Com o som meio orquestral cheio de cordas de Road Salt Theme, já percebemos que Road Salt Two seria diferente daquilo que o Pain of Salvation fez na primeira parte. A sonoridade que Daniel Gildenlöw quis atingir, continua lá, com aquele som carregado de suas influências setentistas e antigas, porém, ao contrario do certo desespero e angústia de Road Salt One, aqui as composições vão para um lado mais melancólico e arrastado; o clima já sentimos logo na capa, um tanto quanto escura e profunda.


Sem muitos experimentalismos dos trabalhos anteriores, o Pain of Salvation trabalhou as músicas com afinco, tornando um disco cheio de passagens brilhantes. Desde as mais melancólicas como Softly She Cries à canções com uma complexidade nos arranjos, como To the Shoreline, o trabalho se mostra extremamente criativo por todos os caminhos que Daniel e os músicos adentram durante o trabalho: os riffs arrastados e pesados de Eleven, os ares rústicos com violas e bandolins de Healing Now, os efeitos psicodélicos e progressivos de The Deeper Cut.. Ao lado da já citada Softly She Cries, o destaque fica por conta de The Physics Of Gridlock, que sintetiza perfeitamente todos os turbilhões de emoções que o Pain of Salvation passou nas duas partes de Road Salt.


O Pain of Salvation é daquelas bandas que nunca prevemos como virá seus trabalhos. Após se perderem um pouco em sua discografia com trabalhos cada vez mais grandiosos, sabiamente Daniel pisou um pouco no freio e lançou Road Salt em duas partes que, mesmo diferentes entre si, se completam. A rusticidade e timbres escuros e sujos deram um “up” a mais no trabalho da banda, e tornou as duas partes em grandes trabalhos em sua discografia. Resta o Pain of Salvation colher os frutos...
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.