Ian Anderson's Jethro Tull - 2012 - Thick As A Brick 2 (What Happened To Gerald Bostock)
Thick As a Brick fez 40 anos de aniversário. Um dos mais conceituados discos da história do Rock’ n’ Roll, colocando o nome Jethro Tull no topo da montanha, se tornado um dos gigantescos do Rock Progressivo. A história do garoto Bostock e a música de pouco mais de 40 minutos foi um dos maiores sucessos da banda, e não tinha como passar despercebido 40 anos. Mas, ao contrario de muitos onde as comemorações se resumem a edições especiais e turnês tocando o disco na íntegra, a mente de Ian Anderson pensou além e criou a segunda parte do trabalho, Thick As a Brick 2 (pensou além pois na turnê que se segue ao lançamento, a banda está tocando as duas partes juntas em um único show...)
Bem... a primeira vista não tem como os fãs torcerem o nariz. Primeiro, sem o guitarrista Martin Barre, cujos fraseados e riffs já fazem parte da história e identidade do Jethro tull. A segunda, como retomar uma história de 40 anos atrás, conceitual, ao dias de hoje?
Respondendo a primeira pergunta, muitos podem me criticar mas, mesmo Barre fazendo falta, Ian Anderson e companhia gravaram perfeitamente esse novo trabalho. Ao lado do vocalista e flautista, temos John O’Hara (Hammond, Piano, Teclado), David Goodier (Baixo), Florian Opahle (Guitarra) e Scott Hammond (Bateria), em uma banda que mistura sua carreira solo com a do Jethro Tull, tocos músicos extremamente competentes e ficaram totalmente a vontade na proposta do disco!
O conceito do trabalho foi outra coisa magnificamente pensada pelo Anderson. A fábula de Bostock sobre envelhecimento tem outros contornos à maravilhosa filosofia do trabalho... Os pensamentos de Bostock quando jovem agora voltam em um diálogo passado/presente/futuro da personagem, agora com seus mais de 40 anos. O jogo pensado por Anderson vai além das letras: antes a capa sendo em uma notícia de jornal, onde a capa do trabalho se apresenta com um layout de página de internet; detalhes pequenos e atenciosos como esse perambulam por todo o trabalho.
Temos que ter na mente que a história evoluiu em tempo real, e o som da banda também, mas sem deixar o passado. Claro, a fórmula de uma única música não teria o mesmo efeito hoje em dia, mas as 17 faixas de dialogam entre si e à composição do passado da banda. Algumas narrações aqui e ali talvez tirem a paciência de alguns, porém são essenciais ao trabalho. E destacar faixas num disco desses fica difícil... A abertura com From a Pebble Thrown e sua sequência Pebbles Instrumental já joga as cartas na mesa do que ouviremos por todo o trabalho: melodias maravilhosas, arranjos grandiosos, harmonias primorosas; tudo que o Jethro Tul e o Ian Anderson sempre fazem. A “brincadeira” entre passado e presente não foge nas canções... Old School Song já tem um nome que fala por si só; Shunt and Shuffle tem um riff de guitarra e melodia na flauta que dialoga com várias canções do Jethro, se tornando um mosaico musical do passado da banda; What-Ifs, Maybes and Might-Have-Beens termina com a mais clara citação da primeira parte de Thick As a Brick (citação que perambula por todo o trabalho com re-arranjos das harmonias ou trabalhando o tema principal das mais variadas maneiras). Talvez A Change of Horses seja a que mais de destaque para muitos pela belíssima atuação de Anderson, um trabalho de pouco mais de oito minutos mostrando toda a criatividade do vocalista e banda (e uma melodia com toques de música moura que não tem como se envolver nela).
Chegar a bater o disco dos anos 70 é algo impossível. Thick As a Brick é um dos clássicos absolutos, um lampejo de genialidade que dificilmente será alcançado, mas não podemos negar o trabalho maravilhoso de Ian Anderson nos mostra nessa continuação. Lançado também em edição especial com um booklet de 16 páginas e um DVD 5.1 com making off, essa edição vale muito a pena ser adquirida, mesmo se gastando um pouco mais. Clássico? Talvez, isso so o tempo dirá... E vamos torcer para que a turnê especial com o Jethro Tull tocando os dois discos na integra passe em terras brasileiras.
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.