Entrevistas

The Secret Society: araucárias, Goethe, formações areníticas, pinhão, mosaicos... E até música!!!

Por Vagner Mastropaulo | Em 23/11/2020 - 23:36
Fonte: Alquimia Rock Club

Fotos: Daniele Durães

 

É humanamente impossível que um resenhista consiga “se especializar”, por assim dizer, em todos os artistas antes de todos os eventos que cobre, ainda mais numa cidade como São Paulo. Graças a Dio, pois, desta forma surgem surpresas e assim foi na passagem de Dee Snider pelo Tom Brasil em março/19, com abertura da The Secret Society – sim, no feminino, como o vocalista e baixista Guto Diaz se refere ao seu conjunto. Com Rites Of Fire, début dos curitibanos, no catálogo desde 18/10 do ano passado, chegou a hora de voltar a conversar com Guto sobre o atual momento do trio completado por Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria), além de fazer um apanhado geral de tudo que aconteceu desde o papo com ele por conta do show com o ex-Twisted Sister.

 

Ah, uma ressalva se faz necessária: as perguntas foram enviadas e respondidas por e-mail e, por vezes, o músico antecipa assuntos abordados adiante. Optamos por deixar tudo como direcionado e recebido por ele para manter a fluidez do sequenciamento, até porque, pelo nível das respostas, seria um pecado tentar editá-las: o cara entende de música, história, literatura e até geologia! Ao longo do papo, ainda deu uma aula sobre araucárias e a origem do nome da cidade de Curitiba, ensinou como cozinhar pinhão e discorreu sobre como apreciar música como antigamente via LPs! Curioso? “Olhos à obra”! Porque a entrevista abaixo é daquelas que dá gosto de fazer! Tomara que de ler também...

 

Vagner Mastropaulo: Guto, antes de tudo, muito obrigado por aceitar conversar conosco e despender um dos recursos mais raros das sociedades atuais, secretas ou não, com o perdão do trocadilho: o tempo. Falando nele, viajemos um pouco! Vocês três não são exatamente novatos, sobretudo na cena curitibana, com background musical vindo do final dos anos 80: você fez thrash no Epidemic (curiosa a ressignificação contemporânea) entre 86 e 89; Fabiano misturava funk (do bom!) com punk no Abaixo de Deus; e Orlando tinha o projeto hard rock Sweet Little Sister; sem contar que todos integraram a primal... [nota: no feminino, minúsculo e com reticências]. Quando vocês resolveram “zerar” tudo e recomeçar com outro nome e abordagem? E por quê?

 

Guto Diaz: A primal... fez sua última apresentação em 2011. Nessa época, a banda estava bastante desanimada com a cena, fazendo poucos shows e praticamente nem ensaiando. Entre o fim da primal... e a formação da The Secret Society foram mais de cinco anos. Nesse meio tempo, todos estavam se dedicando a outros projetos musicais, trabalho e família. O contato que levou à criação da The Secret Society veio através do Orlando em maio/16. Ele ligou para mim e para o Fabiano sugerindo que voltássemos com a primal..., mas essa não era nossa vontade, já considerávamos a primal... página virada. Queríamos fazer algo novo, juntando toda a nossa bagagem e influências num caldeirão. Tivemos algumas conversas e, no fim de 2016, fizemos o primeiro ensaio do que viria a ser o novo projeto, ainda sem nome naquele momento. Passamos o ano de 2017 praticamente inteiro nos reunindo somente com o objetivo de escrever repertório e preparar material antes de pensar em apresentações ao vivo. Nos nossos primeiros ensaios, escrevemos, entre outras músicas, “Fields Of Glass”, “The Architecture Of Melancholy” e “Deciduous (Les Feuilles Mortes)”, que acabaram sendo os três primeiros singles de trabalho.

 

VM: Nosso primeiro contato se deu quando resenhei o show de vocês antes do Dee Snider, me recordo de te perguntar se deveria me referir à banda como “o” ou “a” Secret Society e você me revelou que seria mais apropriado usar o feminino. Ainda sobre o uso do artigo definido, mas em inglês, vocês optaram pela inserção do “the” para o batismo e, em casos como The Beatles, The Rolling Stones e The Beach Boys, para citar três grandes exemplos, o tempo se encarregou de “apagar” o artigo entre fãs e até na mídia. Vocês se incomodam quando se referem à The Secret Society no masculino ou sem o artigo?  

 

GD: De maneira alguma, não nos incomodamos nem um pouco. A gente se refere à The Secret Society / A Sociedade Secreta no feminino tanto em inglês quanto em português. A idéia de colocar o artigo “The” foi pegando como exemplo bandas que temos como influência, tais como: The Cult, The Mission, The Cure, The Sisters Of Mercy, etc.

 

VM: Após o show no Tom Brasil, cheguei a vê-los tocando no Templo Music, com o Angra, te vi pela pista, mas não quis te importunar. Originalmente, a apresentação deveria ter ocorrido no fatídico 08/06/19, data da morte de André Matos e, em respeito a ele, tudo foi remarcado para 28/07, ocorrendo a contento. Sem sensacionalismo, e sim como homenagem ao vocalista, como se deu a ordem dos eventos para vocês? Vocês chegaram a vir a São Paulo ou ainda estavam a caminho quando receberem a notícia?

