Resenhas

Soundgarden - 2012 - King Animal

Por Fabiano Cruz | Em 25/01/2013 - 21:32
Fonte: Alquimia Rock Club

Não poderia o trabalho começar melhor: Been Away Too Long é um “rockaço” onde mostra que os anos parado e separados do Soundgarden não fez nenhum mal à banda, pelo contrário, mostra uma banda revigorada, com força, com os pés no presente sem esquecer seu passado. King Animal mostra um Soundgarden em criatividade elevada, as músicas do trabalho são bem diversificadas e cada uma mostra uma individualidade ímpar; muito se dá no entrosamento da banda, onde nem parece que ficaram mais de 10 anos sem gravar nada juntos.


O trabalho passeia pelas diversas linguagens que a banda com maestria domina: O Rock’n ‘Roll de By Crooked Steps numa levada impressionante; o lado mais stoner em Blood On The Valley Floor; o peso e Non-State Actor; o ritmo quase punk de Attrition. No meio, pérolas acústicas de beleza ímpar, como Halfway There. A banda ousa em sonoridades novas experimentando timbres e técnicas, como em Taree com uma textura e melodias perfeitas (destacando que ela foi composta antes da banda se separar nos anos 90) e Rowing com o baixo dominando com seus acordes e timbres.


O conjunto é perfeito, e separadamente cada músico também mostra forças. Bem Sheperd se mostrou muito criativo no baixo, em construções de linhas que não ficam so como acompanhamento, se destacando em muitos momentos do trabalho; a bateria de Matt Cameron é a causa do peso das canções, onde o baterista não economiza nas batidas; Kim Thayil soa como um arquiteto nos acordes e timbres muito bem construídos; e o destaque fica por conta de Chris Cornell, onde sabiamente soube driblas as mudanças de outrora do timbre de sua voz sem perder as características que o consagrou no Soundgarden. Duas músicas, as que mais se destacam no trabalho, mostram todas essas qualidades individuais: Worse Dreams e Eyelid’s Mouth.


A produção deixou King Animal com todo aquele ar dos anos 90, soando inclusive em algumas partes meio “sujo”, ainda que com todos os instrumentos audíveis sem nenhuma embolação e mostrando a sonoridade que o Rock carrega nos dias de hoje. Um trabalho que faz jus à história do Soundgarden, e arrisco a dizer que é um dos melhores trabalhos “de retorno” que uma banda pode ter.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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