Cathedral - 2011 - Anniversary
É realmente triste quando uma banda anuncia seu término de atividades. E fica em um alto tom melancólico quando sabemos da importância histórica dela para um estilo musical. Considerado um dos “pais” do Doom e do Stoner, os britânicos do Cathedral deixaram um legado enorme em discos memoráveis, obrigatórios para quem gosta dos estilos em questão, mas um conjunto de fatores – incluindo ai a queda de vendas de discos pela pirataria e a falta de apoio a um estilo musical que até nos dias de hoje ainda permanece no underground da cena metálica – fez com que Lee Dorian e Gaz Jennings, as cabeças criativas por trás da história da banda, repensassem o futuro do Cathedral. E a solução foi justamente encerrar as atividades.
Anniversary, mesmo com o tom melancólico, celebra os 21 anos de banda. O show gravado no fim de 2010 no London’s Islington Academy foi dividido em dois CDs. O primeiro titulado de Back To The Forest é de deixar qualquer fã da banda em estado de êxtase. Depois de anos, Mark “Griff” Griffiths, Adam Lehan e Mike Smail se juntam ao Dorian e ao Jennings para tocar na íntegra o seminal Forest of Equilibrium, um dois trabalhos mais importantes do Heavy Metal. Pesado, monolítico, mágico, os anos para composições do porte de Comiserating The Celebration (Of Life), Ebony Tears e A Funeral Request parecem não ter passados... Distorções aqui e ali, a banda praticamente recriou as composições para esse disco ao vivo; basta perceberem nos melhores momentos da gravação com Soul Sacrifice e Equilibrium.
Freak Winter, o segundo disco, já conta com a formação que mais durou no Cathedral, onde junto aos fundadores se integra Brian Dixon e Leo Smee para tocar clássicos e mais clássicos. Funeral of Dreams, do último trabalho de estúdio, abre essa parte do show de uma maneira tímida, mas depois... Bem, como resistir a maravilhosas canções como Midnight Mountain, Cosmic Funeral, Corpsecycle, Vampire Sun, Ride... A qualidade das músicas não deixa a “peteca” cair em nenhum momento, principalmente naqueles mais “viajados”, como em Carnival Bizarre e Night of the Seagulls. Claro, o disco termina com a mais que clássica Hopkins (Witchfinder General) com seu genial riff de guitarra, uma verdadeira aula...
Muito bem gravado, o disco preserva a aura mágica de um show do Cathedral (o Alquimia Rock Club presenciou sua apresentação no Brasil) perfeitamente, inclusive as performances vocais de Dorian e, com maestria na masterização e mixagem, as distorções e em alguns momentos o som cavernoso não deixou nada embolado nas músicas.
Mesmo com essa despedida e anúncios da banda, o Cathedral ainda vai deixar o último legado, um disco de estúdio a ser lançado ainda esse ano, onde Dorian já avisou que será um trabalho que mostrará todas as fases e influências da banda durante esses mais de 20 anos. Com lágrimas e tristeza, esperamos o último capítulo da história do Cathedral...
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.