 

GD: A gente saiu de Curitiba bem cedo e chegamos a São Paulo perto do meio dia. Soubemos do falecimento através do Paulo Baron, por volta das 13:00, quando estávamos almoçando. Foi uma notícia muito triste, ficamos todos sem palavras... havíamos tocado com o Shaman poucos dias antes em Joinville [nota: no Armageddon Metal Fest em 01/06, na Expoville] e o vimos super ativo no palco. Quase não conseguíamos acreditar. Ficamos em São Paulo e, à noite, fomos até a casa de show onde aconteceu uma homenagem muito bonita ao André Matos, com os integrantes do Angra, amigos e vários fãs, que, mesmo sem ter o show, compareceram ao local para sua despedida. Foi emocionante. A nova data com o Angra, que aconteceu em 28/07, foi remarcada algumas semanas depois.

 

VM: Após este show na Mooca, tive a oportunidade de revê-los na Horror Expo, em 18/10/19, e me lembro que, sem querer, o kit do Orlando foi diretamente responsável pelo adiamento da apresentação do Highschool no evento. Como a bateria foi montada logo cedo e o Palco Horror Expo era pequeno, não havia profundidade suficiente para o quarteto de K-Pop executar sua performance de dança. Ao menos essa foi a explicação oficial dada lá no dia. Vocês ficaram sabendo disso? 

 

GD: Não soubemos disso na hora, fomos informados somente após o show. Acredito que a produção não levou em conta o tamanho da bateria em relação às dimensões do palco, o que acabou causando esse transtorno. Mas, como não soubemos, não afetou em nada nossa apresentação.

 

VM: Inclusive, a foto de divulgação usada no site da Horror Expo é a mesma da parte interna do digipack de Rites Of Fire. Abrindo o CD, tive a nítida sensação de que as perguntas desta entrevista brotavam ali mesmo, ao constatar que se tratava de uma edição caprichada, e fiquei pensando se os selos ainda lançam trabalhos naquelas caixinhas convencionais de plástico. Vocês prensaram versões distintas? Checando o tracklist, vi que minha cópia tinha quatro bonus tracks, exatamente os singles que vocês já haviam disponibilizado: três dos quais, de uma só vez em 13/07/18, “The Architecture Of Melancholy”, “Fields Of Glass” e “Deciduous (Les Feuilles Mortes)” e “A New Day”, mais recentemente lançado em 01/01/20. É isso mesmo? Por favor, desfaça esse mistério.

 

GD: Exatamente, essa edição do Rites Of Fire foi produzida pela Red Records em tiragem limitada de quinhentas cópias, em formato digipack e com quatro faixas bônus (os singles citados acima). Quando anunciamos o show da Horror Expo, já estávamos com todo o material gráfico e de divulgação do Rites Of Fire pronto e a foto utilizada faz parte do encarte do álbum.

 

VM: Com a facilidade contemporânea para se “consumir” música, talvez seja eu a estar um pouco desatualizado, mas, ao observar o CD, embora “produzido no pólo industrial de Manaus”, como grafado na contra-capa, todas as outras informações nele contidas estão em inglês, assim como no encarte. De saída, tais detalhes demonstram o cuidado em atingir o mercado internacional. Seria por aí a análise?

 

GD: Sim, a idéia é divulgar o trabalho globalmente. Como cantamos em inglês, nada mais natural do que colocar todas as informações do álbum também em inglês.

 

VM: Antes de entrarmos nas faixas em si, algumas perguntas genéricas. Primeiro, as letras são 100% suas? Ou rola um processo conjunto na elaboração? E quanto aos temas tratados, eles são discutidos coletivamente? E o que serve como inspiração para ambos?

 

GD: Sim, as letras são todas minhas e as composições são feitas em parceria. Os temas tratados não chegam a ser discutidos, mas sempre passo as letras para eles lerem e faço um breve relato do que se tratam para que isso influencie na hora de criar as melodias e ditar o clima da música.

 

VM: Suponho que as partes instrumentais surjam antes das letras, de modo clássico.

 

GD: Não existe uma regra, acontece de tudo. Escrevo bastante e sempre carrego um caderno de notas com vários esboços ou letras prontas. Às vezes, já chego ao ensaio com uma música pronta para encaixar em determinada letra, às vezes a gente começa a criar uma música no ensaio, pego o caderno de letras e vejo se alguma se encaixa. E, em alguns casos, criamos a música (ainda sem letra), vou para casa depois do ensaio e começo a trabalhar a letra conforme o clima que a música pede.

 

VM: Um álbum chamado Rites Of Fire, como não poderia deixar de ser, traz fogo em sua capa. Parece uma arte “simples”, mas certamente há uma grande carga de trabalho até se chegar ao resultado desejado para o conceito e certamente existe uma estória por trás da fotografia. Onde ela foi tirada? E o que mais você pode nos contar a respeito?

