Resenhas

Peste Noire - 2011 - L'Ordure à l'état Pur

Por Fabiano Cruz | Em 31/10/2011 - 20:25
Fonte: Alquimia Rock Club

O Peste Noire, desde que começou suas atividades, vem aos poucos tomando conta do cenário Black Metal francês e incomodando alguns seguidores da Horda mais radicais. Apesar de seu som ser blasfemo e um “soco na cara” pelas suas letras serem cheias de revoltas e patriotismos – muitas delas verdadeiros hinos contra a hipocrisia e o sistema governamental visto hoje em dia no mundo, principalmente na França -, o mentor La Sale Famine de Valfunde pensa além de riffs rápidos, blast beats e melodias dissonantes, muitas vezes deixando o som bem voltado ao punk, outras vezes um tanto caricato. No novo trabalho L'Ordure à l'état Pur, o quarto registro da banda, ele extrapola os limites impostos do gênero tão odiado.


A banda mistura ao seu som já bem diversificado os sons de cabarés franceses, o som de compositores clássicos na época do Impressionismo, os sons eletrônicos que muitas bandas estão usando hoje em dia em gravações. A abertura com a estranha Casse, Pêches, Fractures et Traditions chega a assustar com a ousadia da banda; riffs Ska misturados à uma aura de cabaré, deixa o som muito caricato, uma ironia à própria cultura francesa – percebam como a inclusão de um som de arcodeon no meio da música tem essa sacada -, onde uma letra que incomodará os mais puristas de plantão, cheio de revolta, blasfêmia e perversidade. Onde parece que o disco seguia por esse caminho, Cochon Carotte et les sœurs Crotte traz bateria eletrôncia e uma base em alguns momentos que beiram a Disco Music... As duas partes de J’avais rêvé du Nord exalam à revolução e revolta; e torna o disco em contornos mais sérios. O riff de guitarra aqui é um dos melhores que já ouvi no trabalho da banda e possui uma bela melodia, principalmente na parte qase acústica onde a inclusão da voz de Audrey Sylvain contrasta com violões arpejados e violinos, ou mais pro fim da primeira parte onde magistralmente a banda toca melodias e riffs que lembram bandas clássicas da NWOBHM. As duas últimas faixas, Sale Famine Von Valfoutre e La Condi Hu, os experimentalismos mais radicais visto nas primeiras canções são deixados de lado e vemos típicas músicas que o Peste Noire gravou nos cultuados primeiros trabalhos. O disco tem uma produção de primeira, mas não deixa de lado a “sujeira” imposta nos discos anteriores, deixando um pouco o ar de underground


Gênio? Maluco? Impossível dizer... Mesmo com canções caricatas e estranhas, o disco não é ruim. Lançado meio sem alarde, na hora que vir à tona vai ser muito comentado. Como já disse, o disco incomoda pelo clima, pelas letras, pelo conceito (so para sacarem, a capa que satiriza uma famosa obra de arte francesa tem o título de “Do Lixo ao Estado Puro” traduzido ao pé da letra, já mostrando na capa os dizeres da banda), por outro lado, Blackmetallers mais purista acharam o disco um verdadeiro lixo. Deixando de lado os incômodos, é um trabalho muito bem composto e um dos mais usados que já escutei.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.