Moraine - 2009 - Manifest Density
Um quarteto de cordas diferente - com violino, violoncelo, guitarra e contra-baixo elétrico - amparados por uma bateria. De certo modo, isso já soa estranho. E essa inusitada formação musical faz um Jazz-rock misturado com música experimental e certos toques eruditos. Isso soa mais estranho ainda. Difícil falar em algo parecido, mas seria mais ou menos se o Robert Fripp se juntasse com McLaughlin e com o Quarteto Kodály e resolvessem tocar algum quarteto de Bartók acrescentado de improvisos do Jazz. Inimaginável? Não quando você escuta Manifest Density, o primeiro trabalho da banda Moraine.
O disco veio num pacote que recebi da Moonjune Recods (http://www.moonjune.com/ – o que o Alquimia já fez algumas resenhas), e quando vi que o guitarrista Dennis Rea estava no projeto – que se completa com o Ruth Davidson (Violoncelo), Alicia Allen (violino), Kevin Millard (baixo) e Jay Jaskot (bateria) -, tratei de escutar. E o choque que tive ao escutar Save the Yuppie Breeding Ground foi enorme. Um começo denso, violino e viola tocados com precisão e técnicas apuradas, guitarra extremamente calcada no Free Jazz, baixo pulsante e uma bateria ao mesmo tempo soando livre e colossal. Ephebus Amoebus, começando com a bateria em ritmo de be-pop, entram o violino e a viola em timbres cortantes para dar passagem para uma parte mais lenta com o baixo soando como veludo.
O disco vai nesse nível em quase uma hora de som. Uma verdadeira avalanche de informações e referências musicais que intercala momentos caóticos com momentos de extrema beleza; muitas vezes isso numa única música. Os músicos são excelentes em suas propostas: acordes e melodias na guitarra que nunca pensei em ouvir antes; uma cozinha totalmente inovadora que desafia os extremos da música; cordas tocadas de uma maneira rude e muito sonora, um meio termo entre o erudito e o popular. Essa banda Moraine extrapolou os limites do Progressivo em termos de sonoridade; e, apesar de tudo isso, o trabalho não é algo que é difícil de apreciar. Muitos sons, como Manifest Density, Kuru e Middlebräu, ganham a simpatia do ouvinte à primeira escutada. Os amantes de novas sonoridades e que apreciam o Progressivo e o Jazz-Rock irão se deliciar com esse trabalho
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.