Uma história sobre as formas de comunicação e suas tecnologias nos últimos 100 anos de humanidade. Um assunto corriqueiro e ao mesmo templo complexo que Andy Tillison, tecladista, vocal e mentor do The Tangent, fala com extrema naturalidade no maravilhoso trabalho da banda. COMM (para quem não sabe, COMM é uma abreviatura muito usada para a palavra “communication”) é um trabalho que resgata os anos mágicos do Rock Progressivo sem perder o olho no futuro do estilo. Cinco peças de deixar qualquer um de queixo caído, COMM é o ápice da criatividade que o The Tangent chegou.


Sempre mudando de formação, dessa vez a surpresa fica por conta do guitarrista Luke Machin, onde os arranjos e texturas de guitarra chegam a ser superiores que em outros trabalhos do The Tangent – e olha que isso é um trabalho duríssimo, quem acompanha a banda sabe. Outro ponto forte fica por onta da participação de Theo Travis, grande nome da história do Progressivo, onde tem grandes gravações pelo Soft Machine com seu sax e flautas. As chaves do trabalho são pelas duas canções longas e épicas. A primeira, e que abre o trabalho, Wiki Man, é a mais complexa com variações de extremo bom gosto, com detalhes caprichados na composição; a letra é fantástica, sobre como a comunicação trabalha nos dias de hoje via a web. Titanic Calls Carpathia é mais “emotiva” e melódica, mas não deixa de ter uam quebradeira surreal no meio dela. A intro calma e bela é perfeita para acompanhar a letra que fala sobre como o Código Morse ajudou no resgate de sobreviventes do Titanic. Das três outras canções, o destaque fica por conta de Tech Support Guy, com um perfeito riff de guitarra e licks de flauta muito bem encaixados em pequenas aulas de Travis. Pelo disco todo temos muito das cores do Jazz/Fusion, principalmente pelas linhas feitas em um baixo fretless.


Os detalhes musicais são muitos; os arranjos e timbres que, por exemplo, Tillison escolhe nos teclados durante o trabalho foram muito bem pensados e estudados. Todos os músicos que gravaram COMM tem seus momentos de brilho, e isso com a produção cristalina ajuda muito, pois ouvimos instrumento por instrumento sem embolação nenhuma, até nas partes mais quebradas. A belíssima arte mostra muito bem o espírito do trabalho que, para a alegria dos fãs, vem em três versões fora a “comum”: CD em uma edição limitada com bônus, em LP e em download. Um excelente trabalho mostrando que o Rock Progressivo, mesmo hoje em dia sendo bastante “undergroud” tem ótimas bandas. Imperdível!
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.