 

GD: O processo todo, desde a criação, pré-produção, gravação, pós-produção, mixagem e masterização, até chegar ao álbum Rites Of Fire, levou quase dois anos. Passamos o ano de 2018 trabalhando a divulgação dos três primeiros singles e o do videoclipe e fazendo diversas apresentações. Em meio a tudo isso, aproveitávamos o tempo “livre” escrevendo e trabalhando o repertório do que viria a ser o álbum. Ao final de 2018, estávamos com pelo menos quinze músicas prontas, entramos em estúdio para a pré-produção e gravamos essas faixas. Depois fizemos um processo de audição do material, com a intenção de criar os arranjos e escolher quais faixas fariam parte do álbum. Através de votação, escolhemos que iríamos gravar dez faixas (as nove que entraram no álbum e o single “A New Day”). As gravações começaram em meados de maio e terminaram em agosto, divididas entre o estúdio Nico’s e o nosso próprio estúdio, The Secret Bunker. Tudo isso acontecendo em meio a uma agenda cheia de shows e viagens. A criação da capa e a escolha do título aconteceram após o término das gravações. Enquanto as músicas estavam sendo mixadas e masterizadas (com o Adriano Daga, da banda Malta), fomos até uma chácara nas imediações de Curitiba, para a sessão de fotos. O conceito e a escolha do nome do álbum vieram de uma frase da faixa “Rites Of Fire”: “Raise the torch, unify our souls, pass the tribal lore, the everlasting flame of love” / “Erga a tocha, unifique nossas almas, transmita o conhecimento tribal, a chama eterna do amor”. A idéia foi criar um “rito de fogo” para erguer a tocha simbólica e, desse ritual, fazermos as fotos que ilustrariam a capa do álbum. Eu tinha a imagem da capa muito clara na minha cabeça, mas o resultado acabou saindo melhor do que imaginávamos. Conseguimos captar toda a energia daquela sessão, o fogo, a tocha, a lua crescente no céu e as araucárias, que carregam um simbolismo muito forte para nós aqui do sul. As fotos foram tiradas pela fotógrafa Dani Durães e a tocha foi criação do nosso roadie Vagner Sipolli.

 

VM: Não posso deixar de te pedir uma explicação sobre esse simbolismo das araucárias. Dá uma certa vergonha, mas mesmo morando num estado vizinho, confesso que não tenho esse conhecimento. E imagino que mais gente também não saiba.

 

GD: A araucária é considerada um dos símbolos do estado do Paraná e o pinhão, que é o fruto que ela produz, é muito apreciado por todos. Difícil alguém que não goste [risos]. As calçadas de Curitiba, principalmente no centro, são cobertas por pedrinhas em mosaico chamadas de petit-pavé, ou mosaico português, e, nesses mosaicos, são representadas principalmente as araucárias e as pinhas, de onde vem o pinhão. A forma clássica de comer o pinhão é cozido e descascado, mas algumas pessoas fazem à maneira dos indígenas, que é sapecando o pinhão no fogo produzido pelos próprios galhos secos da araucária, a grimpa. Outra simbologia importante sobre o pinhão é que ele dá nome a Curitiba, que provem da palavra indígena “coré-etuba”, que significa “abundância de pinhão” em tupi-guarani. O nome do primeiro álbum oficial da primal... é Coré-etuba (2003) e tenho um pinhão enorme tatuado no braço.

 

VM: Um detalhe que pode passar despercebido é a composição da fogueira, digamos assim, com a parte das matas abaixo, quase imperceptível, como se parte do fogo fosse por ali respingar. E o CD chega até mim justamente no momento em que queimadas devastam o Pantanal...

 

GD: Muito triste todo esse descaso com o meio ambiente e todo ano a gente vê essa mesma situação se repetir. Coincidentemente, quando lançamos o álbum digitalmente em 2019, o Brasil e vários locais no mundo estavam sofrendo com queimadas e nossa primeira faixa de trabalho foi “Rubicon”, com um trecho da letra que fala: “Forests, burning, my eyes are seeing red, waters, poisoned, lead in the air” (“Florestas, queimando, meus olhos vêem vermelho, águas, envenenadas, chumbo no ar”). Nessa letra, digo que, como humanidade, nós cruzamos o “Rubicon” e chegamos a um ponto sem retorno.

 

VM: O play foi produzido pela própria banda, mas em parceria com Luciano Nunes. Como vocês chegaram até ele? E como funcionou a divisão de tarefas no estúdio entre os quatro envolvidos no processo?

 

GD: O Luciano Nunes é um grande produtor de música eletrônica em Curitiba e um excelente compositor e arranjador. Ele já havia trabalhado em outro projeto junto com o Orlando, e também foi o responsável pelos arranjos e teclados dos três primeiros singles.

 

VM: A mixagem e a masterização ficaram a cargo de Adriano Daga. Vocês já haviam trabalhado com ele anteriormente? E de onde partiu a indicação de seu nome?

 

GD: A parceria com o Daga foi muito bacana. O Orlando o conheceu em São Paulo e, logo após, viemos a ouvir alguns trabalhos que ele havia mixado. Assim que finalizamos as gravações, trouxemos o Daga a Curitiba para ele ouvir o trabalho ainda cru e conversarmos sobre o direcionamento que queríamos com a mixagem. O trabalho ficou acima do esperado, ficamos muito contentes com o resultado.

