Entrevistas

Fates Prophecy: retorno aos palcos e disco novo

Por Fabiano Cruz | Em 05/08/2012 - 16:54
Fonte: Alquimia Rock Club

O Fates Prophecy sempre foi uma das mais conceituadas bandas do Heavy Metal nacional. Desde a excelente estréia com Into the Mind ate o lançamento de 24th Century, a banda teve momentos grandiosos, como sendo uma das principais bandas do extinto Festival Brasil Metal Union, e nunca se deixando abater por complicados tempos na história da banda. Após uma incógnita de dois anos, Ricardo Peres (vocal), Paulo Almeida e Fernando Poles (guitarras), Alexandre Ferreira (baixo) e Sandro Muniz (bateria) se preparam para o lançamento do novo trabalho The Cradle of Life, marcando a volta do Fates Prophecy. O Alquimia Rock Club presenciou o inusitado e divertido show de retorno aos palcos, e conversou com o Paulo e o Sandro sobre esse aguardado retorno, o disco novo e histórias da banda.
 


Alquimia Rock Club:
Desde 2010 o Fates Prophecy não se apresentava ao vivo. Como está sendo para a banda essa volta aos palcos?



Sandro Muniz:
Muito boa, na verdade estamos voltando para dar uma aquecida antes do lançamento de “The Cradle Of Life”, estávamos com muita saudade dos palcos e muito ansiosos para lançar o álbum e tocar suas músicas ao vivo.


Alquimia Rock Club: A banda se prepara para o lançamento de The Cradle of Life, novo trabalho depois de sete anos, pois 24th Century é de 2005. Nesse longo tempo, com se prepararam para o novo trabalho? E como foram a fase de composição e gravações?


Sandro Muniz: Nós ficamos um tempo parados, colocando a banda em ordem, houve um tempo necessário para a adaptação do novo vocalista, Ricardo, e realmente fizemos tudo bem devagar.
Paulo Almeida: A medida que compusemos novas musicas, fomos gravando demos e depois ouvindo com bastante critério e mudando o que era necessário para as músicas soarem melhor, então já foi um processo de composição e pré-produção juntas, e com a gravação e mixagem a mesma coisa, ouvimos tudo depois de pronto e acabamos ainda mexendo em alguns arranjos.


Alquimia Rock Club: No show de retorno aos palcos, o Fates Prophecy tocou New Degeneration, Ressurection e Primitive Man - lançada como single ano passado -, músicas novas de The Cradle of Life. A banda sentiu que foram canções bem recebidas pelos fãs?


Paulo Almeida: Sim, achamos que as pessoas gostaram do que ouviram e foi o que alguns presentes comentaram pessoalmente conosco, o que imaginamos que deve causar ainda uma curiosidade maior para ouvi-las no álbum.


Alquimia Rock Club: O Fates Prophecy é conhecido pelo seu Heavy Metal calcado no tradicionalismo. O que podemos esperar de The Cradle of Life? Vai ter a pegada que sempre ouvimos nos trabalhos anteriores da banda? Vamos ouvir algumas novidades sonoras?


Sandro Muniz: O álbum é baseado no tradicional mesmo, porém é bem diferente de tudo que já fizemos. A banda sempre teve uma preocupação em ser atual, desde a parte lírica até sonoridade, então o álbum tem basicamente a identidade da banda, mas ao mesmo tempo está soando bem diferente, mais pesado em alguns momentos e em outros com texturas e climas diferentes dos álbuns anteriores.


Alquimia Rock Club: O novo trabalho traz a produção da própria banda. Foi mais fácil trabalhar com a produção em próprias mãos? Desde o início dos trabalhos já pensavam em produzir The Cradle of Life?


Paulo Almeida: Desde o início a idéia era de produzirmos o álbum justamente porque queríamos fazer algo muito criterioso, não importando o tempo que levasse para compor e gravar, e trabalhando com um produtor seria mais difícil de conciliar agendas e de fazer tudo como queríamos. A questão de produzir no final é bem mais difícil, pois eu e o Fernando acabamos tendo bastante trabalho, além da nossa parte como músicos. Eu sempre me interessei por todos os aspectos da gravação de nossos álbuns anteriores, eu só não tinha um conhecimento tão grande na parte técnica e operacional, então foi um desafio nesta parte, também no sentido de tentar extrair o melhor de cada músico da banda e principalmente em fazer com que o álbum tenha um padrão alto de acordo com a banda, mas acredito que o Fernando e eu fizemos um bom trabalho neste sentido.


