A maior banda independente do Brasil está terminando o seu próximo álbum que vai ganhar o nome de “ninguém beija como as lésbicas”. Paulo de Carvalho conta como é ter uma banda independente.
O “Ninguém beija como as lésbicas” vai ser um CD conceitual explica pra gente como é esse lance?
Paulão: É uma história que está sendo contada faixa a faixa. Por isso, entre as canções, a gente tenta construir “cenários” com efeitos sonoros, frases.
Haverá um libreto à disposição de ser baixado no site pras pessoas, tal como numa ópera, acompanharem o enredo. Nos inspiramos em Pink Floyd, em The Who, guardadas, claro as proporções…é uma ópera tosca, uma espécie de musical apunkalhado.
Então o que ele vai ter de diferente de um Cd comum? Conteúdos extras? algo que quem comprar o Cd possa acessar na internet?
Paulão: Então, o Libreto… E no show vamos ter duas versões: o Standard, com algumas musicas do Cd novo e nosso clássicos que será uma versão com todas as canções do Cd, executadas em ordem e com os efeitos interfaixas no meio.
E Ninguém beija como as lésbicas?
Paulão: Sem duvida… Os homens beijam sempre pensando no próximo passo que é a penetração. Por mais que a gente evolua somos governados pela nossa rola.
No caso de duas mulheres se pegando o beijo é um meio e também uma finalidade. A língua governa com mais suavidade… se é que você me compreende (risos)
O Cd foi todo feito de forma independente? Um cd independente das Velhas Virgens é pago por quem?
Paulão: Pela banda, pela gravadora. Por vocês que compram nossos Cds e vão aos shows.
Além da banda os integrantes das Velhas Virgens trabalham?
Paulão: Sim…alguns em coisas ligadas á música mesmo, como Roy que toca em outros projetos, inclusive o Tutty frutti. O Cavalo cuida da gravadora e tudo que cerca a produção executiva de Cds, produtos, site e etc. Eu sou radialista e escrevo pra TV desde 1986. O Tuca é advogado e a Juju dá aula de canto…
E como é conciliar trabalho com a agenda de shows?
Paulão: É corrido… mas a gente se vira… a gente ama esta merda (risos)
Um dia o velhas pode deixar de ser uma banda independente?
Paulão: A atitude nunca vai desaparecer, mas trabalhar com mais estrutura seria do caralho. Mas não trocamos nossa liberdade por grana. “Esta puta aqui decide para quem dá e quanto cobra por isso”… e somos nossos próprios cafetões.
Quem quiser gostar da gente tem que encarar o que somos.
Enquanto o Cd está sendo finalizado vocês estão cuidando de figurino e montando um novo show. Você acha importante uma banda independente ter esse cuidado? dá pra seguir um roteiro no show durante a bebedeira?
Paulão: Sim… fazemos um show e usamos várias ferramentas: som, luz, cenário e figurino. No nosso caso é importante, mas cada caso é um caso.
Tem que seguir um roteiro, mesmo bebuns temos que ser organizados, ninguém paga pra ver um show que não sabe se vai rolar.
No seu blog a todo momento você fala do Corinthians. Nos shows dá pra ver uma tatuagem com o brasão do time.. Você acha que alguns fãs que torcem pra outros times podem não curtir esse lance?
Paulão: Todo mundo tem amigos que torcem para outros times, e ainda assim, ninguém sai se matando. Acho que os adversários preferiam que fosse pro time deles que eu torcesse, mas no fundo admiram minha coragem de assumir. Quando ganha é do caralho, mas quando o Timão perde sou alugado por todas as torcidas.
Extra: Clique aqui e veja a homenagem que Paulão fez para o Corinthians.
Ainda falando do seu blog, tudo que você escreve lá é verdade? Quem te incentivou a virar um blogueiro?
Paulão: Eu sempre quis escrever com uma periodicidade curta. O meu diário é praticamente todo real, mas às vezes há coisas muito pessoais que não posso descrever, mas o que cito é real sim….
E já teve problema com a banda ou com alguém por causa de algo que você escreveu no seu blog?
Paulão: Um amigo comeu uma gostosa e meu contou, e a mina é atriz pornô. Eu pedi pra ele me deixar contar no blog.
Inicialmente ele relutou, mas expliquei que comer uma buceta daquelas e não contar pra ninguém era a mesma coisa que cagar e limpar o cu com bosta.
Ele liberou a informação, e eu escrevi…. e a namorada dele deu-lhe um pé na bunda.
Na verdade, era o que ele queria…
No começo da banda vocês já chegaram a tocar por bebida? Tocariam de novo?
Paulão: Várias vezes (risos). Sim…
Falando em bebida, qual a porcentagem do seu salário é gasta com bebidas?
Paulão: Somando o que ganho na banda e no SBT, uns 30%
Como é a convivência do velhas com outras bandas que estão por ai na estrada? Vocês conseguem ajudar outras bandas?
Paulão: A gente pouco se encontra, mas sempre que me convidam pra participar de um Cd eu vou com prazer, se curtir o som. (risos)
Uma vez eu ouvi uma história que estavam pedindo pra vocês tocarem Raul e alguém da banda falou no palco “Vocês querem raul ? então vai comprar o CD” como você mesmo diz memória de bêbado é foda, eu não lembro quem me contou essa historia mas em todo o caso, se você se lembrar conta ela pra gente (risos)… E já emendo outra pergunta você acha que as bandas independentes devem forçam a galera nos shows a ouvirem o seu som?
Paulão: A história é essa, mas pediram Ramones., e nada contra pelo contrário amo Ramones. mas nos shows das VV, a prioridade é tocar VV. Se você ficar tocando som dos outros o povo nunca vai ouvir o seu. Tem que forçar e tocar o próprio sim…!
Paulão obrigado pela entrevista, sorte ai pra toda galera das VV. Se você puder deixa uma dica pras bandas independentes que estão ai na estrada.
Paulão: A dica é: creiam no seu taco… Comam poeira da estrada e façam as coisas por tesão ou por amor, nunca por grana. A GRANA ACOMPANHA QUEM FAZ O QUE GOSTA.
William Lima
Programador responsável pela estrutura do site Alquimia Rock Club, Desenvolve sistemas para Internet. Trabalha na área desde 2005.