Deep Purple - 2011 - With Orchestra Live at Montreux
Sem lançar nenhum material de estúdio desde o Rapture of Deep de 2005, o Deep Purple continua lançando material ao vivo para a alegria dos fãs; esse mais novo lançamento segue Deep Purple with Orchestra Live at Montreux 2011 a banda aposta novamente em produções já realizadas anteriormente, porém, como sempre, sem errar a mão. Digo em produções já realizadas pois o Deep Purple aposta novamente em mais um álbum com orquestra e mais uma vez no festival de Montreux, famoso festival musical francês considerado um dos maiores e mais bem organizados do mundo.
Para quem viu a banda recentemente em sua passagem ao Brasil, o set list não traz grandes novidades. Clássicos absolutos como Highway Star, Maybe I’m a Leo, Perfect Strangers e Hush são indispensáveis a qualquer show da banda, e “surpresas” aparecem pela duração da apresentação como No One Came e Hard Loving Man. Falar da atuação dos músicos é idiotice, todos já sabemos o valor de cada um. Steve Morse já se integrou de corpo e alma à banda onde os clássicos já soam naturais ao seu estilo mais blues/jazz (indo ao contrário do estilo neo-clássico do – para alguns fãs mais “cegos” – sempre eterno Blackmore). Don Airey, por sua vez, já se sente à vontade tomando o lugar de Jon Lord, cujos teclados foram a “alma” da banda desde a sua fundação; também adaptando um pouco as canções ao seu estilo, muitos solos são fiéis ao de Lord, mas tem seu espaço em um solo pra lá de legal. A cozinha de Ian Paice e Roger Glover... Bem, anos e anos tocando junto, o que poderia sair? Perfeita. Mas, sempre quem rouba a cena, é um dos maiores vocalistas do Hard Rock, Ian Gillan... Sua voz já não é mais potente, devido à idade e aos abusos em vida, mas mesmo com uns errinhos aqui e ali, Gillan continua cantando muito. Um dos fatores foi a banda baixar alguns tons em músicas altas, como em Lazy e Space Truckin’, e mesmo assim Gillan arrisca algumas notas altas!
Mesmo com uma produção acima da média e som cristalino e, no caso do DVD, imagens perfeitas, ainda o trabalho tem algumas ressalvas. A primeira é o uso da orquestra. Tudo bem que aqui está diferente daqueles discos “band meets orchestra”; aqui os arranjos foram mais estruturais e de riffs e bases, algo como os arranjos de Big Bands. Seria perfeito se fosse mais utilizado... Tirando a abertura, Knocking At Your Back Door, Perfect Strangers e When a Blind Man Cries, os arranjos orquestrais mal são notados ou mesmo não tem, deixando muito em segundo plano essa parte do trabalho (e a balada acaba sendo a melhor parte da apresentação, devido aos arranjos orquestrais e a excelente interpretação de Gillan). Segundo, o Deep Purple poderia apostar bem mais em canções do Purplendicular prá cá, onde tem ótimas canções e pouco são lembradas; um próximo set seria perfeito com a banda sabendo equilibrar o passado clássico com o material mais novo
A versão em DVD ainda conta com um disco extra com entrevistas e backstage da turnê com orquestra, que se realizou ano passado somente nos EUA e Europa (foi a mesma que passou na América do Sul, por conseqüência no Brasil (link) e na Ásia, podem esses lugares somente a banda em placo. Mais um trabalho acima da média dessa que é uma das maiores bandas da história do Rock’ n’ Roll; agora vamos esperar se finalmente entrem em estúdio para um novo trabalho de inéditas. Lenha pra queimar, os “velhinhos” ainda tem!
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.