Resenhas

John Wetton - 2011 - Raised In Captivity

Por Fabiano Cruz | Em 28/07/2011 - 21:43
Fonte: Alquimia Rock Club

John Wetton realmente já pode ser considerado uma lenda viva. Além de exímio baixista e vocalista do qual já passou por bandas como King Crimson, Uk, Asia, entre outras e em inúmeros projetos, é também um compositor de mão cheia, onde comprova nesse seu mais novo trabalho solo, Raised In Captivity. Musicalmente o trabalho é complexo; claro que é bem calcado no chamado AOR cheio de belas melodias e harmonias, mas se expande muito passando pelo Progressivo, Hard Rock, até mesmo a algumas passagens mais Pop, mas em nenhum momento o disco se perde pelo caminho: pelo contrário, é muito bem conduzido e composto, tornando a audição bem natural (como deve ter sido também a criação das composições)


Mas o “fino da coisa” fica pelos inúmeros convidados que Wetton chamou para as gravações, onde acertou em cheio. O lado mais “rocker” fica por conta da abertura com Lost For Words e a participação de Steve Morse e New Star Rising com Mick Box nas guitarras; e que riffs maravilhosos foram gravados! Outra bem agitada é a faixa título e surpreende por ter o “mago” Robert Fripp ao lado do Wetton: quando vi o nome dele juro que escutaria “aquele” progressivo, afinal criaram músicas maravilhosas no King Crimson, mas Raised in Captive beira bem o Hard Rock (principalmente pelas levadas), mesmo com algumas “viagens” de leve no meio dela. The Last Night of My Life, com a participação do guitarrsoat de Jazz/Fusion Alex Machacek, tem uma levada mais “pop”, lembrando muito os trabalhos de Sting com o The Police (o que também supreende pelo Alex tocar nesse estilo). Wetton impressiona com uma belíssima faixa folk com contornos épicos Steffi’s Ring, gravada com Geoff Downes, algo que os dois poucos fizeram. O lado mais Progressivo foi gravado em duas participações de Tony Kaye, que teve efeitos e teclados muito bem pensados na pesada e quase blues The Human Condition e na balada Don't Misunderstand Me. O disco fecha com o melhor momento do trabalho: uma peça que beira os belos momentos do Symphonic Prog com um “quê” de New Age – com direito a um leve coral barroco em algumas partes e orquestra - Mighty Rivers, onde Wetton divide os vocais com a bela Anneke Van Giersbergen; a música é de uma beleza ímpar com uma melodia e atmosfera que realmente nos prende e nos faz viajar em seus caminhos sonoros. Arrisco a dizer sem medo que é uma das melhores composições de Wetton.


Mesmo com inúmeros convidados diferentes e sendo um trabalho totalmente eclético por parte de Wetton, não soa uniforme, e muito disso se dá pela excelente produção e mixagem de Billy Sherwood, mostrando mais uma vez do porquê muitos músicos do meio progressivo o chamam para produzir seus trabalhos: som cristalino, bem equalizado e timbres muito bem escolhidos. Um trabalho que pode soar estranho a quem não está acostumado em ouvir um disco com inúmeras referências musicais, mas totalmente indispensável para quem curte o(s) estilo(s) citado(s) nessa resenha e amante de uma boa música.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.