Kreator - 2012 - Phantom Antichrist
Ao adquirir o novo do Kreator, confesso que escutei muitas e muitas vezes antes de resenhar. Sou fã assumido dessa fase dos alemães que começou com o clássico Violent Revolution – fase que muitos fãs antigos mal escutam -, e vinham, apesar de excelentes trabalhos, a banda não saindo “dos trilhos”, o que deixou um tanto quanto repetitiva até Hordes of Chaos, claramente Mille Petrozza com medo de experimentar novamente a sonoridade do Kreator e deixar cair pelas mãos a simpatia que a banda perdera outrora na fase conturbada de Outcast e Endorama. Mas ao escutar Phantom Antichrist, assustei com a sonoridade, chegando a pensar que o disco era abaixo dos últimos lançamentos. Ledo engano...
O Kreator voltou a ousar, mas sem perder a pancadaria que estão acostumados a fazer. Aqui a banda soa mais épica, mais melódica, sem perder (mesmo que agora bem distante) a sonoridade Dark adquirida em sua fase conturbada e numa tempestade de riffs e fúria. A faixa título é típica da banda, mas todos esses elementos aparecem em Death to the World: riffs e mais riffs, “cozinha” insana, Petrozza vociferando o refrão, tudo num som com várias mudanças de andamento e harmonia. No meio de temas com a sonoridade Thrash clássica (muitos beirando os tempos áureos dos anos 80!), como Civilisation Collapse, Victory Will Come e Your Heaven, My Hell, a banda se destaca justamente nas que ousam e experimentam. A intro no violão soando quase erudito abre espaço para uma fúria incontrolada tomando o ambiente com um caos sonoro em United in Hate (e um refrão que não tem como não sair bradando aos quatro cantos); Until Our Paths Cross Again a banda inova o Thrash com um tempo tercinado e melodias quase folclóricas bem cadenciadas que se desenvolve num tema devastador terminado o disco de uma forma triunfante. O melhor momento fica com The Few, The Proud, The Broken… Diria que pelo conjunto da peça, o Kreator quase faz um Prog Thrash Metal; a faixa tem tempos totalmente quebrados, onde o Kreator expõe todo seu poderio num riff mortal e belíssimas melodias.
Falar individualmente dos instrumentistas é algo difícil, pois todos aparentam excelente forma e inspiração. Petrozza está cantando como nunca, principalmente na timbragem de sua voz e nas maneiras de cantar: usa e abusa de sua voz mais melodicamente, porém soube trabalhar perfeitamente as diversas variações, indo do rasgado ao grave, da melodia ao extremo com muita facilidade. Sami Yli-Sirniö faz riffs e solos inacreditáveis, se tornado um guitarrista indispensável ao Kreator. "Speesy" Giesler está mais solto, em alguns momentos seu baixo não se limita somente à cama harmônico-ritmica, pois se destaca em várias passagens em linhas que soam quase libertas à guitarra. Ventor, como sempre, é uma aula de bateria à parte... O fato do Kreator ter se firmado de vez nessa formação desde Violent Revolution, ajudou muito nessa sonoridade, pois já são ai um pouco mais de 10 anos juntos, sendo claro que hoje em dia realmente a banda soe com uma integridade entre os músicos, coisa que nunca teve com a constante troca de instrumentistas no passado
Pode ser que alguns fãs critiquem duramente, inclusive o lado mais melódico e influenciado pelo Heavy Metal mais tradicional, mas o trabalho tem uma força incomum, mas são canções que tem que ter tempo para serem compreendidas e assimiladas. Phantom Antichrist vem em duas versões com capas diferentes, e na edição limitada temos um DVD com o making off do disco e uma gravação no Wacken Open Air. Mais um clássico? Talvez... eu o coloco lado a lado com o cultuado Violent Revolution, mas a resposta só os fãs e o tempo irão dizer.
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.