Oito anos após o último trabalho de estúdio. Um vai e vem de vocalistas que pode acabar de vez como trabalho de anos de uma banda. Quando o Anthrax anunciou que Belladona voltaria ao vocal da banda – depois de já ter voltado uma vez em 2005 – muitos ficaram com um pé atrás, mas a banda em shows com o Big 4 convenceu. Regravaram todo um material que tinham com Dan Nelsone e lançaram Worship Music. Resultado de idas e vindas, regravações e burocracias e problemas com ex-vocalista? Um dos trabalhos mais fortes e criativos da banda e do Heavy Metal.


Os fãs queriam saber como viria o disco. Belladona está cantando como nunca em passagens que realmente surpreende; ele não inovou em nada, porém dentro daquilo que sempre fez ele aperfeiçoou muito bem. Os riffs de Scott Ian e Rob Caggiano foram muito bem compostos, tornando o disco repleto de passagens de guitarra maravilhosos – inclusive também em se tratando de melodias e solos e a “cozinha” de Frank Bello e Charlie Benante ta mais firme como nunca. E a banda não economiza nas pauladas: a trinca de começo com Earth on Hell, The Devil You Know e Fight’ Em Till You Can’t soa como um “tapa na cara” de quem escuta o trabalho. Mas a banda soube diversificar o material – sem esquecer o peso! – como The End que soa épica em certos momentos, a cadenciada I’m Alive e a melódica – e, para mim, a melhor do trabalho – Judas Priest, com a banda em um momento mágico de pura inspiração.


Duas coisas têm que ter o destaque. Primeiro, a produção. O disco é perfeito em tudo na gravação, principalmente os claros cuidados que tiveram com a voz do Belladona; o baixo e bateria também soam firmes e nítidos, com os graves muito bem definidos (coisa rara hoje em dia: ou soa tudo grave ou não escutamos o baixo e bumbo...). Segundo, as letras! A banda conseguir falar de religião sem soar blasfema ou fanática, mas sim com uma ironia, como no começo de I’m Alive: “Look into my holy eyes/ An empty smile/ And you’re hypnotized Selling lies my enterprise/ The sheep just get in line”. Todo o conjunto deixa o trabalho extremamente carismático e, como já disse, forte, o tornando um dos melhores trabalhos do ano.

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.