 

VM: A gravação ocorreu em dois locais diferentes: Nico’s Studio e The Secret Bunker. Por que estes dois lugares? E, a julgar pelo nome do segundo estúdio, deve existir alguma ligação nada secreta dele com a própria banda, possivelmente de vocês mesmos.

 

GD: Sim, gravamos em dois estúdios. No Nico’s (um dos melhores estúdios da cidade, onde também gravamos os três primeiros singles), gravamos a bateria e as vozes. E no nosso próprio estúdio (que apelidamos de The Secret Bunker, onde ensaiamos e produzimos todo nosso material), gravamos todo o restante, guitarras, baixo e os arranjos.

 

 

 

 

VM: A primeira faixa já deixa claro que a banda não está para brincadeiras, pois “Mephistofaustian Transluciferation” é tão forte quanto seu título! Eu já a tinha ouvido no Tom Brasil, mas era muita coisa para absorver logo na primeira experiência ao vivo. Escutando mais atentamente a versão em estúdio é que reparei nos riffs matadores! Além disso, ela tem uma introdução própria de aproximadamente trinta e três segundos que soa perfeita para abrir tanto o álbum quanto os shows. Tudo meticulosamente pensado.

 

GD: Quando estávamos na fase de produção e gravação, ainda não tínhamos definido a ordem do disco. Minha ideia inicial era começar com “Beyond The Gates”, mas “Mephistofaustian Transluciferation” ficou tão animal que decidimos que ela seria a faixa de abertura. Inclusive, várias pessoas já a citaram como uma das melhores aberturas de álbum dos últimos tempos. “Mephistofaustian” é uma das minhas letras preferidas do álbum e foi inspirada no filme tcheco “Faust”, de Jan Švankmajer, que foi livremente adaptado da obra de Goethe. A letra personifica o lendário personagem Fausto como um homem contemporâneo e traz, para os dias de hoje, seu encontro com Mefistófeles.

 

VM: Com relação a “Memento Mori”, a primeira faixa do mais recente play do Lamb Of God tem o mesmo título. Pura coincidência? E qual foi o efeito de voz usado em suas duas primeiras estrofes e nas duas seguintes após o refrão?

 

GD: Pura coincidência, nem conheço muito o trabalho do Lamb Of God. O título veio enquanto eu estava trabalhando a letra da música, que foi inspirada em dois livros recém-lidos por mim e que têm temas relativamente parecidos: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, e “Bobók”, de Dostoiévski, em que defuntos se colocam como protagonistas nas narrativas. Na letra de “Memento Mori”, o protagonista descreve seu cortejo fúnebre, o lamento dos enlutados, seu enterro, a terra ainda úmida e macia caindo sobre o caixão, sua carne lentamente entrando em decomposição. Então questiona a efemeridade da vida terrena, a natureza transitória dos seres, busca a redenção de seus pecados e pede para não ser esquecido antes de provar do fruto de Azrael. E, no refrão, ele pergunta: “What dreams may come when all is gone, from whence you came you shall return, shuffled off this mortal coil, because in the end we’re nothing but fading pictures, ornaments on tombstones, fading pictures, sadness in sepia” / “Que sonhos podem vir quando tudo se for, de onde você veio, você retornará, arrastado para fora deste invólucro mortal, porque no final não somos nada além de fotos desbotadas, ornamentos em lápides, imagens desbotadas, tristeza em sépia”. Ou seja: “lembre-se de que você é mortal”, “lembre-se de que você vai morrer” ou, traduzido literalmente, “lembre-se da morte”. Sobre os efeitos, não saberei te dizer quais foram usados, pois foram colocados pelo Daga na fase de pós-produção e mixagem (e ficaram simplesmente sensacionais).

 

VM: Aos moldes da The Secret Society, “Chariots Of The Gods” talvez seja o mais próximo de uma balada. Certa vez, tive a oportunidade de conversar com Jeff Loomis, ainda nos idos do Nevermore, e ele afirmou que uma balada deve ser muito bem encaixada, tanto no álbum quanto ao vivo, como a chance de tudo “voltar a fazer sentido”, seja para o ouvinte em casa ou o público nos shows, antes e depois de músicas mais aceleradas. Sequer sei se vocês a enxergam como uma, mas, se sim, a análise do hoje guitarrista do Arch Enemy talvez realce seu posicionamento como a quarta faixa, não?

 

GD: Não sei se a “Chariots Of The Gods” chega a ser uma balada, considero essa faixa mais uma música climática do que uma balada propriamente dita. Acho que a “Sleeping Over Debris” tem mais cara de balada. No final, ambas tomam outros rumos que são totalmente diferentes do início da música. Colocamos “Chariots Of the Gods” como quarta faixa porque a ordem do álbum foi pensada para o formato vinil (que ainda está em nossos planos) e, neste caso, ela seria a última do Lado A. Sou consumidor e colecionador de LPs e sempre ouço os álbuns levando esses detalhes em consideração: qual faixa é a abertura, qual encerra o Lado A; qual inaugura e qual fecha o Lado B. Muitos álbuns que ouço, principalmente no rock progressivo, foram pensados nessa maneira.

