Re-Machined - 2012 - A Tribute To Deep Purple's Machine Head
Particularmente não gosto de tributos, sempre achei discos “caça-níquel” e poucos chamaram minha atenção, preferindo versões que as bandas lançam em discos ou singles; Re-Machined foi um desses poucos por dois fatores: primeiro, por ser um tributo não a uma banda - no caso, Deep Purple – mas sim a um trabalho, Machine Head, considerado um dos maiores discos da história da música popular (e com razão!); segundo, pelo time que se encontra no trabalho... Como resistir em não ouvir algo que tenha nomes como Iron Maiden, Chickenfoot, Carlos Santana, Joe Bonamassa, Black Label Society, Metallica...
A produção ficou legal, um “catado” de faixas gravadas em anos atrás, ao vivo e específicas para o lançamento, ficou como resultado final bem homogêneo, sem muitas diferenças de mixagem e masterização. E como todo trabalho tem seus altos e baixos. Algumas versões ficaram realmente matadoras. Três faixas curiosamente tem os “dedos” de Gleen Hughes, ex-Purple que faz parte da banda na época de Burn e Stormbringer, e as três em que participa ficaram matadoras. Highway Star pelo Chickenfoot ficou uma paulada no “pé do ouvido”, principalmente pelos solos de Bonamassa; a mesma canção aparece no fim do disco com Hughes fazendo mais um Power trio ao lado de Chad Smith e Steve Vai e conseguiram criar uma outra identidade que exala energia pelos autofalantes; e ao lado de Chad Smith novamente, Hughes destrincha Maybe I’m Leo com uma atuação de arrasar de Chad na bateria. Lazy pelas mãos de Joe Bonamassa e Jimmy Barnes ficou ainda mais bluesy e com mais peso, espetacular! E a melhor do disco ficou com o single When a Blnd Man Cries pelo Metallica... Realmente a emoção e sentimentos que Hetfield colocou na música fazem qualquer um derrubar algumas lágrimas, fazendo jus à interpretação original do Silver Voice.
Algumas canções tiveram suas versões com a cara dos interpretes, porém não se destacaram como as já citadas. Carlos Santana literalmente brinca com Smoke on the Water em uma versão com peso extra, mas faltou mais de suas ousadias que estamos acostumados a ouvir; Zakk Wylde e seu Black Label Society revira de ponta cabeça Pictures of Home, a tornando mais lenta e mais folk; Kings of Chaos, banda formada por Joe Elliot, Steve Stevens, Duff McKagan e Matt Sorum fazem uma burocrática versão de Never Before, não saindo muito do original gravado.
Os pontos negativos... Ainda que eu não concorde com a maioria onde acharam decepcionante a versão de Space Truckin’ pelo Iron Maiden, essa faixa se mostrou bem relaxada, porém mostra um clima descontraído e divertido do lado do Iron; sem muitas firulas, a banda diminuiu o tempo da canção - talvez esse seja o ponto o qual eu não gostei -, mas ficou bem divertida. A única realmente assustadora foi o que o Flamming Lips fez com mais uma versão de Smoke on the Water no disco; a proposta de desconstruir a melodia e partes da música é excelente, recriar a canção de outras formas, porém da forma que foi feita a deixou muito chata a ponto de eu não conseguir escutar até o fim, onde a banda não acertou a mão; totalmente descartável.
No geral, é uma boa homenagem a um dos maiores clássicos já registrados, mas nada que supere – e duvido que algum dia irá – as versões originais criadas pelo Deep Purple. Vale a pena ouvir e se divertir e fará a alegria dos colecionadores de material do Deep Purple. E que a idéia de juntar um time desse para homenagear um álbum possa futuramente ser usado para outros trabalhos, pode sair coisas muito interessantes de projetos como esse
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.