Resenhas

Burzum - 2012 - Umspiktar

Por Fabiano Cruz | Em 17/04/2012 - 22:27
Fonte: Alquimia Rock Club

Não importa os crimes que Varg cometeu; podem o chamar dos mais variados nomes, mas é impossível negar que no Heavy Metal como um todo ele é uma das mentes mais criativas e enigmáticas. Fez do Black Metal um estilo vanguardista com discos como Hliðskjálf e Filosofem e implantou idéias e um profundo sentimento diante das religiões nórdicas. Após sair de longo tempo da prisão, lançou Belus, que mostrou uma fase mais experimental e intimista de seus pensamentos; longe do radicalismo, renovou suas filosofias pagãs e aproximou o som do Burzum a algo mais Viking/Folk, sem esquecer seu passado Black. Essa – porque não dizer – enorme evolução de Varg chega ao ápice em Umskiptar.


De uma beleza ímpar, o que ouvimos aqui é um profundo pensamento da religião e música dos nórdicos. Baseado nos estudos e reflexões que Varg fez nos anos presos – cujo tem um livro lançado desses pensamentos e filosofias – com base em um dos livros sagrados, o poema nórdico Völuspá. Significando “Metamorfoses”, nome perfeito para esse disco de transição onde Varg vem tateando desde Belus, o som foi cuidadosamente composto com bases na música nórdica sem deixar o passado, uma reinvenção da própria sonoridade construída... O mais claro exemplo fica por conta de Alfadanz (Elven Dance); uma canção onde o claro ritmo 3/4 de danças medievais européias se contrapões em belíssimas melodias e harmonias, um eco de canções antigas da Noruega exaltando os antigos seres que, pela mitologia, viveram em gélidas terras.


O disco pode ser dividido em duas partes. As primeiras canções são bem voltadas ao resgate do passado Black com guitarras sujas e algumas vocalizações que lembram os primeiros discos do Burzum: a cadenciada Hit helga Tré (The sacred Tree) mostra um Varg um pouco mais ousado e técnico na guitarra (lembrando que ele compõe, grava e produz tudo sozinho) enquanto Æra (Honour) nos soa tétrica com seus timbres e harmonia. Uma segunda parte, mais pessoal, são canções com guitarras fazendo landscapes e sonoridades e um Varg quase narrando passagens de Völuspá. Valgaldr (Song of the Fallen) chega a impressionar pela sua qualidade e canções como  Surtr Sunnan (Black from the South) e Gullaldr (Golden Age) são narrações que soam quase como uma oração a deuses antigos... Varg abre espaços também à experimentações, como Heiðr (Esteem), uma mistura de falas e sons compostos no contra baixo ou na sombria Níðhöggr (Attack from Below) que fecha o disco.


Um trabalho indispensável, principalmente para aqueles que acompanham o trabalho de Varg e vem acompanhando sua evolução e mudanças ao longo de sua carreira; um disco perfeito, onde tudo foi encaixado com precisão, inclusive a capa, com Varg utilizando mais uma pintura, dessa vez do artista Peter Nicolai Arbo que retrata a deusa Nótt, personificação da noite, onde mostra bem a alma do trabalho.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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