Entrevistas

Balls

Por Fabiano Cruz | Em 26/08/2012 - 18:20
Fonte: Alquimia Rock Club

A cidade de São Paulo ultimamente vem nos brindando com excelentes bandas de Rock’ n’ Roll, que resgatam os tempos áureos do bom e velho Rock nacional cantado em nossa língua natal. O Balls nasceu para aumentar esse rol de bandas; Danilo Martire (Vocal), Pi Malandrino (Guitarra e vocais), Fernando Gargantini (Guitarra e vocais), Lauro Santhiago (Bateria) e Paulo Pascale (Baixo), músicos com anos de experiências e estrada na cena paulistana, se juntaram para fazer o Rock em seu estado mais puro: cheio de malícias nas letras e uma pegada firme e irreverente; mesmo recém formada, o trabalho totalmente profissional da banda já vem chamando a atenção pelo seu excelente disco de estréia e pelos shows energéticos. O Balls conversou com o Alquimia Rock Club, falando um pouco mais sobre a banda e o disco de estréia


Alquimia Rock Club: A Balls foi formada por experientes músicos na cena Rock’ n’ Roll nacional. Como foi o contato entre vocês e a formação da banda?


Balls: A Balls é praticamente a junção de duas bandas. Além disso, quase todos nós, já nos conhecíamos. Aí foi só se juntar, marcar um ensaio e botar a banda pra rolar.


Alquimia Rock Club: O som da banda é puro Rock’ n’ Roll, com canções bem contagiantes. Como foi o processo de criação desse primeiro trabalho de vocês – inclusive a produção que a própria banda assina – e as influências que trouxeram ao som do Balls?


Balls: Parte das músicas foram trazidas das nossas últimas bandas, mas vale ressaltar que todas foram rearranjadas pela Balls, ficando mais pesadas e cruas, ficando mais Rock and Roll. Uma outra parte foi feita no decorrer do primeiro ano de banda. Gravamos o CD em duas etapas, em junho e dezembro de 2011, no estúdio de um amigo nosso em São Paulo. Foi mais ou menos no mesmo esquema do Exile On Main Street (Rolling Stones), Machine Head (Deep Purple) e Music For Big Pink (The Band), um estúdio montado numa casa, fios pra todos os lados, músicos gravando sentados no chão, nos quartos, na sala técnica, no meio do corredor. Foi praticamente gravado ao vivo, só colocamos as vozes e solos de guitarra depois. Foi divertidíssimo e obtivemos um resultado maravilhoso. A mixagem foi feito pelo Pi Malandrino, um dos guitarristas, em seu home estúdio. As influências são basicamente Southern Rock americano, Blues Rock britânico, Glam e Glitter Rock e sempre, Beatles e Stones.


Alquimia Rock Club: Algumas bandas pouco tempo atrás, como o Tomada e o Baranga, entre outras, resgataram a “essência” do Rock nacional, que podemos dizer que se perdeu bastante durante os anos 90. Vocês, de certa forma, foram impulsionados por esse resgate ao ditar os rumos musicais e a criação do Balls?


Balls: Não achamos que fomos impulsionados por esse resgate, na verdade sempre fomos assim, sempre tocamos Rock and Roll de verdade, sem frescuras, direto e reto, inclusive nos anos 90. Felizmente agora, estão dando espaço novamente para bandas que tocam dessa maneira, que tocam esse tipo de som. O importante é estarmos unidos com as outras bandas, é nos ajudarmos e abrirmos espaços uns para os outros, e isso tem acontecido.


Alquimia Rock Club:
As músicas são bem calcadas nas raízes do Rock/ Hard Rock, porém com timbres e sonoridades bem atuais. Como se dá esse balanço em suas músicas? E como o Balls vê o Rock nacional de outrora com o que é mostrado hoje?


Balls: As músicas realmente são calcadas nas raízes do Rock, é o que gostamos de ouvir, é o que sabemos fazer. Em relação a sonoridade parecer mais atual, acredito que se deva aos processos de gravação utilizados hoje em dia, na verdade a mais de uma década. Os equipamentos são quase todos digitais, ninguém mais utiliza gravador de rolo, é tudo captado por interfaces, placas de som e softwares. Mas isso não é ruim, de certa forma facilitou muito a vida, basta saber usar os recursos sem deixar o som falso, com falhas digitais e timbres horrorosos. Pra você ter uma ideia, as guitarras usadas foram Les Paul e SG, foram gravadas com amplificadores valvulados e só usamos overdrive para saturar o som, nada além disso, totalmente vintage! Existem bandas muito boas hoje, até mais legais e com mais conteúdo do que as das décadas passadas, mas também existe muita coisa ruim e pré fabricada, inclusive entre os independentes e alternativos. Infelizmente o que está na mídia de massa, são bandas descartáveis e que nada tem a mostrar e dizer.


Alquimia Rock Club: As letras chamam a atenção pela malícia e diversão que elas propõem. É difícil ter essa malícia sem soar machista ou pornográfico, agradando a todos que ouvem as canções? Inclusive, a malícia do Balls, muitos já falaram das letras, mas instrumentalmente vocês tem algumas sacadas geniais nas escolhas de ritmos e notas!


