Resenhas

SH.TG.N - 2012 - SH.TG.N 

Por Fabiano Cruz | Em 07/09/2012 - 22:04
Fonte: Alquimia Rock Club
Quando recebi da Moonjune Records o CD e o Release do SH.TG.N, banda Belga do tecladista Antoine Guenet (famoso pela conceituada banda The Wrong Object), pensei em ouvir um Prog/ Jazz em certo ponto calmo com belas melodias, na linha que as nadas de Progressivo européias vem tomando ultimamente. Ledo engano: o disco é extremamente nervoso, ruidoso, dissonante. Mesmo as bases musicais dos músicos em bandas de Neo-Medieval e Folk, o primeiro trabalho do SH.TG.N é uma peça totalmente voltada à linguagem musical contemporânea.
 

Em um sistema harmônico/ melódico caótico (isso quando tem) e com bases extremamente pesadas (que em momentos soam como a sonoridade Black/ Death Metal atual), Guenet soube compor músicas que, mesmo que dialogam com o presente, pode agradar aos ouvidos menos acostumados com esse tipo de sonoridade. A banda não tem um estilo que posso falar “é isso”, cada som caminha por diferentes lados. Dead Baby e J33 (I Don’t Wanna See) caminha pelas linhas Doom; Camera Obscura tem sua letra declamada pelo vocalista Fulco Ottervanger, numa técnica similar ao Sprechgesang (ou canto falado); Esta Mierda No Es Democracia é um manifesto à sociedade atual; Shotgun (Afraid Of) tem em seus tons muita coisa o Jazz; e Black Beetle fecha o disco com “brincadeiras” em soundscapes com base no Heavy Metal extremo.
 

Confuso? Sim, ao primeiro momento soa totalmente estranha a proposta do SH.TG.N, porem a banda soube ligar todos os elementos em que se baseou. A excelente gravação ajuda; mesmo com o som bem cru, não soa embolado e todos os instrumentos são ouvidos com perfeição, e olha que deve ter sido extremamente gravar e mixar uma sonoridade que inclui um teclado que extrapola os limites de texturas, uma guitarra que caminha por inúmeros efeitos e timbres e um vibrafone e novas sonoridades... Wim Segers se destaca pelos timbres e efeitos que tira de sua guitarra, muito bem estudados e o vocalista Ottervanger se destaca pelo uso de sua voz em timbres e formas de cantar bem complexas.
 

Bom disco, mostrando os caminhos da liberdade e da contemporaneidade musical dentro do Rock/ Heavy, tateando pensamentos que já foram vistos no Jazz e na Música Erudita

 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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