Rock in Rio - 19.09.2013
Rio de Janeiro estava mobilizado com um evento, mudanças no transito, sotaques de diversas regiões do Brasil e do Mundo para acompanhar uma enorme festa. Bom, se você não estivesse no Alquimia Rock Club logo poderia pensar que esta matéria seria sobre carnaval, réveillon ou algum evento esportivo internacional, mas estamos falando do Rock in Rio. Considerado o maior festival de música do mundo, apesar de ser criticado pelos mais radicais por ter como nome Rock in Rio e misturar outros estilos de música que em nada tem a ver com Rock, a qualidade do evento é indiscutível. Vejamos: em que evento no Brasil podemos conferir no mesmo dia atrações como Metallica, Alice in Chains, Sepultura, Rob Zombie e Sebastian Bach, entre outros? Independentemente do que rolou nos outros dias do evento, é certeza que o público sedento por Rock e Metal não saiu da cidade do Rock na Barra da Tijuca insatisfeito, a começar pela boa estrutura do evento, provavelmente ainda abaixo dos festivais do primeiro mundo, tendo alguns problemas a serem corrigidos, como por exemplo o fato de os portões abrirem para o público as 14:00 horas e a primeira banda já estar no palco as 14:40 onde muita gente acabou perdendo essas atrações, mas no geral, o saldo foi bem positivo.
Republica + Roy Z + Dr. Sin
O Alquimia Rock Club acompanhou de perto não apenas as atrações digamos “mais populares” mas também as diversas atrações de respeito do palco Sunset, que começou com a trinca Republica, o respeitado guitarrista e produtor Roy Z, e logo depois a veterana banda Dr. Sin, sendo que o ponto alto do show foi sem dúvida quando todos os músicos se reuniram no final para tocarem a clássica versão do Van Halen de You Really Got Me da banda Kinks. Foi uma pena o Dr. Sin não ter tocado seu principal hit, Futebol, Mulher e Rock ‘n’ Roll que cairia como uma luva para a ocasião.
Almah + Hibria
As 16:00 horas era vez de mais uma grande banda nacional entrar no palco, dessa vez o Almah, banda do ex-vocalista do Angra, Edu Falaschi. O show começou com Hynotized, Living And Drifting e Trace of Trait, três porradas do último trabalho da banda, Motion. Infelizmente como é de costume com as bandas nacionais que tocam no início dos festivais no Brasil, o som estava muito abaixo do ideal, mais isso não foi o suficiente para tirar animação da banda em estar no Rock in Rio, principalmente do sempre simpático Edu Falaschi, que chamou o Vocalista do Hibria, Iuri Sanson, para cantar Birds of Prey do álbum Fragile Equality (2008). King, do primeiro trabalho que leva o nome da banda lançado em 2006, foi mais uma paulada a ser executada antes do Almah deixar o palco para o Hibria começar sua apresentação, com um som pesado e com o carismático vocalista Iuri Sanson agitando sem parar. O Hibria contou com um som já bem mais ajustado, esses três fatores fizeram com que o público se empolgasse mais com a apresentação dos gaúchos, músicas como Silent Revenge, Shoot me Down e Silence Will Make You Suffer agitaram o público. A exemplo do que fez Edu Falaschi, Iuri também chamou o colega para fazer uma participação em Blinded By Faith, e na sequencia encerram seu set com a pesada Tiger Punch, com certeza a que mais sacudiu a galera. Ao final as duas bandas se uniram para mandarem um cover de Rock And Roll do Led Zeppelin (apesar dos pedidos de Saint Seiya, tema do desenho cavaleiros do zodíaco) para fechar com chave de ouro.