 

VM: Preciso fazer uma confissão e, por favor, não ria! Fui pesquisar o que vocês haviam postado de “material novo” e encontrei “The Rapture”, disponível no canal do YouTube da banda desde 17/07. Estranhei ela não constar em Rites Of Fire, até me dar conta de que a faixa que pensei ser “inédita” nada mais é do que a parte final de “Chariots Of The Gods”. Por favor, me diga que mais gente caiu nessa “pegadinha” não-intencional...

 

GD: Sim, várias pessoas demoraram a sacar que era a parte final de “Chariots Of The Gods”. Não foi com intenção de pegar ninguém, mas sim de apresentar um trabalho mais conceitual e misterioso, por assim dizer.

 

VM: Hora de abrir uma digressão sobre “The Rapture”, pois, ainda que curto, seu clipe é muito bonito! Que estrada é aquela? O fundo tem uma linda parede rochosa que, em vídeo, fica avermelhada. Ela tem um nome?

 

GD: O local onde “The Rapture” foi filmada é o Parque Estadual de Vila Velha, que fica nos Campos Gerais, na região de Ponta Grossa, a poucos quilômetros de Curitiba. As paredes rochosas são formações areníticas com mais de trezentos milhões de anos, quando essa região ainda estava coberta pelos oceanos. Estas formações foram esculpidas ao longo de milhões de anos, formando diversas figuras como a taça, a garrafa, o navio, o camelo, o índio e a bota, entre outros. O local é simplesmente incrível e, nos aproveitando da pandemia, decidimos fazer uma nova sessão de fotos. Quando estávamos finalizando a sessão, o Orlando teve a idéia de filmar a banda andando pela estrada, comigo cantando o trecho final da “Chariots Of The Gods”. O resultado ficou tão bom que decidimos lançar como um vídeo conceitual para promover o álbum.

 

VM: O primeiro take do clipe já é belíssimo, com a câmera num recuo lento e sem cortes por quarenta e dois segundos. A filmagem foi feita com drones?

 

GD: Não, a filmagem foi feita com uma câmera somente e no nível da estrada mesmo. Como a estrada tem um declive, ficou parecendo que foi filmado de cima.

 

VM: Deve ter dado um certo trabalho filmar ali e torcer para não passar nenhum carro. Vocês chegaram a fechar a estrada? Ou tudo foi feito bem cedo?

 

GD: Foi filmado num fim de tarde numa estrada que fica dentro do parque. O parque estava fechado para visitação devido à pandemia, mas conseguimos autorização para realizar as fotos.

 

VM: Sem contar que o Orlando está até de cachecol e dá para sacar que estava um tremendo frio! No tempo da caminhada até seu close, vocês apenas andavam ou conversavam algo? O Orlando até dá uma olhadela para trás. Certamente há alguma estória curiosa ou engraçada por trás das filmagens.

 

GD: Estava muito frio! Dá para ver no trecho inicial que também ventava bastante. Acho que estávamos conversando sobre o local mesmo. Todos já conheciam Vila Velha, mas, toda vez que você visita o parque, é impossível ficar indiferente ao tamanho e à beleza dessas formações rochosas e deixar de pensar que, trezentos e quarenta milhões de anos atrás, tudo aquilo estava coberto pelo mar. Inimaginável!

 

VM: E todo esse trabalho para um clipe de 1’50” feito durante a quarentena! Ao menos só estavam vocês três por ali, isolados, e mais a equipe. Haja profissionalismo!

 

GD: Estávamos somente nós três e mais três pessoas da equipe de foto e filmagem. Fizemos tudo tomando todos os cuidados possíveis.

 

VM: Ali você inaugura um novo look, barbudo, e ficou parecendo mais sério. Desde quando você adotou o visual? Foi para dar uma variada ou há algum outro motivo?

 

GD: Nenhum motivo! A barba e o cabelo acabaram crescendo naturalmente nos meses que fiquei em casa, isolado em quarentena durante os primeiros meses da pandemia [risos].

 

VM: Voltando ao play, há a tradicional faixa-título. Minha maior curiosidade reside em: por que exatamente a música “Rites Of Fire” a batizar o álbum? Ou primeiro vocês decidiram que este seria o nome do trabalho para daí partirem para a criação da canção?

 

GD: A faixa já havia sido escrita um ano antes e, conforme as músicas foram tomando forma no estúdio e as idéias e o conceito do álbum foram aparecendo, decidimos batizar o álbum de Rites Of Fire.

 

VM: “Sleeping Over Debris” também me remeteu a uma balada. Não sei explicar o motivo, mas talvez eu tenha partido para a audição esperando encontrar uma. Conhecia algumas músicas dos shows e pode ser que vocês a tenham executado no Templo Music ou na Horror Expo, mas tive impressão de a estar ouvindo pela primeira vez só agora. Uma nova calmaria bem encaixada, possivelmente a mais cadenciada nas bpms, certo?

