O baterista do Black Sabbath, Bill Ward, soltou um comunicado confirmando oficialmente que não fará parte dos shows da turnê de reunião da formação original da banda. Confira um resumo da declaração:


"Queridos fãs do Sabbath e amigos músicos,


Eu estou sinceramente muito triste em dizer que, após um último esforço em participar dos shows da turnê de reunião do Black Sabbath, não conseguimos chegar a um acordo. Por agora, eu tenho que informá-los que não tocarei com o Black Sabbath no show de Birmingham no dia 19 de Maio ou no show do Download Festival no dia 10 de Junho. E mais, também não tocarei no show no Lollapalooza no dia 3 de agosto. 


É com muito pesar que eu lhes dou essa notícia, já que tinha uma vontade sincera de tocar com a banda e sinto muito, muito, mesmo de que se chegou a esse ponto. Esse comunicado é ainda mais dolorido de se escrever, porque eu estava particularmente empolgado em tocar ao lado de Tony Iommi depois de todo o tratamento pelo qual ele passou. 


Para deixar bem claro o que penso de vocês, fãs do Sabbath, vou lhes contar uma história que envolve meu irmão James. Meu irmão Jimmy vive na Inglaterra. Quando falei com ele há alguns dias atrás, ele me contou que um conhecido o parou na rua e o perguntou com certa aspereza: “O seu irmão virá tocar em Birmingham ? O que está acontecendo ? Eu fiquei na fila com meu filho e paguei um X pelos ingressos.”


O filho do homem é um jovem baterista. Ele irá assistir o Sabbath e quer ver Bill Ward tocando bateria. Quando ouvi essa notícia, me senti horrível. Não deu para não sentir um certo ressentimento sobre o fracasso em chegar a um acordo, fracasso em lembrarmos de onde viemos, o fracasso em nos portarmos como irmãos, como uma vez fomos. Para deixar bem claro, eu não culpo os outros caras ou achando que eles falharam em alguma parte. Eu acho que isso não é fácil para eles também, mas essa situação é muito triste. É triste que se tenha chegado a “isso”. “Isso” com certeza deixará uma marca e não será uma memória agradável. Tomara que “isso” se cicatrize e passe com o tempo. 


No início de Abril, me pediram para participar “minimamente” do show no Download festival. Se não me engano, era para eu tocar não mais do que três músicas, enquanto outro baterista tocaria o resto do show com o Black Sabbath. Eu não quis aceitar essa oferta. Eu não estava preparado para assistir um outro baterista tocar músicas do Sabbath, enquanto eu tocava só três músicas. 


Apesar de terem soltado um comunicado dizendo que “a porta está sempre aberta” para mim, entrar por essa porta não é tão simples como parece. Há muitas questões complicadas e agendas invisíveis e não comentadas em jogo. Eu posso lhes garantir que o meu critério de um contrato “assinável” é baseado em princípios conscientes, respeito e reconhecimento da minha história dentro da banda. 


Eu não guardo rancor ou ressentimento com relação aos outros integrantes da banda. Eu os amo, eu os perdôo. Estou frustrado com eles, assim como eles devem estar comigo. Minha luta nunca foi com eles, eu os amarei para sempre. Na minha opinião, ninguém ganhou dessa vez. A banda não ganhou, os fãs da formação original não ganharam. Ninguém ganhou, ninguém. Mesmo aqueles que acham que ganharam.  


Eu não queria tomar essa decisão, mas devo permanecer honesto e transparente. Esse é o comunicado que eu não queria escrever, é a última coisa que eu queria fazer. Mas, eu escrevi e agora ele pode ser divulgado para o universo.


Desde a primavera de 2011, eu esperei com paciência e esperança por um contrato “assinável”, vocês sabem o resto. Eu me simpatizo com o fã de Birmingham, o estudante de bateria, todos os bateristas que compõem suas partes e são ferrados na hora dos direitos autorais. Eu me simpatizo com os fãs do Sabbath gritando “Bill Ward” e perguntando “Por quê ?” e também me simpatizo com Ozzy, Tony e Geezer.


Para finalizar, apesar de estar encerrada a questão sobre os shows de agora, eu continuo de cabeça aberta e numa posição de disposição em negociar um contrato “assinável” com os representantes do Sabbath no futuro.  


Continuem fortes.
Fiquem com Deus.
Com todo meu coração e força, amo vocês,
Bill Ward "

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.