Sunrunner: Entrevista exclusiva ao Alquimia Rock Club
Sunrunner ao vivo em Votorantim - Foto: Susi dos Santos
Em sua primeira turnê pelo Brasil que foi realizada no mês de agosto, a banda norte-americana Sunrunner nos concedeu uma entrevista exclusiva através do guitarrista Joe Martignetti, que falou entre outras coisas, sobre a passagem da banda pelo Brasil e seu mais recente álbum Heliodromus lançado em 2015.
Tradução: Rafael Soares
Alquimia Rock Club: Primeiramente gostaríamos de agradecer por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club. Vamos começar falando um pouco sobre o Sunrunner para quem ainda não conhece a banda. Como e quando vocês começaram e quais são as influencias e propostas da banda?
Joe Martignetti: Nós começamos a “jamming” (fazer um som) em 2006. Mas só em 2009 que nós tivemos uma formação completa, o nome da banda e começamos a trabalhar nas demos.
Pra mim, a inspiração veio imediatamente quando eu nasci/fui concebido haha! Meu pai era um baterista de Hard, tipo Metal e Rock Progressivo. Algumas fotos de mim antes de eu nascer, dele segurando headphones na barriga da minha mãe comigo lá dentro. Ele colocava Rush, Sabbath, Zeppelin e os favoritos dele e ele colocaria o mesmo headphones em mim e no meu irmão quando nós éramos bebes. Ele implantou Rock ‘n’ Roll em nós, desde de então eu posso me lembrar, eu sempre quis tocar Rock.
Alquimia Rock Club: A banda lançou em 2015 o álbum “Heliodromus”, falem um pouco sobre esse trabalho, como foram desenvolvidas as ideias que resultaram nesse trabalho e como tem sido a repercussão?
Joe Martignetti: A maioria das ideias simplesmente vem naturalmente, uma mistura de escritas individuais e de pedaços de batidas (jamming). Entretanto desta vez, nós estávamos num resumo de 5 de 6 partes, então tinha varias ideias fluindo. Tudo culminou numa obra de 20 minutos no final. Ideias de 6 pessoas estavam dentro daquela musica!
A repercussão tem sido formidável, especialmente em partes do Brasil e Europa! Nós estamos muito felizes que as pessoas estão gostando. Varias criticas e entrevistas e mensagens e tudo mais. Nós esperamos que continue assim!
Alquimia Rock Club: Vocês usam vários instrumentos adicionais nas gravações como flautas, violino, guitarra braguesa e percussão, que acrescentam um charme todo especial ao trabalho da banda. Como surgiu a ideia de adicionar esses elementos ao som da banda?
Joe Martignetti: Bom, nós gostamos de vários tipos de musicas, especialmente musicas de todas as partes do mundo. Pra mim, algumas vezes eu escuto jazz e eu digo pra mim mesmo "eu quero tocar isso", também musica tradicional de qualquer lugar e falo "eu quero tocar isto também”, então eu escuto Soul Music, musicas Country antigas e Rock dos anos 60, claro e eu penso a mesma coisa, sempre tem sido assim pra mim, mas Heavy Metal é meu tudo. Então eu tento descobrir outras formas de criar com outras musicas. Eu amo Rock Progressivo por essa razão.
Mas eles sempre usam teclados, que eu acho legal, não me leve a mal. Mas e se ao invés de usarmos teclados, usarmos um instrumento que da o sentimento do local de origem da musica. Se for algo peruano/boliviano, algo meio de folclórico, usamos flauta de pan, se tiver um elemento de musica cigana, nós jogamos um som do bouzouki ou de um violino. Mais ao mesmo tempo nós não queremos sobrecarregar, como nós fizemos no primeiro álbum "Eyes of the Master", que é muito progressivo. Desde então nós estamos aprendendo como balancear as coisas.