Sebastian Bach
As 17:30 foi a vez de Sebastian Bach entrar em cena, logo de cara com o clássico Slave to the Grind do Skid Row, sua ex-banda, seguida de Kicking And Screaming e Dirty Power do seu mais recente álbum lançado em 2011. Os fãs até curtiram suas músicas novas, mas foram indiscutivelmente os clássicos do Skid Row como Here I Am, Big Guns e 18 And Life que levaram a galera a loucura, e com Monkey Business e I Remember You não foi diferente. Já com a queima de fogos vindo do palco Mundo - o que é um desrespeito -, até tocaram o começo de Wasted Time mas o desfecho ficou por com Youth Gone Wild. Mais um grande show de Sebastian Bach.
Sepultura & Tambours Du Bronx
Já no palco Mundo, pontualmente as 18:30 é a vez da maior banda do metal nacional entrar em cena. A exemplo do que aconteceu no palco Sunset do Rock in Rio de 2011, contaram com a companhia do grupo de percussionistas francês Tambours Du Bronx. Kaiowas foi a primeira paulada da noite seguida de Spectrum, faixa que abre seu último álbum Kairos, e as clássicas Refuse/Resist e Sepulnation, foi incrível a força e a energia que o Tambours Du Bronx deu a essas músicas. Foram executadas também músicas próprias dos franceses, muito bem recebidas pelo público, mas o ápice do show obviamente foram as músicas do Sepultura como Structure Violence (Azzes) e Territory. O encerramento como sempre ficou com Roots Bloody Roots que incendiou o público deixando um gostinho de quero mais por parte dos fãs que esperavam por mais músicas do Sepultura; aliás, poderiam estar em maior quantidade no set list, clássicos absolutos como Arise, Dead Embryonic Cells e Inner Self ficaram lamentavelmente de fora. Mas o espetáculo proporcionado pela parceria Sepultura & Tambours Du Bronx foi unanime.
Rob Zombie
Até o momento o público não podia reclamar da pontualidade, sendo assim as 19:30, conforme a programação oficial, Rob Zombie já estava no palco Sunset, o que para muitos foi uma injustiça, já que o figura possui muitos fãs e costuma ser headliner de muitos festivais pelo mundo, sendo assim poderia estar no palco Mundo, mas se pensarmos pela proposta do festival, faz sentido, pois se colocassem apenas bandas desconhecidas no palco Sunset, ele estaria vazio o festival todo. Mas os fãs do Zombie fizeram questão de ir até o palco Mundo para prestigiar esse ícone do som pesado, apesar de todos esperarem por uma produção melhor de palco, principalmente se compararmos com a dos shows do cara em outros países. Mesmo assim foi incrível poder ver Zombie e companhia mandarem sucessos do seu primeiro álbum solo, Hellbilly Deluxe (1998), como Meet the Creeper, Superbeast e Living Dead Girl, além de clássicos de sua antiga banda White Zombie, como Super-Charger Heaven seguida de Never Gonna Stop (The Red, Red Kroovy) do álbum The Sinister Urge (2001) e More Human Than Human, também do Wuite Zombie, nessa o cara foi literalmente pra galera. Dead City Radio and the New Gods of Supertown faixa do seu novo trabalho Venomous Rat Regeneration Vendor lançado esse ano foi muito bem recebida. Vale destacar a performance da banda, todos com seu figurino típico de filme de terror, muito bem entrosada, principalmente o carismático guitarrista John 5, que deu seu show à parte em um solo, enquanto Rob cumprimentava os fãs na plateia. Thunder Kiss ’65 do White Zombie e o seu mais conhecido hit, Dragula, encerraram a apresentação em grande estilo dessa lenda chamada Rob Zombie.
Ghost B.C.
