Flying Colours - 2012 - Flying Colours
Junte exímios músicos, um produtor acima da média e a Arte Musical na Alma, sem se preocupar com vendas, estilos e afins, o que teremos? Com certeza, se fluir a química e não ter aquela “guerra de egos”, todos jogar e tocar em prol da Arte, um trabalho perfeito e maravilhoso em mãos. Foi a sensação que tive ao ouvir os sete minutos de Blue Ocean, uma faixa onde as notas soam harmoniosas e de uma beleza única, com todos os músicos mostrando suas qualidades mas sem nenhum se mostrar o “chefe” da banda. Claro com nomes como Mike Portnoy, Steve Morse, Neal Morse, Dave LaRue e Casey McPherson envolvidos, isso não seria diferente.
Flying Colours partiu de uma idéia do produtor executivo Bill Evans e do incansável Portnoy de formar uma banda com músicos de renome internacional dentro do Rock com uma sonoridade e uma voz um pouco voltado ao Pop. A sonoridade da banda é única, perfeita. Difícil falar o que seria; o disco tem pitadas de Heavy Metal, Pop, Funk, Hard Rock, Fusion, tudo num caldeirão que a banda conseguiu ter sua originalidade em onze dias de trabalhos composicionais e gravações.
Pelo fato do Portnoy e Neal Morse já tocarem juntos no Transatlantic e Steve Morse e LaRue no Dixie Dregs ajudou muito na interação entre os músicos, mas não podemos ter nada que já gravaram como referência a esse disco. Claro, muitas coisas lembram um pouco suas bandas, como Shoulda, Coulda, Woulda e seus riffs “purplenianos” ou na “prog-épica” Infinite Fire, que passaria desapercebida em qualquer disco do Transatlantic, mas param nas lembranças. A identidade única é vista em faixas como The Storm, uma canção belíssima com harmonias de arrancar lágrimas, na balada Everything Changes que mostra genialidade nos caminhos melódicos que a banda percorre e na “reinvenção” do Heavy Metal em All Falls Down.
McPherson surpreende em como ficou à vontade no meio da banda e trabalhou muito bem sua voz; dono de um rico e quase aveludado timbre, deu uma identidade forte às canções e mostrou um excelente vocalista em dominar várias técnicas. LaRue destila toda sua inteligência no baixo, colocando o instrumento numa ”linha de frente” e mostrando que os graves podem sim ser construtores de belas melodias e harmonias (algo que no Rock foi mio deixado de lado esses conceitos). Exagero? Não, escute Forever in a Daze e preste atenção à aula de slap e construção de linha de baixo que ele dá. Neal Morse, aqui um pouco mais contido que no Transatlantic e em seu trabalho solo, não é menos genial; trabalhando com harmonias e texturas, dá a dimensão sonora perfeita para o Flying Colours; a “queeniana” Love is What I'm Waiting For é um dos melhores momentos do tecladista em sua carreira, com suas harmonias simples, mas essenciais à música. Portnoy se mostra mais uma vez um dos melhores bateristas que temos hoje em dia; esqueçam suas viradas virtuoses e bumbo duplo à velocidade da luz, Portnoy aqui mostra técnica apuradíssima e uma inteligência musical acima da média, e ainda se arrisca muito bem como cantor na faixa Fool in My Heart, mostrando ser também um grande conhecedor de melodias. Mas o destaque... Steve Morse não precisa mostrar nada a mais ninguém, mas a cada nota que soa de seus dedos é algo mágico. Acordes, solos, timbres...Tente ouvir Kayla sem se emocionar com a guitarra. Impossível. Seus novos caminhos melódicos-harmônicos aliada à perfeita técnica fez com que Steve Morse gravasse um de seus melhores trabalhos.
A produção ficou a cargo de Peter Collins, que já produziu clássicos do nível de Power Windows (Rush) e Operation: Mindcrime (Queensrÿche), e aqui deixou o disco cristalino e tudo muito bem timbrado, aumentando ainda mais a potencialidade da banda. Uma produção desse nível, com ricas canções e belas passagens instrumentais aliado à uma arte de capa maravilhosa, tornou esse disco um dos melhores que já ouvi e indispensável a quem aprecia uma boa Arte.
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.