Entrevistas

Gods & Punks: “O brasileiro que curte Rock precisa começar a mudar os hábitos de consumo de música”

Por André BG | Em 04/03/2020 - 23:36
Fonte: Alquimia Rock Club

Foto:  Rodrigo Freitas

 

Sendo um dos nomes mais produtivos do cenário Stoner Progressivo nacional, a banda carioca Gods & Punks lançou nada menos que três álbuns e três EP’s em um espaço de menos de 4 anos, o que fez com que o quinteto hoje formado por Alê Canhetti (vocal), Pedro Canhetti (guitarra), Rafael Daltro (guitarra), Danilo Oliveira (baixo) e Arthur Rodrigues (bateria) ganhasse cada vez mais destaque com seu trabalho. E para falar dessa trajetória, bem como seu mais recente álbum "And the Celestial Ascension" lançado no ano passado e os planos para o futuro, o vocalista Alê Canhetti concedeu uma entrevista exclusiva para o Alquimia Rock Club que você confere a seguir: 


Alquimia Rock Club: Primeiramente, gostaríamos de agradecer por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club. Vamos começar falando um pouco sobre o Gods & Punks, para quem ainda não conhece a banda. Como e quando vocês começaram e quais são as influências e propostas da banda?

Alê Canhetti: A banda começou com uma ideia entre eu e meu irmão, o Pedro, nosso guitarrista solo. A gente estava pra montar uma banda há muito tempo e, quando montamos, chamamos uns amigos e começamos a tocar. Depois de 2 anos com um baita entra e sai de membros, a gente finalmente achou um lineup estável em 2015. Aí gravamos o The Sounds of the Earth (EP). O nome vem de uma música do Monster Magnet, que é nossa banda de Stoner favorita. Mas acho que, ao invés de puxar influência diretamente do Stoner e psicodélico em si, a gente foi direto pra fonte, tirando muito do Rush e do Black Sabbath, que dá um som meio Stoner Progressivo.

Alquimia Rock Club: Vocês lançaram em novembro do ano passado o álbum "And the Celestial Ascension", o terceiro da carreira da banda. Gostaria que comentassem um pouco sobre esse mais recente álbum, como foi o processo de composição, desenvolvimento das ideias que resultaram nesse álbum e como foi a recepção por parte do público?

Alê Canhetti: A gente sempre compôs no nosso sótão. Fizemos assim com o Into the Dunes of Doom e o Enter the Ceremony of Damnation. Só que quando a gente voltou da tour do Damnation, a gente percebeu que não poderíamos mais usar o sótão, e não tinha aonde ensaiar mais. Depois de um tempo procurando uma solução, o Arthur, nosso ex-batera, deu a ideia da gente ensaiar numa cabana que ele tinha nos fundos do terreno da casa dele. A gente levou tudo pra lá e montou um quarto de ensaio. Ficamos alguns meses tocando junto toda semana, e o álbum saiu bem naturalmente. A recepção foi excelente. Muita gente disse que é o nosso melhor até agora. Chegou a ficar no top 10 do Doomcharts em Novembro, foi eleito por alguns grandes nomes da cena internacional como um dos melhores do ano, e ficou meses entre os mais vendidos do Bandcamp nos gêneros Prog, Hard Rock e Psicodélico. Foi bem melhor do que poderíamos esperar.

Alquimia Rock Club: O álbum foi gravado em um estúdio (Cabana) mais afastado das grandes metrópoles, no meio da floresta certo? Como foi gravar nesse ambiente e como isso influenciou no resultado final do trabalho?

Alê Canhetti: Na verdade, foi todo composto na Cabana. E depois fomos gravar no Estúdio Mata, em Niterói. Onde gravamos nossos outros dois discos. Mas a Cabana com certeza deu uma vibe especial ao disco. A gente ficou lá muito tempo, não tínhamos horário para entrar ou sair, e as músicas meio que ficaram assim: mais psicodélicas, longas e improvisadas.

Alquimia Rock Club: Ainda sobre "And the Celestial Ascension", quais as principais diferenças e mudanças na opinião de vocês com relação ao álbum anterior "Enter the Ceremony of Damnation" de 2018?

Alê Canhetti: No Damnation, a gente estava em outra vibe. As músicas saíram bem mais agressivas, diretas, com letras super niilistas. A gente estava tentando ser mais direto ao ponto e as músicas tinham mais elementos de metal. No Ascension, a gente estava com uma vibe muito mais tranquila, sem pressa e deixando as músicas fluírem pelo tempo que precisassem. Por isso, o disco saiu mais experimental e menos pesado.
 

 


Alquimia Rock Club: Antes de lançar "And the Celestial Ascension", vocês lançaram dois EP's, Ceremony of Damnation Pt. 1 e Ceremony of Damnation Pt. 2, ambos em 2018. Gostaria que comentassem um pouco sobre esses dois lançamentos e por qual motivo vocês optaram por esse formato nesse período ao invés de um novo álbum completo?

Alê Canhetti: Nossa ideia foi lançar dois EPs com músicas do Enter the Ceremony of Damnation antes de lançar o disco. Cada EP tem 2 faixas, das 8 do disco, mais 1 exclusiva. O álbum em si reúne 4 desses 2 EPs e 4 novas. Foi bem legal fazer nesse formato, mas deu muito mais trabalho do que esperávamos. Mal conseguimos fazer shows durante 2018.

Alquimia Rock Club: Muita coisa mudou e continua mudando na cena Rock e Metal no Brasil, como vocês veem a cena atualmente, quais as expectativas e onde o Gods & Punks se encaixa nesse contexto?

Alê Canhetti: Acho que tem muita banda boa no Brasil, mas são bandas que você precisa procurar para achar. Você não vai ser impactado por música boa brasileira ligando na rádio ou lendo em grandes portais de notícia. Acho que o brasileiro que curte Rock precisa começar a mudar os hábitos de consumo de música para encontrar coisa boa. Não dá pra assumir a postura de "tiozão do rock" e pensar que nada é bom porque não viu nada que curtiu no Rock in Rio.
 

Foto: Vitor Mancedo


Alquimia Rock Club: Quais os planos para o futuro próximo do Gods & Punks? Vocês já trabalham em material novo? O que o público pode esperar daqui pra frente?

Alê Canhetti: A gente vai lançar um disco novo, ou no final desse ano, ou no início do ano que vem. As músicas já estão prontas. Só falta gravar. Depois desse lançamento, vamos descansar por um tempo. Depois de 4 álbuns consecutivos em 4 anos, a gente merece haha.

Alquimia Rock Club: Mais uma vez, agradecemos por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club, o espaço é todo de vocês para darem um recado final ao público.

Alê Canhetti: Pessoal, quem quiser descobrir novas bandas e apoiar a cena, eu sugiro usar o Bandcamp. Lá é praticamente um universo de bandas que você pode nunca ter ouvido falar, com músicas excelentes. Além disso, o repasse da plataforma para a banda é justo, bem diferente do Spotify, Apple Music e outros serviços de streaming. Para terem noção, todos os streams que temos no Spotify não nos deram a grana que um EP nosso no Bandcamp. E é praticamente com a grana do Bandcamp que a gente tá se preparando para gravar. Recomendo a todos!


Links:
https://www.facebook.com/godsandpunks/
https://www.instagram.com/godsandpunksband/
https://godsandpunks.bandcamp.com/
https://open.spotify.com/artist/26lhkvPw34NpfJNWGpertD
https://music.apple.com/br/artist/gods-punks/924262310?l=en

 

Foto:  Rodrigo Freitas



André BG



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