 

GD: “Sleeping Over Debris” é a que mais se aproxima de uma balada, tanto musical quanto liricamente. O protagonista retratado na letra acorda após o “sonho mais doloroso que já teve”, e descreve a sensação da dor de estar “dormindo sob escombros” do fim de um relacionamento. A música se encerra com um final mais pesado, em que ele busca desvendar o quebra-cabeça que levou seu relacionamento a esse fim. Algumas músicas já estavam sendo tocadas em shows muito antes de o álbum ser lançado, como é o caso de “Mephistofautian Transluciferation”, “Beyond the Gates” e “Rites of Fire”, mas algumas faixas novas foram tocadas somente uma vez, num show no início de 2019 em Curitiba, como é o caso de “Sleeping Over Debris”, “Memento Mori” e “Chariots Of The Gods”. A gente queria muito ter feito um show tocando o álbum na íntegra, mas veio a pandemia e estragou nossos planos. Quem sabe um dia a gente faça isso...

 

VM: Para mim, “Mercy” foi o momento decisivo da qualidade das canções e me peguei viajando: “Diferente, bateria mais quebrada, que legal! Até parece material gringo!”. Setenta anos após Nélson Rodrigues ter criado a expressão “Complexo De Vira-Lata”, faço um mea culpa, pois, ao me deparar com algo nacional de qualidade, sigo escorregando de modo preconceituoso, ao invés de valorizar. Outro ponto: foi o primeiro momento no álbum que senti o baixo mais acentuado, no início da música. É a hora de você se orgulhar do patamar da criação de vocês e puxar a sardinha para seu instrumento!

 

GD: “Mercy” é uma de nossas músicas preferidas! Ela ainda não havia entrado no repertório nas primeiras vezes que tocamos em São Paulo, mas, na turnê do álbum, ela ganhou seu lugar de destaque no setlist. Como baixista, acho legal ter uma música que começa com uma linha de baixo marcante.

 

VM: Sobre “The Final Cut”, senti haver nela certa influência de “Cry For Love”, de Iggy Pop, exatamente o cover de encerramento da apresentação de vocês no Tom Brasil. Possivelmente na bateria, não tanto nos vocais (você canta mais “rasgado” e o ex-The Stooges soa mais grave). Viagem total ou há algum fundo de razão?

 

GD: Nunca fiz essa ligação. Talvez inconscientemente ela tenha influenciado a gente. Somos muito fãs de Iggy Pop e, desde a metade de 2018, sempre encerrávamos o show com “Cry For Love”. Como o público em diversos locais ainda não conhecia a The Secret Society, era uma maneira de colocar uma música mais conhecida, homenagear nosso ídolo e terminar o show com energia. Durante a turnê com o Sisters Of Mercy, em novembro/19, continuamos encerrando o show com ela. Na terceira data, que foi em São Paulo, fomos elogiados pela versão pelo Andrew Eldritch, do Sisters, por se tratar de uma de suas músicas preferidas.

 

VM: O tema central em “Rubicon” possui algumas outras músicas já gravadas. Duas mais recentes e de mesmo título, “Crossing The Rubicon”, são: de Anoushka Shankar, em Land Of Gold (2016), instrumental e na cítara, como seu pai, Ravi Shankar; e a oitava faixa do 39º álbum de estúdio de Bob Dylan, Rough And Rowdy Ways (2020). Enfim, o ato de cruzar o rio com o exército era uma afronta, declaração de guerra e/ou invasão ao Império Romano, conforme retratado no segundo episódio de Roma, série produzida pela BBC entre 2005-07. Você certamente pesquisou para criar a letra que, embora sem referência explícita, possui refrão diretamente associado a isso: “Point of no return / We crossed the Rubicon”. O quão fundo você foi na história para fazer esta e outras letras?

 

GD: Sim, na letra, o ato de cruzar o Rubicon significa que, como humanidade, após cruzarmos um determinado ponto, não tem mais retorno. Metaforicamente, utilizo o Rubicon para tratar de: aquecimento global, extinção de alguns seres, queimadas, poluição, alimentos geneticamente modificados, guerras e intolerância. Também cito, em outro trecho da letra, o termo “Alea Jacta Est” (The Die Is Cast), que foi a frase em latim supostamente proferida por Júlio César ao tomar a decisão de cruzar o Rio Rubicon com suas legiões.

 

VM: Aliás, por todas as citações nas letras da The Secret Society, se torna obrigatório perguntar o quão fanático por História e Literatura você é.

 

GD: Eu cheguei a cursar faculdade de História nos anos 90, mas não me formei. Minha principal inspiração para escrever vem obviamente das músicas que ouço, do cinema e da literatura. Muitas letras da The Secret Society têm referências explícitas a filmes e livros e homenagens a artistas e letristas que admiro.

 

VM: Não pode passar batido a participação de Alysson Pugas na arte. Quando nos falamos pela primeira vez, você já havia destacado o papel dele na criação da logomarca e que ele é responsável pelo lyric vídeo do single “Fields Of Glass”. E quanto a Rites Of Fire, o que exatamente tem a assinatura dele?

 

GD: O Alysson tem sido responsável por todas as artes da banda desde o início. Desde a logomarca até as capas dos primeiros singles, o site e todo material de divulgação da banda são criações dele. No Rites Of Fire, ele foi responsável pelo design de toda a capa, utilizando as fotos tiradas pela fotografa Dani Durães.

