Ouvindo Tatoo logo na abertura, juro que em poucos momentos passei a não esperar muito do novo disco do Van Halen. Ok, novo trabalho depois de 14 anos e a volta do “eterno” vocalista Dave Lee Roth deram certa apreensão por parte, não somente dos fãs, mas de toda a mídia de como seria esse disco. Com Wolfgang, filho de Eddie, comandando as quatro cordas ao lado do restante da formação original (e tornando assim uma banda literalmente familiar), o Van Halen tinha que provar o porquê dessa volta. She’s the Woman, uma composição dos primórdios da banda e riifs marcantes, seguida da divertida e seu refrão marcante You And Your Blues, levantou um pouco meu astral em relação ao disco. A partir daí meu amigo...


A pancadaria come solta começando por China Town e seus bumbos duplos mortais de Alex; Blood And Fire revista os sons mais cadenciados, porém com um peso absurdo; As I Is tem riifs de guitarra extremamente rápidos e técnicos e Honeybabysweetiedoll vem com uma veia experimental de arrasar quarteirões! A banda, mesmo com problemas que passou, continua no mesmo nível que sempre teve... David Lee Roth não tem mais sua voz de outrora, porém sabiamente soube conduzir da melhor maneiras os timbres adquiridos pela idade (coisa que somente mestres do canto sabem fazer), usando e abusando de variações. Alex esmerilha sua bateria sem piedade nenhuma e Wolfgang mostrou com técnicas apuradas o porquê de estar ao lado de seu pai; esse que, aliás, continua o mesmo: a guitarra de Eddie continua sendo uma metralhadora de riffs, solos espetaculares, técnica perfeita. Nem parece que ficou 14 anos “parado” ou que passou maus momentos....


O destaque talvez fique com as três seguintes canções, tocadas na sequência: The Trouble With Never é “hard setentista” puro em sua essência (e nessa faixa Wolfgang mostra o que falei acima), Outta Space é um “tapa na cara” com sua rifferama direta e sem rodeios e Stay Frost ficou hilária com o típico bom humor da banda em seus primeiros anos – a performance vocal de David aqui arranca risos!


O Van Halen não traz nada de novo, pelo contrário, passa por todas as fases que teve, mas mesmo assim não soa datado. Timbres muito bem estudados e pesquisados, produção cristalina e a qualidade de cada um tornaram esse disco já um dos melhores de 2012. Pode não ser um clássico do Van Halen, mas mostrou a banda ainda em ótima forma, pronto para retomar seu lugar no topo do Hard Rock.
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.