Depois de um bom tempo um pouco sem atividades, uma das bandas mais consagradas bandas do Heavy Metal nacional volta com tudo; o Fates Prophecy passou por todas as adversidades que uma banda pode ter e lança The Cradle of Life, um disco forte e cheio de personalidade, marca característica da banda.  “Este álbum foi o mais demorado de todos que já fizemos, mas por nossa própria culpa, por causa das agendas de cada um, ele foi produzido por mim e pelo Fernando Poles (ex-guitarrista), então o trabalho foi em dobro e mais demorado”, Paulo de Almeida, guitarrista, começa a falar sobre o disco e a criação dele. “Como sempre fizemos até hoje, na parte técnica da produção tentamos ter um som mais orgânico possível, neste sentido de produção nossa musica soará muito mais como Black Sabbath, Aerosmith, Iron Maiden do que Pantera, por exemplo, gostamos de timbres mais clássicos nos instrumentos e isso sempre foi uma das tarefas mais difíceis de conseguir no momento de gravar um álbum, mas ficamos muito contentes com o resultado final de “The Cradle Of Life” “, mostrando o duro trabalho e o longo tempo que a banda levou preparando o novo trabalho. O baterista Sandro Muniz completa sobre a própria produção e o porque terem lançado primeiramente em download legalizado na página oficial da banda, sem custos aos fãs “Todo o processo do álbum foi “bancado” pela banda. Na hora de lançar, as propostas das gravadoras era a de que nós bancássemos e elas fariam a distribuição. Bem, se é para dar o álbum de graça para alguém, que sejam nossos fãs. Queremos sim lançar o álbum fisicamente, estamos atrás de selos competentes de verdade e que levem a sério para lançarmos.”


The Cradle of Live soa forte, com músicas envolventes, na mais pura escola tradicional do Heavy Metal; mas o que também chama a atenção são as belas e profundas letras, onde a banda beira a filosofia sobre a vida em alguns momentos, onde a belíssima arte de capa representa muito bem o pensamento da banda no trabalho: “O conceito do álbum é a contestação da origem do ser humano, a criação das civilizações, o que estaria certo, Teoria da Evolução ou Teoria Criacionista, ou haveria uma terceira opção? A principal mensagem no tema é que não precisamos saber de todas as respostas destes mistérios!”, comenta Paulo.


Mesmo o disco sendo um dos melhores trabalhos realizados pela banda, o Fates Prophecy sofreu novamente o grande problema de troca de integrantes, saindo o Fernando Poles, que tomou contra da produção ao lado do Paulo, e do baixista que estava desde o começo da banda, Alexandre ferreira, entrando respectivamente Ivan Santos e Rodrigo Brizzi ao lado de Paulo, Sandro e do vocalista Ricardo Peres. “A adaptação foi tranquila, porque sempre procuramos músicos que estivessem na mesma sintonia da banda, que principalmente quisessem fazer parte dela”, diz Sandro, mostrando que a banda não se abateu com as mudanças, inclusive atualmente se apresentando em vários lugares em promoção ao disco.


E como uma resenha especial, o baterista Sandro Muniz comentou faixa a faixa de The Cradle of Life para o Alquimia Rock Club!


- 24-7 To Death
Esta é umas das músicas mais rápidas que já fizemos até hoje. Narra a estória de um assassino profissional encarando seus crimes como um simples trabalho a ser feito, sendo apenas mais um dia normal de trabalho como qualquer cidadão comum.


- New Degeneration
Foi a primeira música que fizemos para este álbum. Ela possui características marcantes da banda. O tema abordado em sua letra é a degeneração que está acontecendo com o nosso mundo; mesmo evoluindo tecnologicamente o ser humano está regredindo dia a dia, cada vez mais ligado a um mundo virtual, escravo de redes sociais e de cada nova tecnologia que surge, não protegendo os recursos naturais para sua própria sobrevivência. Cremos que a maioria das pessoas concorda com este pensamento. Não é uma visão muito otimista, porém, cabe a nós mesmos mudar este “Novo Mundo”, antes que seja tarde demais.


- Resurrection
Ao contrário do que o título sugere esta música não é exatamente a respeito de ressurreição. É sobre um drama psicótico de uma pessoa com dupla personalidade, onde a segunda personalidade que estava adormecida ressurge e resolve assumir o controle da mente. É um conto ao estilo ‘Dr. Jackyl e Mr. Hide’.


- A Prayer To The Sun
Esta música fala sobre a reação das tribos nativas da América Latina diante o seu descobrimento, onde a grande maioria foi massacrada e extinta como no caso dos Incas, Mayas e Aztecas. O tema teve como inspiração o filme Apocalypto, de Mel Gibson. A partir desta música o álbum começa a criar a atmosfera de acordo com seu título.


- The Cradle Of Life
Faixa título que resume toda a idéia do álbum. É algo bem diferente do que estamos acostumados a fazer, contendo elementos diferentes, como uma introdução orquestrada, criando um clima tenso ao estilo de trilhas sonoras de cinema. A história desta musica é a busca incessante do ser humano por respostas a respeito da sua própria origem, aquela conhecida frase “Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?” Grandes cientistas, físicos, astrólogos, escritores, pessoas como Carl Sagan, Arthur C. Clarke, Stephen Hawking estão entre os que já abordaram este assunto sem conclusão, mas a mensagem principal é que algumas respostas jamais devem ser encontradas!


- The Unbeliever
Apesar do título, esta música não se trata de alguém ‘descrente’ no sentido religioso e sim da falta de fé no próprio ser humano, que está demonstrando não ser capaz de manter este mundo por muito tempo, sem acabar totalmente com os seus recursos, até que ele se torne um lugar impossível para vivermos. Mesmo sendo um tema comum e a maioria das pessoas já terem escutado músicas e assistido a filmes com este assunto, o problema continua sem solução e caminhamos para uma grande escassez dos recursos naturais em curto prazo.


- Primitive Man
Esta foi uma das faixas que superou nossa expectativa. Surpreendemos-nos bastante com o seu resultado final, sem dúvida é uma musica forte e de muita personalidade. É a história sendo contada mais uma vez. Assim como em “A Prayer To The Sun” trata sobre a America Latina, porém, aborda a visão que os espanhóis e portugueses tinham a respeito das tribos nativas da América do Sul quando aqui chegaram. Havia o pensamento que os nativos eram apenas ignorantes e entregariam facilmente a sua terra aos desconhecidos. Como isto não aconteceu, com exceção do Brasil, foram todos escravizados e massacrados.

 

- Devil Is My Name
Esta música aborda um tema bem polêmico e complicado, a ‘religião’. Ao escrever esta letra pensei como o ser humano precisa dar desculpas a si mesmo por tudo que acontece, seja bem ou mal, sempre há uma desculpa responsabilizando um dos lados, ignorando que cada um é responsável pelos seus atos e não ‘deuses’ ou ‘demônios’. Então a idéia da música é que o ser humano é medido pelas suas ações e não pela sua crença, independente da fé e crença de cada um, em algum momento suas ações serão julgadas.

 

- One Life
Há muito não compomos uma música com violões e esta é nossa primeira canção totalmente acústica, com exceção dos solos de guitarras. A mensagem dela é que devemos aproveitar cada momento da vida, mesmo havendo muitas decepções e erros cometidos. Por mais difícil que seja, temos que pensar que esta é a vida que conhecemos e criar forças para viver todos os dias, independente das dificuldades. Se realmente existir outra vida além desta, como muitas pessoas acreditam, só iremos descobrir depois de nossa morte. Então devemos aproveitar esta vida o melhor possível.
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.