Alquimia Rock Club: Falando um pouco da história da banda, 24th Century teve boas repercussões em seu lançamento. Porque a banda ficou um bom tempo sem lançar nada após ele?


Sandro Muniz: Não sei dizer exatamente o porque desta pausa, acabou acontecendo naturalmente, acho que pela troca de vocalista, e tivemos alguns problemas pessoais que acabaram atrasando o lançamento de “The Cradle Of Life”, para se ter uma ideia neste período houve 1 divórcio, 2 casamentos e nascimentos de 2 crianças na banda! (risos) Então acho que foi necessária esta pausa para que cada um de nós desse o seu melhor no novo álbum.


Alquimia Rock Club: Entre Eyes of Truth e 24th Century, o Fates Prophecy teve que lidar com o falecimento de André Boragina, um dos mais respeitáveis e carismáticos músicos que o Heavy Metal nacional teve. Qual foram as conseqüências dessa fase para o Fates Prophecy? Como vocês vêem o amadurecimento e fortalecimento como banda após acontecimentos?


Paulo Almeida: Uma coisa que sempre falo deste assunto é que para nós a maior dificuldade foi ter perdido um grande amigo, para mim era um irmão, foi a nossa amizade que fez lá no passado que resolvêssemos montar a banda juntos, mas nós nos fortalecemos no sentido de que somos músicos e tocamos algo que gostamos muito, não havia sentido largar mão de tudo, isso nunca nem passou por nossas cabeças, então a nossa meta sempre foi fazer algo cada vez melhor e nos superarmos como banda.


Alquimia Rock Club: Desde Eyes of Truth, os trabalhos do Fates Prophecy possuem cunho conceituais. Hoje em dia, com downloads ilegais e páginas como Youtube e MySpace, podem prejudicar trabalhos complexos? Como a banda trabalha com esses meios de comunicação sem perder os conceitos dos discos?


Paulo Almeida: Eu creio que você fazer um bom trabalho, se dedicar principalmente no conceito do álbum já é algo que faz com que as pessoas em geral prestem um pouco mais atenção no seu trabalho, como disse anteriormente temos um cuidado com o que escrevemos, no final a música acaba sendo algo para entreter e divertir as pessoas, mas não acredito que possamos escrever qualquer coisa, não dá para escrever somente de sexo e cerveja, já existem ótimas bandas com este conceito e que fazem isso muito bem!
Sandro Muniz: Acredito que você tendo um foco e um conceito bem feito, o fã de metal gostará de ter nosso álbum em mãos, para ver a capa, ouvir a música lendo as letras, apesar de estarmos nesta fase MP3, Iphone onde tudo acontece muito rápido e a música se torna um pouco descartável, ainda existem muitas pessoas que consomem música da maneira tradicional e sabendo usar o Youtube e Myspace não é tão mal assim.


Alquimia Rock Club: Into the Mind pode ser considerado uma das melhores estréias de uma banda de Heavy Metal nacional. Após mais de 10 anos de lançamento, qual a visão do Fates Prophecy hoje em dia para esse trabalho?


Paulo Almeida: Para mim o álbum tem uma grande importância principalmente por termos estreado bem, modéstia a parte ele acabou trazendo um padrão mais alto para as bandas nacionais da época, nós já começamos com a preocupação de mostrar um trabalho acima da média do que havia.
Sandro Muniz:Em questão de composição e execução das músicas eu não me sinto muito contente ouvindo hoje, mas fizemos a coisa certa na época certa, depois dele tivemos um grande amadurecimento, mas com certeza hoje somos uma banda com uma sonoridade bem distante de Into The Mind.


Alquimia Rock Club: Na volta aos palcos, a banda passou por um momento inusitado e certo ponto engraçado, com problemas pessoais de ultima hora com o vocalista Ricardo Peres, fazendo com que vocês improvisassem na hora com Alexandre, baixista, na voz e contando até mesmo com a participação de um fã no palco. Apesar das preocupações, isso deve ter sido bem divertido pra vocês! Já passaram por momentos inesperados assim outras vezes?


