferencial nosso é não ter medo de errar. E é isso que tem dado resultado. Temos prazer em subir no palco e muita satisfação de ouvir aplausos para nossas canções. Esta é a verdadeira recompensa de anos de trabalhos árduos. E atualmente, com tanta tecnologia e meios de comunicação gratuitos disponíveis, não tem porque uma banda não se arriscar. Hoje está mais fácil e muito mais barato gravar um disco que tenha um mínimo de qualidade. E muito prático de divulgar este trabalho na internet também. Com isso apostamos em compor e gravar sempre, como as bandas faziam na década de 1970, lançando um disco por ano. Esta é nossa meta!
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.