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MØL: “A intenção de nossa música é tentar escapar do que é horrível todos os dias”

Por Vagner Mastropaulo | Em 27/11/2021 - 01:20
Fonte: Alquimia Rock Club

Foto: Cornelius Qvist (@corneliuscirkelspark) / Heartmatter Artworks 

 

Agradecimentos a: Damaris Hoffman, Karina Somacal e Marcos Franke 

 

A convite de Marcos Franke e Damaris Hoffman, participamos da coletiva de imprensa online promovida pela Nuclear Blast com dois integrantes do MØL: o vocalista Kim Song Sternkopf e o baterista Ken Klejs. A descontraída conversa aconteceu das 16 às 17 de uma terça-feira já com pinta de verão, ao menos em São Paulo, enquanto ambos falavam da residência do frontman, até onde apuramos, em Aarhus, segunda maior cidade dinamarquesa e localizada na região de Midtjylland.

 

A condução ficou a cargo do grande “Marcão” e, além deste que vos escreve, doze colegas da mídia especializada direcionaram perguntas aos músicos. Em respeito a eles, daremos seus nomes e veículos, na ordem de interação: Guilherme Costa (Crash TV), Kenia Cordeiro (Acesso Music), Geraldo Andrade (Revista Freak), Gustavo Maiato (representando portal próprio), Augusto Hunter (Headbangers News), Bruno Rocha (Diálogos Do Escriba), Leandro Coppi (Roadie Crew), Giselly Vitória (Rock Em Síntese), Rocío Belén (The Resistance – Chile), Melissa Vicciconde (El Lado Oscuro – Uruguai), Ignacio B (Rock Legacy – Chile) e Emilio Marcelo Jozami (Rock A La Vena – Argentina).

 

Sem se manifestar, Jéssica Mar (Headbangers News) e Juliana Carpinelli (Big Rock N’ Roll) também marcaram presença e as indagações em português e espanhol tiveram traduções de Marcos Franke e Samuel Acevedo (El Quartel Del Metal – Chile) para o inglês. A pauta? Diversificada, porém na esteira do recém-lançado Diorama, segundo álbum do quinteto completado por: Nicolai Hansen, guitarrista e principal compositor; o guitarrista Frederik Lippert; e o baixista Holger Rumph-Frost.

 

Este escriba foi o penúltimo a pedir a palavra e abordou dois temas, a começar pela pandemia e como ela especificamente atrapalhou os projetos pessoais e profissionais da dupla, e quais passos precisaram ser congelados. Repare no nível de camaradagem entre eles, abrindo uma divertida digressão acerca de um meme...

 

Ken Klejs: Tínhamos muitas oportunidades interessantes de excursionar e também shows sensacionais alinhados em festivais que tivemos de cancelar.

 

Kim Song Sternkopf: Como o MetalDays [nota: festival esloveno], que teria sido um dos lugares mais legais para irmos...

 

KK: Sim, nesse sentido. E em nossas vidas, a pandemia afetou amplamente nossos trabalhos e os membros da banda estavam preocupadas se haveria mortes: “Sobre o que se trata essa pandemia?”. Queríamos estar seguros. E mais sobre a pergunta em questão, queríamos acho que... Estávamos planejando gravar de toda forma, então a pandemia foi meio que um empurrão, como: “É nisso que vamos focar agora. Nada de turnês, apenas compor o melhor álbum que pudermos com esse tempo ‘encontrado’ que tivemos”.

 

KSS: Sempre visualizei um meme que vi de um gato...

 

KK: [interrompendo] É um cachorro!

 

KSS: É um cachorro???

 

KK: Sim, um cachorro!

 

KSS: Enfim, com o mundo explodindo atrás dele e ele meio que: “Apenas estou escrevendo minhas músicas enquanto tudo isso está acontecendo no mundo”. 

 

KK: [completando] Segurando uma xícara de café e pensando: “Está tudo bem!”, sabe?

 

KSS: Não, não era esse! Era um em que...

 

KK: [interrompendo] Era um diferente!

 

KSS: Bem, tenho o meme escondido em algum lugar... Mas sempre me senti como se estivéssemos fechando nossos olhos e ouvidos ao mundo para meio que escapar, sabe? Essa é a intenção de nossa música, de todo modo: tentar escapar do que é horrível todos os dias.

 

KK: Mais ou menos viajando, acho.

 

Encerrando nossa contribuição, miramos o futuro, afinal de contas, na manhã do dia da entrevista, a Kerrang! [https://www.kerrang.com/the-news/emma-ruth-rundle-mol-slow-crush-and-more-added-to-arctangent-2022] havia confirmado o grupo no line-up do festival inglês ArcTanGent a ocorrer em Bristol de 17 a 20 de agosto de 2022 e trazendo Opeth, Cult Of Luna, TesseracT e Mono de principais atrações:

 

KK: [checando com o parceiro] Acho que a gente não está autorizado a dizer nada, certo?

 

KSS: Não!

 

Foto: Reprodução da gravação da entrevista online

 

KK: Então... Contratos, sabe, cara? [risos] Bem, teremos uma turnê pela Europa em fevereiro [nota: nove datas de 11 a 20 do mês, se o aplicativo e site Songkick estiverem corretos] e também temos um show na Alemanha, em Leipzig [nota: 11/12, de acordo com a mesma fonte]. Mas o Coronavírus voltou a atacar alguns países novamente e está se espalhando. Então talvez não consigamos e precisemos cancelar as datas das turnês de novo.

 

KSS: Sabe, é o tipo de coisa...

 

KK: [completando] Só podemos esperar pelo melhor.

 

KSS: Você só pode seguir em frente, pois fomos muito afortunados que os índices de vacinação estejam bem altos aqui na Dinamarca. Então conseguimos fazer nossos shows de lançamento e também alguns festivais. Mas sempre há esse sentimento de ameaça iminente de: “É... Isso pode não durar e simplesmente vamos para um novo lockdown”. Então se certifique de que você apertou os cintos e aprecie os momentos que está tendo.

 

KK: Sim, curtir os shows que estamos tendo e os fãs que conseguimos ver. É tudo o que realmente podemos esperar.

 

Sentiu falta de menções à sonoridade e estilo dos caras? O metal às vezes parece criar um rótulo por banda, mas caso busque uma referência, eles tocam algo permeando shoegaze e blackgaze, conforme destacado no bate-papo, seja lá o que isso significa... Na boa? Subgêneros não deveriam importar e sim a música. Logo, escute os quase quarenta e seis minutos de Diorama, sucessor de Jord (“Terra” em dinamarquês), descubra se o play te apetece e forme sua opinião.

 

Garantimos agradável audição do full length disponibilizado em 05/11, cujo tracklist possui característica bastante peculiar: os títulos das oito faixas têm um só vocábulo! Confira a arte e o tracklist:

 

 

 

01) Fraktur – 4’18”

02) Photophobic – 5’18”

03) Serf – 5’22”

04) Vestige – 5’38”

05) Redacted – 5’17”

06) Itinerari – 5’03”

07) Tvesind – 7’49”

08) Diorama – 7’13”


O álbum Diorama está disponível nas principais plataforma digitais: https://xn--ml-lka.bfan.link/diorama.ibi

 

Mais informações sobre MØL:

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Vagner Mastropaulo

Bacharel em inglês/português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site comoas melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)




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