Resenhas

Septicflesh - 2011 - The Great Mass

Por Fabiano Cruz | Em 15/08/2011 - 21:58
Fonte: Alquimia Rock Club

Ao colocar os fones nos ouvidos e caminhar um pouco nas ruas perto de casa, minha forma de trabalhar e prestar atenção nos discos para resenhas no Alquimia Rock Club, logo nos primeiros segundos de The Vampire From Nazareth minha reação foi parar no meio da calçada e ficar estagnado com a avalanche de sons e notas que esses gregos estavam soltando e pensando “pqp, o que é isso que to ouvindo?” Fato que hoje em dia poucas bandas realmente me assustam com algum trabalho, e o Septicflesh conseguiu. The Great Mass é um dos melhores discos que já escutei dentro do Heavy Metal, sem nenhum exagero; as composições são fortes, pesadas e foram compostas de um jeito que as partes orquestradas não fossem mais uma base ou somente fortificando passagens melódicas e ou harmônicas, e sim tratadas como elementos composicionais separados que dão um clima sombrio à base violenta do Death Metal da banda.


Méritos ao guitarrista Christos Antoniou – formado em composição erudita – que soube muito bem explorar tanto os elementos orquestrais como os elementos do Death Metal. A começar pelas jogadas de voz, onde o contraste do gutural de Seth Siro Anton (voz, baixo) da voz limpa de Sotiris Anunnaki (voz, guitarra) foram trabalhadas de um jeito que não se perdem entre si ou que em nenhum momento uma se sobressai sobre a outra – fato que em muitas bandas que usam esse recurso normalmente o gutural soa mais forte. A banda é coesa, violenta, técnica; os riffs das guitarras são pesados e rápidos e os solos são de notas escolhidas de muito bom gosto, enquanto a “cozinha” é firme e sustenta toda a caoticidade das guitarras e as harmonias da orquestra, dando destaque ao baterista Fotis Benardo: como toca! Em algumas partes ele soa totalmente insano, como um carro desgovernado a 200 por hora! E a orquestração... como já disse, foi claramente composta de uma forma que soe independente (dá inclusive a impressão que a parte orquestral foi composta antes mesmo da parte da banda) mas que ao mesmo tempo não dá para imaginar as composições sem ela; por todo o disco as passagem orquestradas se gladiam em um jogo de força (sabiamente composta por Christos) com a banda, muito bem tocada pela Orquestra Filarmônica de Praga, que contou com 150 membros na gravação – isso sendo mais um ponto para a banda, pois não usou recursos tecnológicos para simular um aorquestra!


Destaques? Impossível, todas as músicas são de um primor inimaginável; o disco todo é envolto de surpresas onde o ouvinte dificilmente vai saber para onde os caminhos musicais vão. Mas o peso de Five-Pointed Star (que inclusive o peso se estende à parte orquestrada), a insana e caótica Mad Archited (um soco na cara com as técnicas de execução instrumental pela Orquestra bem voltadas às técnicas mais contemporâneas), a belíssima Oceans of Grey (que tem um trabalho vocal meio operístico bem sutil que causa muito parte da atmosfera) e a bem melódica e pesada Rising (com um refrão grudento e conta com uma das melhores performances de Fotis) são as que chamam mais a atenção do ouvinte. Um trabalho perfeito e primoroso que colocará o Septicflesh de vez entre os nomes do Heavy Metal que vem crescendo e inovando, sem medo de arriscar, cada vez mais.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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