Impossível olhar para a história do Heavy Metal nos últimos 20 anos e negar a importância e a surpresa que o Opeth vem causando com seu Death Metal carregadíssimo de linhas progressivas, criando um estilo único e inimitável. E para comemorar esses vinte anos de banda, o Opeth lançou o Box In Live Concert at the Royal Albert Hall, em quase três horas de uma apresentação soberba que a banda fez na tradicional casa londrina de espetáculo.


O box vem com 2 DVDs e 3 CDs retratando o show na íntegra que foi dividido em três partes: na primeira, a banda tocou na íntegra o considerado seu melhor trabalho até o hoje, o mais que aclamado Black Water Park e na segunda parte, canções de toda a sua carreira, desde o primeiro disco Orchid até o último lançado, Watershed, tocados de uma forma cronológica durante a apresentação. A produção é excelente e priorizou deixar o mais natural possível, tanto que a voz gutural de Akerfeldt no começo não estava em todo seu poder, que foi sendo concertado pelo vocalista/guitarrista durante o show, chegando em plena forma assustadora no meio do concerto e as pequenas falhas em alguns solos de guitarra, percebendo que, se aqui foi usado o recurso de “overdub”, foi muito pouco (inclusive na última canção, The Lotus Eater, a guitarra de Fredrik Akesson falha grosseiramente, mas a experiência no guitarrista e a emoção do público faz tornar o erro em uma das mais memoráveis parte da apresentação. Visualmente, chega ate ser divertido a reação dos músicos no placo)


O disco Blackwater Park foi tocado com pouquíssimas interações da banda com o público, priorizando realmente o disco. E músicas do porte de Bleak (a melhor composição deles em minha opinião), Harvest e Blackwater Park ficaram ainda melhores com o passar do tempo. A segunda parte, com surpresas musicais do porte de Advent, The Moor e Harlequin Forest é algo surreal; não tem como negar que as escolhas das músicas para representar a carreira da banda foram certeiras, e ainda assim faltou algumas: o show teria que passar das três horas para ter um set perfeito. E nessa segunda parte do show a ironia de Akerfeldt se faz presente… é hilário quando ele começa a destilar suas palavras quando avisa o público da gravação do DVD: “O problema com esse filme é que o povo do Metal são feios pra cacete”, entre outras frases tão engraçadas quanto essa. O box tem também uma entrevista de aproximadamente 40 minutos onde Akerfeldt fala sobre banda e experiências por qual passou em vida.


A arte gráfica é um show a parte, principalmente pelas diretas referências às influências da banda. Se pensaram em alguma banda extrema, estão errados, pois a capa é uma quase réplica do cultuado disco Concert For Group and Orchestra, do Deep Purple, que foi gravado no fim dos anos 60 ao vivo pela banda e uam referência a uma foto da banda Camel, onde tiraram uma foto nas escadarias da entrada da casa quando fizeram uam apresnetação nos anos 70; a foto é também uma quase réplica, imitando angulo e cores. E para quem tem uma graninha a mais, a banda lançou uma versão luxuosa do box, onde os três CDs foram substituídos por maravilhosos vinis de 180 gramas com arte exclusiva, uma litografia numerada desenhada pelo próprio Akerfeldt ao lado do conhecido ilustrador do meio Heavy Metal Travis Smith e um livro de fotos de 20 páginas do tamanho do vinil.


Em tempos que cada vez mais bandas lançam trabalhos comemorativos que, mesmo saindo um pouco além das contas de muitas pessoas, dão o melhor para os fãs sempre com bônus e surpresas – ate sendo um combate direto à pirataria -, esse box acaba sendo um dos melhores lançados. E, convenhamos, ver um show do Opeth, mesmo que em DVD, é bom demais...

Abaixo vocês podem ver um trecho oficial do DVD, com a música Wreath:

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.