Geralmente reticente para falar sobre a morte de Kurt Cobain, seu companheiro de banda nos tempos de Nirvana, Dave Grohl quebrou o protocolo em entrevista à estação britânica BBC Radio 1, no programa de Jo Whiley. Para ele, Cobain - encontrado por um eletricista em sua casa em Seattle, na manhã de 8 de abril de 1994, com um tiro autoinfligido na cabeça - estava fadado a morrer cedo.
"Há pessoas que você conhece na vida e apenas sabe que não vão viver para chegar aos 100 anos. De certa forma, você se prepara emocionalmente para quando isso se tornar realidade", disse o baterista do Nirvana, que depois montou sua própria banda, o Foo Fighters, na qual assumiu vocal e guitarra (atualmente, ele volta ao instrumento da época grunge com o
Them Crooked Vultures).
Prever a morte não impediu que o choque viesse nos primeiros dias daquele abril. Ao descobrir sobre o suicídio de Cobain, Grohl se sentiu atingido por uma "terrível surpresa". Acrescentou: "Provavelmente, foi a pior coisa que aconteceu comigo. Lembro do dia seguinte, que acordei e estava com o coração partido por ele ter ido embora. Apenas me senti, 'ok, então eu levanto e tenho outro dia, e ele, não'."
"Geralmente, é preciso algo assim para que uma pessoa passe a apreciar a vida como uma dádiva", Grohl filosofou. "E você precisa tirar vantagem do tempo que tem. Às vezes, você apenas não consegue salvar alguém de si mesmo."
Mas Cobain não reservava sentimentos muito calorosos em relação ao colega de banda. Ao menos é essa a versão de Courtney Love, viúva do maior expoente da música grunge. Em 2007, ela escreveu em sua página no MySpace que Cobain "desprezava" Grohl "mais do que qualquer um (exceto os jornalistas)". Em seu testamento, ele pôs uma cláusula dizendo que Grohl não era um membro do Nirvana. Eu apenas ignorei o cara e continuarei a fazê-lo."
A retaliação de Love tem explicação: ela acabara de tomar conhecimento da canção "Let It Die", no então recém-lançado álbum do Foo Fighters,
Echoes, Silence, Patience & Grace. A letra trazia versos como "um simples homem e sua noiva vergonhosa, intravenosa, entrelaçada".
O aniversário de 15 anos da morte de Cobain tematizou a capa de abril da
Rolling Stone Brasil.
Leia um trecho da reportagem.