Joe Martignetti ao vivo em Votorantim - Foto: Susi dos Santos
Alquimia Rock Club: “Heliodromus” é o terceiro álbum de estúdio do Sunrunner. Com relação ao seu antecessor, (Time In Stone, 2013), quais foram as principais mudanças e evoluções na opinião da banda entre um lançamento e o outro?
Joe Martignetti: Duas coisas principais: 1: produção. Nós finalmente resolvemos como nós queríamos que o som ficasse. A única coisa sobre 'Time in Stone' é que foi principalmente feito de forma analógica, que no final do dia passou pelas mãos de inúmeras pessoas e então o sentimento quente do analógico desapareceu. Algo tinha acontecido no processo, ainda me soa bem, mas ainda tinha algo faltando. Desta vez nós prestamos bastante atenção no que nós estávamos fazendo para que tivesse o sentimento analógico.
2: mudanças pessoais. A banda oficialmente começou comigo, Ted, Dave e Frank. Depois de 'Time in Stone' Frank não estava mais interessado de tocar ao vivo. Entretanto ele ainda estava interessado em escrever e fazer trabalhos de arte para a nós. Também, um pouco antes de nós irmos para o estúdio para 'Time In Stone', Doug juntou-se a banda e nós fazíamos duelos de guitarras. Então nós fomos de 4 pessoas para 5, então Frank ficou no banco de trás e nós colocamos Erik no lugar dele. Mas Frank ainda escrevia, então nós éramos 5 e meio na banda para colocar no 'Heliodromus' juntos.
Quando foi lançado, ambos Doug e Erik saíram, então nós estávamos de volta com os membros originais. Mas Frank ainda não quer tocar ao vivo... Então agora são apenas nós 3!!! Parece mais complicado do que realmente é.
Alquimia Rock Club: Ainda sobre o “Heliodromus”, a faixa titulo do álbum chama muita atenção e se destaca não apenas pela qualidade mas também pelo fato de ter mais de 21 minutos de duração. Gostaria que vocês comentassem sobre essa musica. Ela está sendo tocada ao vivo?
Joe Martignetti: Até então é a única musica que nós nunca tocamos ao vivo. Ela é muito complicada, se Doug e Erik tivessem ficado na banda, Nós provavelmente tocaríamos ela. Se a gente recrutar outro membro em algum momento nós tentaremos toca-la. Mas com apenas 3 membros esta musica em particular iria ficar um pouco (fina). Nós até podemos toca-la, na verdade eu quero tentar tocar uma versão despojado dela. Eu não tenho certeza de como ela irá soar, não que seja fisicamente impossível. Eu acho que nós a fizemos com apenas 2 ou 3 takes, ela é praticamente ao vivo no CD, assim como todas as nossas musicas, apenas a vocal e os instrumentos extras são adicionados, vamos ver.
Alquimia Rock Club: Vocês estão fazendo sua primeira turnê pelo Brasil, quais as expectativas?
Joe Martignetti: De fato é a nossa primeira vez no Brasil, e eu tive uma impressão que as pessoas iam ser incríveis e de fato elas eram. Diferente disto nós não sabíamos o que esperar. Mais valeu a pena, nós definitivamente voltaremos inúmeras vezes acredito.
Alquimia Rock Club: Vocês conhecem algo sobre musica brasileira, quais bandas do Brasil vocês conhecem e curtem?
Joe Martignetti: Bom eu gosto bastante de musicas como bossa nova e samba, são bem agradáveis, ainda que esses tipos de musicas não sejam tão simples de serem tocados como parecem. Tudo que tenha uma relação com o jazz é impressionante pra mim.
Das bandas eu escutei Angra e Viper. Eu realmente gostei de ‘Theater of Fate’ do Viper, eu escutava ele no colégio! Eu amo a musica ‘Prelude to Oblivion’ e ‘A Cry From the Edge’. E claro, nós estamos conscientes do Sepultura! Eu sou um fã dos trabalhos mais antigos deles, Dave também. Agora nós estamos mais familiarizados com mais bandas brasileiras. Maestrick, Agressors, Siod, Broken Jazz Society, Primator, Uganga, Pop Javali, Seu Juvenal.
