Falar de um clássico absoluto sempre é complicado, pois são trabalhos que já foram destrinchados por inúmeros sites e revistas pelos mais variados nomes e formas de visões. Ainda mais se tratando de um disco com quase 40 anos e considerado um dos pilares da história do Rock’ n’ Roll. Dark Side of the Moon marcou época pela complexidade melódico-harmoniosa (pode não parecer em momento, mas as músicas, todas são de uma genialidade ímpar, em estruturas musicais muito bem pensadas) e pelo conceito no trabalho, onde em um mundo que o Progressivo e a Psicodelia pregava a paz e temas fantasiosos, o Pink Floyd praticamente fincou o prego numa época em que a música popular – principalmente o Rock – viria a se tornar mais melancólico e real, falando da própria humanidade em temas que praticamente, mesmo sendo belíssimos, em certo ponto chocou as pessoas e fizeram elas pararem para pensar “É esse mundo em que vivemos?”


Com o anúncio da turnê de Roger Waters anunciando uma produção baseada no The Wall, os nomes envolvidos com o Pink Floyd não perderam tempo e lançaram o box Discovery Boxset, onde os 14 trabalhos foram remasterizados. Mas três dos mais importantes trabalhos, memso contendo no Box, viriam em edições mega-especiais e luxuosas, chamadas de Experience (com três discos de áudio) e Immersion (com três discos de áudio e três DVDs). O Dark Side of the Moon foi o primeiro (os outros dois serão o The Wall e o Wish You Were Here) e o Alquimia Rock Club teve acesso à versão Immersion.


Bem, o primeiro disco traz a mesma remasterização do Box; para quem acompanha os relançamentos, esse não traz nada inovador – inclusive se parece muito com a remasterização lançada em 2003, não diferenciando muito. Os “diamantes” estão mesmo nos outros discos, a começar pelo segundo onde traz um show gravado em 1974 e nomeado como “Live At The Empire Pool, Wembley, London 1974“. Tocando o Dark Side of the Moon por completo – método que a banda adotaria a partir desse ano, onde tocou nas turnês os seus lançamentos inteiro nas apresentações – temos um dos mais belos registros da banda em seu ápice de criatividade – basta escutarem e se deliciarem com os improvisos na Money.


O outro CD de áudio é maravilhoso, principalmente nos dias de hoje, onde ainda escutamos material inédito da banda. Temos nesse disco o Dark Side of the Moon a sua primeira mixagem feita em 1972; percebemos a evolução das canções se compararmos com o disco lançado em 1973. Algumas músicas não diferem muito, mas outras são completamente diferentes, como The Great Gig In The Sky, onde nessa primeira versão não temos a onírica e surreal voz da cantora Clare Torry, imortalizada por seus vocalizes na versão definitiva, ou os primeiros improvisos do saxofonista Dick Parry. Vale prestar também atenção às mudanças de arranjos pela banda, principalmente dos teclados de Rick Wright. Completando, temos duas versões temos: uma somente com Wright e seus mágicos teclados na criação de Us And Them e uma com Waters empunhando um violão e tocando os riffs e melodias da Money numa versão acústica. Faixas raras ao vivo fazem presente, com as inéditas The Travel Sequence e The Morality Sequence (embriões do que seriam alguns riffs e melodias presentes no disco e bem conhecidas pelos caçadores de bootlegs) e uma versão ao vivo maravilhosa para Any Colour You Like.


Os DVDs completam a “festa”. O primeiro dos três tem o Dark Side of the Moon em três formas de engenharia de som: 5,1 Surround Mix na resolução padrão de áudio a 448 kbps e 640 kbps (lançado em 2003 somente em SACD e feito por James Guthrie); Mix Quad na resolução padrão de áudio a 448 kbps e 640 kbps lançado originalmente em vinil e feito pelo engenheiro Alan Parsons; e em Mix PCM Stereo. O DVD 02 traz a banda ao vivo em 1972 na cidade de Brighton, tocando Careful With That Axe, Eugene e Set The Controls For The Heart Of The Sun (ambos material inédito); o documentário sobre a produção do Dark Side of the Moon lançado em 2003 e vários materiais das turnês entre 1973 e 1975. O último DVD é um Blue-ray com todo o material já apresentado.

Para completar a edição, vários materiais extra, como um livreto de 40 páginas, réplicas dos bilhetes e credenciais da turnê, cards, artes baseada no disco. Um lançamento maravilhoso, onde a preocupação em mostrar algo novo de um clássico aos fãs foi priorizado. Agora somente nos resta aguardar os próximos lançamentos!
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.