Depois de um pouco mais de um ano após a aclamada passagem da turnê de Road Salt One pelo Brasil, o Pain of Salvation inclui novamente nosso país na turnê da também aclamada continuação Road Salt Two, e a capital paulista foi incluída nesse domingo último dia de Setembro. Marcado para começar as 20:00, a casa foi enchendo aos poucos, e sem banda de abertura, a intro do show com a famosa Let the Sunshine In já deixou espaço para o alvoroço dos fãs. Daniel Gildenlöw aparece em palco, sozinho, e nos brinda com uma belíssima versão de Road Salt “à capella”; momento mágico já no começo, Daniel bem diferente desde sua última passagem ano passado, mostrou o porquê ser um dos mais aclamados músicos dentro do Heavy/Rock Progressivo da atualidade em uma performance inacreditável.


Com o tema Road Salt Theme, o Pain of Salvation toma posição em palco e solta Soft She Cries. Com a banda totalmente reformulada, Ragnar Zolberg (vocal e guitarra), Gustaf Hielm (baixo), Daniel Karlsson (teclado), juntos com o único que ficou ao lado de Daniel na banda, o baterista Léo Margarit, mostraram um peso absurdo e uma melancolia ímpar logo no começo da apresentação. Fato que essas mudanças deram um “gás” a mais pro Pain os Salvation, deixando os sons com muito mais vida e fazendo o show bem mais tétrico do que o do ano passado; a sequência com as clássicas Linoleum e Diffidentia mostrou bem isso.


Retomando o último trabalho, 1979 e To the Shoreline foram o suficientes para conquistar de vez os fãs presentes, e não teve como ficar paralisado com a performance da banda no quarteto Used, In the Flesh, Ashes e Morning Earth, abertura de sequência de The Perfect Element (Part I), onde a banda esbanjou técnica e agressividade. Após Reconciliation, Daniel repete o feito do ano passado quanto solou em pleno camarote, porém dessa vez cantando a bela Iter Impius, em mais um momento de pura magia no show.


Stress surpreende os menos esperados, enquanto Undertow é magistralmente tocada e cantada (!) pelo guitarrista Zolberg. Aliás, ponto para a banda reformulada: Daniel conseguiu reunir excelentes músicos. Zolberg é um exímio guitarrista e vocalista, com um suporte de backing vocals perfeitamente afinados; Hielm tem uma performance pirante, não para um minuto em palco e muitos momentos literalmente esmurrava seu baixo atrás de sonoridades agressivas e pesadas; Karlsson, o mais tímido em palco, não comprometeu em nenhum momento o som, fazendo politicamente correto as partes dos teclados das canções. E essa parte do show é fechada com o momento “viagem”, onde os quase 10 minutos de Beyond The Pale são tocados.


Era notório o misto de emoções no público: uns choravam com a bela e suntuosa performance da banda, outros estavam paralisados com a complexidade e peso adquirido na noite. A banda volta para o bis, e com a tradicional troca de instrumentos pelos músicos, o cover de Black Diamond, do Kiss, é apresentada de forma descontraída, abrindo espaço para a bluesy No Way, em sua forma mais longa, e fechando o set com Sisters


Repito: a mudança de formação só fez bem à banda; revigorada, nos brindou duas horas de um espetáculo único. Outro ponto de destaque é a clara evolução de Daniel como instrumentista e principalmente cantor, fora o carisma enorme que ele tem em palco, sempre brincando com os fãs, seu domínio do público é tão grande que basta ele acenar ou sugerir algo, que os fãs o seguem. Mesmo a volta par casa extremamente cansativa (afinal, domingo de manhã tive 4 horas de provas em Varginha, enfrentei uma viagem para São Paulo indo direto ao Carioca Club, sabendo na hora de minha chegada que os trens urbanos que eu pego como condução não estavam em funcionamento), demorou sair de minha mente os momentos mágicos da apresentação. E que o Pain of Salvation volte ano que vem novamente!

(Fotos tiradas cordialmente pelo fotógrafo Leandro Pena - http://www.leandropena.com/blog/2012/10/road-salt-tour/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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