David Joy ao vivo em Votorantim - Foto: Susi dos Santos
Alquimia Rock Club: Sempre que entrevistamos as bandas aqui do Brasil perguntamos de que forma enxergam o momento atual do Rock/Metal no nosso país. Como vocês veem a cena Rock/Metal norte-americana atualmente?
Joe Martignetti: Bom, por algum motivo eu vejo que varias pessoas estão se interessando por Doom Metal agora, eu não sei por que, mais muitos jovens que não conhecem muito sobre o Metal, mas escutam todo esse material Stoner Doom, acho até legal. Eu sou um grande fã do Candlemass e de qualquer coisa que Leif Edling esteja envolvido. Tirando isso, o Metal ainda está aqui nos Estados Unidos, mas está meio separado. As pessoas tendem a gostar de subgêneros específicos de Rock aqui. É por isso que é tão mais agradável encontrar pessoas aqui no Brasil, por exemplo... Mais pessoas parecem estar mais interessadas por todos os tipos de Metal e Rock. Aqui nos Estados Unidos, não são muitos que se interessam pelo lado melódico do Metal. Eu não entendo o porque.
Não existem muitas bandas de metal melódico por aqui também. Bom eu só sei aquilo que está a minha volta, alguém de outra área do país pode te dar uma resposta diferente, é um pais grande, mas enfim. Eu diria que Metal no geral não é tão popular no nosso país como é em outros lugares. Eu não posso falar do Canada ou do México, mas essa é a minha observação dos Estados Unidos.
Alquimia Rock Club: Quais as dificuldades que uma banda como o Sunrunner enfrenta no cenário Heavy Metal americano?
Joe Martignetti: Bom como eu disse, o Metal não é tão popular como é aqui na América do Sul e na Europa. As pessoas tendem a ser um pouco mais especificas e não simplesmente apenas abraçam o Rock e Metal. Nós tendemos gostar de varias coisas além só do Metal, então nós estamos em todos os lugares. Então quando nós fazemos um show com outras bandas de Metal, nós soamos como uma banda de Rock e quando nós tocamos com bandas de Prog Rock, nós soamos como uma banda de Metal. A gente meio que não nos encaixamos, o que se torna chato, por que já é bem difícil chegar a algum lugar com musica nesse pais. Então nós temos obstáculos para conquistar ambas pontas desta grande variedade. Mas é uma honra lutar para tocar o que você ama, então nós iremos continuar a tocar o que nós amamos apesar de tudo. Mais a situação não é fácil se você está tentando viver da sua arte aqui, principalmente se for como o nosso tipo de musica, muito pesado para o Rock ‘n' Roll, não pesado o suficiente para o Metal.
Alquimia Rock Club: Quais os planos para o futuro próximo da banda? Vocês já trabalham em novas composições para um lançamento futuro?
Joe Martignetti: Sim nós temos varias ideias para a nossa próxima gravação. Nós estamos trabalhando em algumas demos, e nós devemos começar a gravar num estúdio pro final do ano. Nós planejamos fazer turnês e gravações o máximo possível.
Alquimia Rock Club: Mais uma vez, agradecemos por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club, o espaço é todo de vocês para darem um recado final ao público do Brasil.
Joe Martignetti: Obrigado! Nós estamos emocionados com essa turnê pelo Brasil. Vocês nos fizeram sentir muito bem vindos e nós também sentimos que vocês apreciaram a nossa musica mais do que as pessoas de lá. (Estados Unidos). Foi um estouro e nós absolutamente iremos retornar um dia, muito obrigado!
Ted MacInnes ao vivo em Votorantim - Foto: Susi dos Santos
Confira também a resenha do álbum “Heliodromus” pelo Alquimia Rock Club: http://www.alquimiarockclub.com.br/resenhas/4762/
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