 

VM: Partamos agora para uma análise mais abrangente do álbum. A música mais curta é “Memento Mori”, com 3’22”, e seis das treze (incluindo três das bonus tracks) passam de cinco minutos. Supõe-se que a The Secret Society não se prende à limitação do tempo se uma ou outra música naturalmente caminha para uma elaboração mais longa e complexa. Em outras palavras, seria parte do trabalho do músico ter o feeling para não podar desnecessariamente as canções que chegam a parecer ter vida própria?

 

GD: Exatamente. Quando estamos criando, vamos muito do feeling mesmo, não ficamos podando ou pensando: “Ah, essa música aqui não está com uma duração radiofônica. Vamos encurtar”. Deixamos o som sair naturalmente e, inclusive, gosto de faixas longas, creio que devido ao gosto pelo rock progressivo.

 

VM: Em 2000, o Metallica comprou briga com o Napster e o levou à justiça por conta dos downloads ilegais. Passados vinte anos e olhando para Rites Of Fire, vocês mesmos disponibilizaram todas as nove faixas no canal oficial do YouTube, onde já estavam os singles lançados. Meio que não dá para fugir disso em tempos atuais, mas como vocês enxergam o uso de plataformas digitais como o próprio YouTube e Spotify, Deezer, Bandcamp e quaisquer outras como forma de divulgação?

 

GD: Atualmente é mais do que natural disponibilizar digitalmente todo o material, inclusive há artistas que nem lançam mais seus trabalhos fisicamente. Os anos 2000 foram um momento de transição de uma época em que os artistas e as gravadoras ainda ganhavam dinheiro com a venda de seus álbuns. Vinte anos depois, o mundo da música já não é mais o mesmo e o digital é a grande ferramenta para divulgação e disponibilização do trabalho mundialmente. Mas, no nosso caso, e acredito que no metal e na música pesada em geral, o material físico ainda é valorizado. Continuo a consumir material das bandas e artistas que gosto e o fato de termos optado por lançar o Rites Of Fire em CD foi pela demanda que tivemos durante o último ano. Em nosso stand de merchandising, todo mundo perguntava se não tinha o álbum para vender e decidimos que ele merecia uma versão física.

 

VM: Por ter passado a me interessar por música nos anos 90, sempre faço a audição de um novo material de modo sequencial, pois cresci vendo um CD como uma obra de arte com começo, meio e fim. Por mais que eu tente ser diferente e tenha me adaptado aos tempos atuais, é algo culturalmente impregnado. Para o artista, a hora de dispor as canções numa determinada ordem, que faça sentido, deve ser um processo similar. Ao formular a pergunta acima, fico me perguntando se a “geração streaming”, por algum momento, entra nessas viagens e até mesmo se escuta um full length de cabo a rabo... 

 

GD: Concordo totalmente! Um álbum ou um CD são uma obra de arte que, além da música, ainda é complementado pela arte de capa, fotos, letras, encarte, etc. Quando ouço um álbum, é do começo ao fim, pois acredito que o artista fez as escolhas da ordem para que façam sentido para o ouvinte. O Rites Of Fire foi pensado desta maneira, foi um álbum com uma ordem musical escolhida para se ouvir do começo ao fim e, se possível, para ouvir diversas vezes, para assim você realmente entrar dentro da obra.

 

VM: E o “desabafo” acima não é crítico e sim parte da evolução da indústria musical, assim como há quem prefira os LPs aos CDs, algo que, por não ser a minha geração, eu não entendia. Até pegar o bolachão do Physical Graffiti (Led Zeppelin) em mãos e ver que todo o barato daquela arte das janelas e as letras no encarte original se perdia no do CD. Não sei se, enquanto artistas, vocês chegam a se preocupar com esse nível de detalhamento na elaboração de um trabalho.

 

GD: Totalmente! Quando finalizamos a escolha da ordem do álbum, ele foi pensado para ser lançado em vinil com Lado A e Lado B. A primeira arte criada pelo Alysson para o álbum foi para a versão em LP, que acabamos mais tarde adaptando para o lançamento em CD. Espero que a gente consiga lançar o Rites Of Fire em vinil em breve.

 

VM: Mudando de assunto, o quanto a pandemia afetou vocês, tanto pessoal quanto musicalmente? O que estava engatilhado e precisou ser posto em compasso de espera?

 

GD: Pessoalmente afetou para todos na mesma maneira: ficamos todos em isolamento, filhos sem aula, tomando todos os cuidados, etc. Na questão da banda, o que mais pegou foi que estávamos vindo de um ritmo alucinado de shows em 2019 e, em 2020, a idéia era dar continuidade à divulgação do álbum, mas todos os shows engatilhados acabaram sendo cancelados. Nosso último show foi no final de fevereiro na Zombie Walk em Curitiba e, menos de quinze dias depois, veio o lockdown.

 

VM: E como vocês se ocuparam para não enlouquecer? Conseguiram fazer uso da pausa forçada para produzir ainda mais material novo?