Paulo Almeida: Isso nunca havia nos acontecido e para falar a verdade nunca imaginei passar por esta situação, mas o que nos restou foi resolver o problema da melhor maneira possível! Cancelar o show seria algo muito desagradável, pois nossos fãs e nós mesmos estávamos muito ansiosos para estar em um palco novamente, para evitar esta frustração achamos que seria melhor um de nós assumir os vocais, porém nós não estamos acostumados com isso nem mesmo em ensaios, nem de brincadeira, então o Alexandre foi corajoso o suficiente e chamou a responsabilidade. Claro que não ficou bom, porém nós realmente resolvemos nos divertir com a situação e fizemos com que a apresentação fosse o máximo possível descontraída, inclusive com a participação de um dos nossos fãs e amigo mais antigos, Celso cantando Wings Of Fire e Hollow Man e o Paul, vocalista do Outlove cantando Wratchild do Iron Maiden, no final deu tudo certo... (risos)


Alquimia Rock Club: O Alquimia Rock Club agradece o Fates Prophecy, deixando o espaço final para a banda falar sobre seus planos com o lançamento de The Cradle of Life. E sejam bem vindos de volta à estrada!


Sandro Muniz: Nós que agrademos o seu apoio e o apoio do Alquimia Rock Club e estamos muito felizes por estarmos de volta, ainda estamos negociando o lançamento de The Cradle Of Life, o que pode ainda fazer com que o álbum demore mais uns dois meses para ser lançado, mas estamos muito felizes com ele e a demora com certeza valerá a pena! E principalmente agradecer os nossos fãs , pois é por causa deles que estamos aqui cada vez mais querendo lançar bons álbuns e fazer muitos shows!!
SEE YOU ON THE ROAD...!!!


Fates Prophecy - 21.07.2012 - Black Jack Rock, SP


Após alguns anos sem tocar ao vivo, o Fates Prophecy anunciou seu retorno aos palcos. O show aconteceu no Black Jack Rock, tradicional casa de show de SP que recentemente também voltou à ativa. A casa foi uma das mais movimentadas nos anos 90, na época na zona sul da capital (para que passou dos trinta, se lembra dos lendários shows de Dio e Glenn Hughes na casa, fora os nomes do Rock/ Heavy Metal paulistano que muitos deram seus primeiros passos dentro da casa...); hoje reabriu num tímido e gostoso salão na zona norte da cidade. O Black Jack continua com um atendimento perfeito e bem atencioso para fãs, bandas e imprensa.


A noite teve como abertura a banda Outlove, convidada do Fates Prophecy. Seu som calcado no Rock/ Heavy mais atual, dos nãos 90 pra cá, fez seu papel, agradando bastante os presentes intercalando composições próprias com covers. Um intervalo de tempo um pouco considerável, após a montagem de equipamento do Fates Prophecy, Sandro toma o microfone e avisa que esse retorno da banda será um tanto quanto inusitado, pois o vocalista Ricardo Peres passou mal poucas horas antes do compromisso, impossibilitando sua apresentação, e numa tacada extremamente profissional, a banda honra o compromisso e começa a se apresentar com o Alexandre fazendo os vocais!


Claro que numa situação dessa a banda não pode mostrar todo seu potencial ao vivo, mas no meio de nervosismo, os integrantes se divertiram muito e com maestria deixaram uma situação um tanto quanto incômoda para eles e fãs (que deixaram o Black Jack bem cheio) de uma maneira bem descontraída. O Fates Prophecy começa com a clássica Pay For Your Sins e Welcome to the Dark Future, mostrando que a pegada forte continua mesmo algum tempo sem se apresentarem ao vivo e um trabalho de guitarras de Paulo e Fernando perfeito, onde a interação entre os guitarristas se mostrou bem afinada. Novas composições foram mostradas: New Degeneration, Ressurection e Primitive Man, agradando os presentes e mostrado que o novo trabalho The Cradle of Life vai chegar com bastante força; e no meio delas, como descanso para o Alexandre, a banda contou com convidados na voz. Paulo, vocalista do Outlove, mandou muito bem no cover de Wratchild (Iron Maiden), enquanto o fã de longa data do Fates Prophecy, Celso, foi o convidado inusitado para cantar junto com a banda as canções Wings of Fire e Hollow Man, o que mandou muito bem, mesmo arrancando risos dos fãs. A banda termina com Beyond Good And Evil, uma de suas melhores composições.
 

O Fates Prophecy mostrou profissionalismo e garra nesse retorno. O som da banda continua forte, mesmo sem o vocalista, peça fundamental para uma banda. Agora é esperar mais shows sem desfalques na formação e o lançamento de The Cradle of Life, que com o devido trabalho, o "topo" do Heavy Metal nacional vai voltar naturalmente para o Fates Prophecy.


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 



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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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