Resenhas

Enslaved - 2012 - RIITIIR

Por Fabiano Cruz | Em 15/11/2012 - 20:29
Fonte: Alquimia Rock Club

O Enslaved sempre foi uma das maiores forças da chamada “segunda geração do Black Metal”. Sempre a frente de qualquer banda contemporânea a eles, o Enslaved foi inserindo elementos musicais folks vikings e progressivos, tornando seu som único. Desde Isa, a banda vem deixando seus sons mais complexos, mais progressivos, sem deixar suas raízes; após o excelente Axioma Ethica Odini, o Enslaved deixou claro que seu caminho seria voltado mais ao progressivo; deixaram “pistas” de como seria o novo trabalho com os EPs The Sleeping Gods e Thorn, e as versões de clássicos do Rock Progressivo que tocaram bastante ao vivo (esses vídeos são fáceis de achar no Youtube); e ao escutar RIITIIR, temos um Ensalved sem medo nenhum de experimentar sonoridades e cair cada vez mais nas sonoridades progressivas.


Thoughts Like Hammers abre o trabalho com a banda já mostrando todo seu pensamento musical, uma composição que equilibra perfeitamente as sonoridades do Black Metal com partes mais calmas, com um instrumental caótico e vozes guturais e limpas muito bem trabalhadas; Death in the Eyes of Dawn tem um lado bem progressivo com harmonias indo em caminhos nunca antes pensando dentro do estilo; Roots of the Mountain é atordoante com suas passagens rápidas e tradicionais do Black Metal com passagens matadoras de baixo e violão; Storms of Memories nos brinda com uma sonoridade quase na totalidade progressiva dos anos 70, baseada em sintetizadores. Os destaques ficam por conta de Veilburner, uma composição melódica e melancólica que cria um ambiente único, e a matadora Forsaken, essa sendo a alma dos caminhos que o Enslaved vem tomando, uma sonoridade densa onde os elementos progressivos se fundem com perfeição o estilo mais extremo da banda; um apequena obra-prima.


Um outro elemento se destaca além dos já citados: o ambiente mítico e místico que o trabalho deixa ao ouvinte, o que já começa pela belíssma arte, que mostra certas reminiscências a cultos e ritos antigos. O Enslaved, baseado na sua cultura viking norueguesa, deixou impressionantes passagens musicais que realmente cria um clima de introspecção pelas sonoridades melancólicas que permeiam o trabalho... Claro, isso não teria efeito se não fosse pelo nível das composições e pela técnica instrumental em que a banda chegou... Grutle Kjellson chega a se destacar pelas dinâmicas e timbres que conseguiu fazer com sua voz gutural e Herbrand Larsen criou climas bem obscuros com sua voz limpa; Ivar Bjørnson é responsável por muitas passagens que deixa qualquer um boquiaberto com seus sintetizadores e efeitos (é impressionante a marca que ele deixa em Forsaken...)


RIITIIR é mais um marco dos noruegueses, um trabalho que a cada audição percebemos novos detalhes, o enriquecendo cada vez mais; faz frente á altura alcançada pelos últimos dois trabalhos da banda, Axioma Ethica Odinni e Vertebrae. Não sabemos os rumos que o Enslaved tomará, imprevisível saber o que se passa em suas cabeças, mas uma coisa é certa: a trilha para os experimentalismos ficaram ainda mais abertos depois de RIITIIR.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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