Black Country Communion - 2012 - Afterglow
Desde sua formação, o Black Country Communion já deixou sua marca, afinal, a banda consta com músicos que dispensam qualquer comentário: Glenn Hughes, Joe Bonamassa, Derek Sherinian e Jason Bonham. O trio em pouco tempo, lançou com esses três discos de estúdio e um DVD, algo nos dias de hoje quase inimaginável, pois as bandas cada vez mais se preocupam nas produções, demorando anos para algum lançamento; e a qualidade do Black Country Communion em nenhum momento cai, pelo contrário, a banda vem se sobressaindo em seu som.
Em Afterglow o quarteto mantém suas influências do Hard Rock setentista, porém fincou de vez na história sua própria identidade. As composições são empolgantes destacando a firmeza da voz e do baixo de Hughes em contraste com a guitarra afiadíssima no Hard Rock\ Blues Rock de Bonamassa. A abertura com Big Train mostra todas as influências e características pessoais da banda, com um baixo swingado e pulsante, bateria um peso absurdo, teclados com harmonias bem construídas e aquele toque bluesy nas seis cordas. Momentos com mais peso como em Confession e Dandelion se intercalam com composições mais carregadas de sentimentos e feeling como The Giver. Momentos brilhantes aparecem na “rifferama” de Cry Freedom, curiosamente a única com a voz de Bonamassa – tentem ouvir sem dançar ou ao menos sem ligar a “air guitar”... - , The Circle tem uma das maiores interpretações vocais que Hughes já gravou e Common Man a banda foi agraciada pela enorme inspiração numa jam final de cair o queixo.
Claro, as atenções sempre se viram para a dupla Hughes\ Bonamassa, mas aqui Bonham se mostra um baterista cada vez mais experiente e seguro, com levadas e conduções que equilibram peso – e que peso! – e balanço, e Sherinian teve seu espaço ainda mais aberto, com solos de teclados realmente de excelente bom gosto e harmonias certeiras. Claro, praticamente o “quinto membro” Kevin Shirley, desde o começo com a banda, acertou novamente as mãos na produção do disco, com uma sonoridade que mesmo remetendo ao passado do Hard Rock, mantém a produção muito bem com os pés nos dias de hoje.
Infelizmente algumas farpas soltas em entrevistas e internet entre Hughes e Bonamassa aparentemente deixou um ar inseguro no futuro da banda; que internamente a banda acerte os eixos entre os músicos, pois seria uma pena que em tempos de sons plastificados cada vez mais voltados ao comércio e menos inspirados, uma banda que resgatou muito da aura inspiradora do Hard Rock setentista, acabe somente no terceiro disco, mostrando uma banda coesa e crescendo cada vez mais em seu som, já deixando sua marca...
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.