Testament - 2012 - Dark Roots of the Earth
O Testament já vinha de um petardo sonoro chamado The Formation of Damnation,um disco que foi considerado um dos melhores da história do Thrash norte-americano e marcou o retorno da banda e o retorno de Alex Skolnick em uma das guitarras. Com turnê mundial e a banda extremamente forte em palcos, e com Gene Hoglan substituindo Paul Bostaph na bateria durante as gravações, fãs e mídia estavam esperando o lançamento de Dark Roots of the Earth para ver como viria a sonoridade do Testament. A banda não decepcionou e simplesmente lançou um ataque sonoro dos mais mortais nos últimos anos em se tratando de Thrash Metal
A abertura com Rise Up já deixa qualquer um nocauteado: forte, agressiva, com riffs cortantes e uma “cozinha” arrasa-quarteirão, mostrando a banda em seus melhores dias. O trabalho tem um peso absurdo equilibrando com belas linhas melódicas, e todos os músicos da banda brilham: as guitarras da dupla Skolnick e Peterson chegou a um nível que posso afirmar sem medo algum de que já fazem das duplas históricas do Heavy Metal; o baixo de Christian soa mais livre do que de costume, e segura muito bem as bases ritmos/harmônicas das complexas canções; Hoglan é um mostro na bateria, de suas baquetas saiu a maior parte do peso adquirido no disco, fora que “voa baixo” em viradas de assustar qualquer um; e Chuck Billy mostra um trabalho espetacular... suas variações de timbres chegam à perfeição, trabalhou com muita naturalidade sua voz alternando com maestria vozes ais guturais com mais melódicas.
A pancadaria come solta em faixas como Native Blood, Man Kills Mankind e Last Stand for Independence, faixas tradicionalíssimas que não olham pro passado da banda, e sim em novos caminhos sem perder as características sonoras de um bom Thrash Metal. A banda arrisca novamente mais uma balada com a bela Cold Embrance e acertam em cheio com a cheio de variações Throne of Thorns. Destaco a “tapa na cara” da sociedade norte-americana True American Hate: com partes que beiram o Death Metal e uma aula de Skolnick (que, aliás, como toca esse cara... sua linguagem adquirida no jazz – para quem não sabe, ele teve até discos de trio jazzístico gravados em sua carreira – faz todo o diferencial em seus solos), é o som perfeito para a letra que critica fortemente os moldes morais da sociedade hoje em dia. Aliás, o disco todo é esse “tapa na cara”, pois a lírica é um verdadeiro protesto nesse sentido (The broken world spins too slow, bitterness tasts sweet/ Many paths, invoking wrath/ The wolfs have stole the crown – Man Kill Mankind). O disco em sua versão especial nos brinda com três bonus covers o que, sinceramente, depois de tudo que ouvimos, soa até mesmo dispensáveis, mas é interessante ouvir como trataram Animal Magnetism do Scorpons, que ficou com uam sonoridade extremamente sombria
Claro, tudo isso produzido pelas mãos (e ouvidos!) mágicas do mestre Andy Sneap, que conseguiu capitanear toda a fúria e brutalidade da banda, e com uma sonoridade cristalina, sem estouras os sons graves dos aparelhos e fones e sem aquelas distorções nos timbres muitas vezes adquiridas por mau trato no som. Um disco, para mim, já clássico no Thrash Metal, um petardo sonoro de primeira linha, mostrando que o Testament (assim como o Exodus!), ao falarem em Thrash norte-americano, é totalmente injustiçado!
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.