 

GD: No início, não fizemos muita coisa, estava tudo muito incerto, ninguém sabia direito o que iria acontecer e parecia que, em breve, tudo isso iria passar. Quando vimos que as coisas não voltariam ao normal tão cedo, mudamos o foco, colocamos em prática o lançamento dessa edição especial do Rites Of Fire e decidimos: já que não dava para fazer shows para divulgar o álbum, iríamos começar a compor. Em agosto começamos a fazer os primeiros encontros e ensaios presenciais para colocar em prática as músicas que havíamos escrito. Ao final de outubro, já estávamos com treze músicas novas e agora estamos trabalhando os arranjos para, em breve, entrar em estúdio para começar as gravações do próximo álbum. Vem coisa boa por aí!!!

 

VM: A propósito, qual a chance de vocês gravarem uma versão da citada “Cry For Love”? Ela ficou ótima ao vivo!

 

GD: Está em nossos planos. Quem sabe, quando iniciarem as gravações do próximo álbum, a gente aproveita e inclui a “Cry For Love”.

 

VM: E há planos para que a The Secret Society nos brinde com uma canção em português algum dia? Vocês conversam a esse respeito ou é algo fora de cogitação?

 

GD: Nem sequer cogitamos isso. Nunca escrevo letras em português, vou direto às ideias em inglês mesmo. Até pelo fato que nosso foco é o mercado internacional. Mas eu não digo nunca. Quem sabe um dia a gente faça algo em nossa língua...

 

VM: Caminhando para o final da entrevista, como tem sido a aceitação das faixas nas rádios? Vocês têm alguma ideia quanto a isso? Pergunto porque, sendo sincero, não sei o que é tocado nelas. Nada contra, mas pouco as escuto, até porque não tenho carro, não dirijo e é nesse cenário que as pessoas normalmente ouvem as estações.

 

GD: Também não escuto rádio, mas sei que, em algumas rádios do Brasil, tem rolado a nossa música. Muitas rádios, de norte a sul, entram em contato pedindo MP3, mas, na grande maioria, são rádios independentes e com foco na música underground e alternativa. Para dar um exemplo, em Curitiba, a única rádio rock mainstream que temos raramente toca músicas dos artistas locais.

 

VM: E como tem sido o retorno dos fãs quanto a Rites Of Fire nas redes sociais?

 

GD: O feedback tem sido maravilhoso e mostra que estamos no caminho certo. Desde o início da banda, nossa proposta foi a de entregar o melhor possível, com qualidade e autenticidade. Os três primeiros singles e o vídeo-clipe “The Arquitecture Of Melancholy” foram nossa carta de apresentação e fizeram com que a banda começasse a ser conhecida. As críticas que temos recebido da imprensa especializada têm sido excelentes e o lançamento do álbum Rites Of Fire veio para consolidar o nome da The Secret Society na cena musical no Brasil e também fora dele.

 

VM: Antes de encerrarmos, preciso te perguntar sobre a mais recente criação de vocês: o clipe de “Rites Of Fire” em versão “Quarantine Sessions”, disponibilizado em 22/10. Na verdade, meu cérebro deu um bug: ela está tão bem tocada, que primeiro pensei ser o áudio do álbum ao fundo com vocês “atuando”, mas aí notei que o vídeo ficou dezesseis segundos mais curto do que no play e observei que vocês estão tocando. É isso mesmo? E foi só eu perguntar, no meio desta entrevista, sobre seu look barbudo que tudo já voltou ao padrão “normal” [risos], incluindo uma versão “furiosa” sua no clipe! E vem mais por aí? Afinal de contas, vocês mesmos pluralizaram o “Sessions”...

 

GD: A Quarantine Sessions foi a gravação de dois vídeos ao vivo que fizemos a convite de dois festivais online que participamos: o Roadie Crew Online Fest, de 09/10, em que tocamos “Rites Of Fire”; e o Acesso Music Fest, que rolou em 15/11 e apresentamos “The Final Cut”. As duas foram gravadas numa mesma sessão, ao vivo no Studio Tenda, que é um estúdio e uma iniciativa bem bacana de um casal aqui em Curitiba, o Mario e a Lyrian Oliveira. Eles têm toda estrutura para gravar esses vídeos das bandas tocando ao vivo e, no canal deles no YouTube, tem mais de trezentas bandas gravadas ao vivo.

 

VM: Espaço aberto para sua mensagem final. Vale tudo: propaganda, agradecimento, abraço, mensagem aos fãs... agora é com você, Guto!

 

GD: Primeiramente obrigado a você, Vagner! Não te conheço pessoalmente e já te considero um grande amigo, pela oportunidade e pelo convite para essa entrevista e por poder falar um pouco mais sobre a The Secret Society. É muito importante para a banda esse reconhecimento que temos tido da imprensa e do público. Eu gostaria de convidar as pessoas que ainda não conhecem o trabalho para que o procurem nas plataformas digitais ou adquiram a edição física do álbum Rites Of Fire. Ouçam o disco com atenção, pois é um material que requer diversas audições para ser totalmente compreendido. Espero voltar aos palcos em breve e poder apresentar o novo material que escrevemos durante a pandemia. Estamos bastante empolgados com as novas composições.

 

 

Confira o videoclipe oficial de The Architecture Of Melancholy: https://www.youtube.com/watch?v=gzlLsu8gRqU

 

 

 

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Vagner Mastropaulo

Bacharel em inglês/português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site comoas melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)




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