De volta ao palco Mundo era vez dos suecos do Ghost B.C. mostrarem a que vieram. Bem, o Alquimia Rock Club não está aqui para julgar qualidade, respeitamos todos os estilos do rock, mesmo porque isso é uma questão de gosto pessoal, mas é difícil compreender o motivo do Ghost B.C estar no Rock in Rio e ainda mais no palco Mundo, tocando depois de nomes respeitados na música como Sepultura e Rob Zombie. O fato é que se trata de uma banda ainda nova, formada em 2008, não tem o mesmo prestigio no Brasil que vem tendo em outros países, o que fez do seu show provavelmente o momento mais frio e monótono de todo o festival, o público simplesmente não assimilou a proposta da banda; uma pequena minoria até aplaudiu entre uma música e outra, mas só. O figurino pesado e as letras satânicas em nada chamaram a atenção, sendo assim o show dos suecos serviu entre outras coisas para ir ao banheiro, descansar, fazer um lanche, dar uma volta na cidade do rock, ir na roda gigante, montanha russa, etc.
Alice in Chains
Apesar de estar tocando em uma noite mais dedicada ao Metal, devemos lembrar que mesmo sendo considerada uma banda grunge, o Alice in Chains sempre foi acostumado a fazer turnês com bandas como Sepultura, Pantera e Ozzy Osbourne, só pra citar algumas, sendo assim não se intimidaram diante de um público que aguardava pelo Metallica e surpreenderam logo de cara com uma performance matadora mandando músicas como Them Bones e Dam That River; o vocalista William DuVall mostrou estar totalmente adaptado a difícil função de substituir o antigo vocalista Layne Staley, falecido em 2002. A banda mostrou não viver apenas de passado mandando sons mais recentes como Hollow do novo álbum The Devil Put Dinosaurs Here (2013) e Check My Brain do penúltimo álbum Black Gives Way to Blue (2010), todas já conhecidas pelos fãs. O hit dos anos 90 Man in the Box foi um dos pontos altos do show, na sequencia o líder, guitarrista e vocalista Jerry Cantrell apresenta a banda antes de executarem a clássica e melancólica Nutshell, cantada por todos. O clima mais pesado voltou com a porrada We Die Young do primeiro álbum e Stone do novo trabalho, depois disso uma trinca de respeito para fechar uma ótima apresentação da banda de Seattle, Down in a Hole, Would e Rooster. Obviamente que em pouco mais de uma hora de show muitos sucessos ficaram de fora, mas a banda conseguiu lembrar todas as fases no set list.
Metallica
Após um atraso de aproximadamente meia hora, a clássica introdução Ecstasy of Gold aparece nos telões e o Metallica entra em cena detonando com Hit the Lights, um clássico das antigas, do primeiro álbum Kill’ em All (1983). Na sequência mais um clássico: Master of Puppets. Fica até meio chato falar que a banda mandou esse ou aquele clássico, mas tirando as músicas do fraquíssimo álbum St. Anger (2003), que para sorte dos mais fanáticos hoje em dia é totalmente esquecido nos shows, o que não é considerado clássico em se tratando de Metallica? Sendo assim o show seguiu com mais clássicos do nível de Holier Than Thou e Harvester of Sorrow - nessa é impossível não sentir falta dos backing vocals de Jason Newsted, apesar de Robert Trujillo ser um excelente baixista, fica devendo nos backing vocals. The Day the Never Comes foi a única do último álbum Death Magnetic (2008). Na sequência The Memory Remains foi executada com maestria, cantada por todos; e o que dizer de Welcome Home (Sanitarium) e Sab But True? Simplesmente incríveis. One, For Whom the Bell Tolls e Blackened foi mais uma trinca que agitou a galera, sendo que nessa última enormes chamas de fogo surgiram das laterais do palco, dando pra sentir o calor até a metade da pista. O sucesso radiofônico Nothing Else Matters foi o momento mais tranquilo do show com direito a uma propaganda do filme da banda Through the Never, na sequência emendam mais um sucesso para pôr fogo no show, Enter Sandman. A banda deixa o palco e no tradicional bis mandam uma trinca de clássicos, Creeping Death, Battery e como sempre Seek & Destroy, para encerrar e dar números finais a primeira noite do festival dedicada ao som pesado.
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