Balls: Com certeza. Nas letras mais maliciosas, às vezes precisamos rever uma palavra ou um verso pra que a coisa não se torne chula, chauvinista, machista ou infantil demais. Por enquanto tem dado certo, inclusive as mulheres adoram! Mas vale registrar que não é nada programado, que não existe uma fórmula e que não estamos presos a uma temática apenas. Obrigado pela atenção e elogio sobre a parte instrumental, isso nos enche de orgulho e nos dá mais gás pra continuar nessa pegada!


Alquimia Rock Club:
Em um pouco mais de um ano de atividades, vocês já foram chamados para um grande festival, o Lollapalooza. Como foi a participação de vocês no festival e como isso repercutiu para vocês?


Balls: Foi sensacional. A produção impecável, tratamento de primeira, tudo organizado nos mínimos detalhes. Sentimos-nos muito bem amparados e acessorados por toda equipe do festival. Abrimos o palco alternativo, fizemos um show orgânico e direto e recebemos feedbacks positivos da mídia e do público. Pena que tocamos às 13:00 hs e ainda não havia muito gente, mas foi super válido. O festival nos colocou no cenário e algumas portas estão abrindo, muito lentamente por enquanto, mas estão. O negócio é não desistir, não deixar a peteca cair e seguir em frente com entusiasmo.


Alquimia Rock Club: Recentemente a banda estreou no canal Multishow o clipe da música Até Agora. Como foi a produção do clipe e porque da escolha desse som?


Balls:
A estréia do clipe, é um caso típico da repercussão do festival. Logo após o show, conversamos com a equipe do Multishow e combinamos de enviar um clipe a eles. A produção foi relativamente simples, captamos o show do Lollapalooza com duas câmeras full HD e posteriormente editamos o vídeo com imagens do show. Achamos que Até Agora combinava mais com as imagens, com o visual do palco, com a energia do evento e optamos por ela. Não houve pré produção do clipe, captamos e depois decidimos o que iríamos fazer.


Alquimia Rock Club: O primeiro trabalho está disponível para venda em sites como iTunes Store e iMúsica, bem como audição em boa qualidade no site oficial. Em tempos de downloads ilegais e afins, o Balls soube trabalhar na divulgação e venda de seu primeiro registro; então, quais as qualidades e deficiências que a banda vê nas ferramentas digitais disponíveis?


Balls: Particularmente, preferimos o velho e bom disco, de vinil ou até mesmo um CD, com capa, encarte e informações, inclusive temos o CD disponível para venda através do site e também nos shows. Mas não tem como fugir da venda digital, é assim que a maioria das pessoas “consome” música legalmente hoje. A facilidade de comprar de qualquer lugar e fazer o download da música é a grande qualidade desse formato, a praticidade que ele proporciona. Porém a qualidade de audição do mp3 é bem inferior a de um disco e os sites de venda apenas fornecem a plataforma, muito pouco ou quase nada fazem para ajudar na divulgação do disco e da banda.


Alquimia Rock Club: O Alquimia Rock Club agradece as palavras do Balls e deixa o espaço para a banda!


Balls: Nós é que agradecemos o espaço e a oportunidade! E fiquem a vontade para acessar nosso site, www.balls.com.br, Youtube e Facebook. No site tem os links para todos as mídias sociais e canais de comunicação, é entrar,clicar e se divertir. A noite inteira é rock!


Balls – 2012 – Balls


A estrada realmente faz diferença para uma banda. Mesmo com pouco tempo de vida, mas com músicos com anos de Rock’ n’ Roll, o Balls faz uma belíssima estréia, em um disco cheio de malícia, irreverência e pegada firme como todo bom disco de Rock deveria ser. Com uma sonoridade que cai no Rock/ Hard Rock setentista e às bandas nacionais que fizeram história, o Balls nos brinda com canções divertidas e muito bem compostas; o profissionalismo é tamanho que com o disco de estréia já chamaram a atenção de mídia especializada e da produção do Lollapalloza.


Destacar algum som é algo difícil, pois as composições são bem equilibradas: a “festa” começa com A Noite Inteira é Rock, com uma pegada que é impossível deixar o corpo parado conforme rola a música, algo que ao ouvir composições como Brincando Com Fogo, Eu Era Como Um Rei e Seguindo Em Frente nos proporciona a mesma sensação. A banda ousa com resultados excelentes algum certo “balanço”, como em Até Agora e Tocando A Gente e Entende, deixando as músicas com uma mistura de Hard Rock e Southern Rock.


A produção também chama a atenção. Com uma sonoridade crua e limpa, o trabalho teve cada instrumento trabalhado com cuidado na mixagem, o que faz que soem perfeitos e homogêneos. Uma bela estréia do Balls, um disco para se ouvir tanto com calma prestando atenção em todos os detalhes dos arranjos como em uma festa regada a mulheres, cerveja e Rock’ n’ Roll!


(As fotos que ilustram a matéria foram retiradas do Facebook oficial da banda)


(As fotos que ilustram a matéria foram retiradas do Facebook oficial da banda e tiradas por Tony Sampaio)



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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