Resenhas

Mahogany Frog - 2012 - Senna

Por Fabiano Cruz | Em 12/07/2013 - 21:24
Fonte: Alquimia Rock Club

Tem aqueles que acham que o Rock Progressivo morreu; outros esbravejam horrores sobre as bandas atuais. E me pergunto se esses fãs do mais complexo e experimental caminho que o Rock já chegou conhecem bandas do nível do Mahogany Frogg. Os canadenses fazem um som totalmente explosivo e alucinante, calcado nas bases do Krautrock carregado de texturas e timbres que dão um colorido pessoal e único nas composições. A banda sintetiza em seus sons toda uma história do Progressivo e soa atual fazendo de Senna uma “masterpiece” do estilo nos dias atuais.


Não é exagero, pois as duas partes de Houndstooth que abrem o trabalho a banda já mostra suas armas: um tom Space Rock que vai crescendo até chegar em um riff pesado calcado por solos  realmente surreais e uma “cozinha” extremamente energética. A criatividade da banda não tem limites: Flossing With Buddha nos brinda com momentos de reflexão no meio de belíssimas texturas; as duas partes de Message From Uncle Stan impressionam pelos momentos atonais e ruidosos que para os menos desavisados não vai soar nada desconexo ou cansativo, que se desenvolvem até chegar a uma onírica harmonia; Expo ’67 é uma “pancadaria” sem tamanho, onde o peso adquirido poucas bandas do estilo ousam fazer. O ápice da criatividade fica com o fechamento do disco com Aqua Love Ice Cream Delivery Service, onde a insanidade dos caras descamba de vez numa alucinação musical de sintetizadores e eletrônicos com toques de citações de Sarabande in A Major, do compositor barroco Jean Philippe Rameau (!) e de gravações de um canto de uma beluga (!!!); o resultado final é no mínimo surpreendente.


O som não seria possível sem o pequeno “arsenal” instrumental da banda. Graham Epp e Jesse Warkentin se revezam na guitarra e nos inúmeros teclados e sintetizadores, como um MicroMoog, um Korg MS2000, um Farf Muff e pianos elétricos e acústicos; Scott Ellenberger mostra suas habilidades tanto no baixo elétrico quanto no acústico e Andy Rudolph, além da bateria e percussão, criou intrigantes partes baseado em sons eletrônicos.


Citando nosso país em detalhes (afinal, o nome Senna e um motor de carro na capa – uma justa homenagem – e uma foto no case do CD que tiraram na parte interna da Galeria do Rock – lugar que para quem freqüenta a anos como eu conhece os mínimos detalhes, ate mesmo numa foto estilizada – são detalhes que logo de cara percebemos),  o disco foi gravado e mixado de uma forma que o som tenha um tempero “vintage” dos tempos do auge do Progressivo, mas sem deixar de olhar os tempos atuais.


Um clássico moderno, item obrigatório aos fãs de Progressivo, sons experimentais e quem curte uma boa música.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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