Rock in Rio - 22.09.2013
A exemplo da quinta feira dia 19, o domingo dia 22, último dia de Rock in Rio também foi dedicado ao som pesado, com um cast de respeito pra radical nenhum botar defeito. Mas assim como já citamos na matéria do dia 19, “a boa estrutura do evento, provavelmente ainda abaixo dos festivais do primeiro mundo, tendo alguns problemas a serem corrigidos como, por exemplo, o fato de os portões abrirem para o público as 14:00 horas e a primeira banda já estar no palco as 14:40 onde muita gente acabou perdendo essas atrações, mas no geral, o saldo foi bem positivo.” Bom, a intenção não era ser repetitivo no comentário mas a fica ai algumas inevitáveis perguntas aos organizadores: com um evento para mais de 80 mil pessoas e com filas enormes na entrada, seria pedir muito se abrissem os portões com uma antecedência maior do que míseros 40 minutos do primeiro show? Que por sinal quem viu afirma ter sido um ótimo show de abertura do último dia do festival, com um ícone do Heavy Metal nacional chamado Andre Matos e sua antiga banda, também considerada um ícone, Viper. O Alquimia Rock Club não teve credenciamento, portanto não podemos assistir ao show em decorrência dos problemas citados na entrada do evento.
Destrution + Krisiun - 16:00 horas
Se para entrar na cidade do rock o público reclamou, pelo menos da pontualidade dos shows não se pode reclamar; sendo assim, as 16:00 era vez do Metal extremo invadir o Palco Sunset com os veteranos do Thrash Metal alemão Destrution, que teriam a companhia da lenda do Death Metal brasileiro Krisiun, o que foi um marco para o festival se tratando de Metal extremo. Os alemães não perderam o pouco tempo que tinham e mandaram sem dó logo de cara Curse the Gods, uma perola das antigas. Infelizmente o som estava longe do ideal, mas mesmo assim o trio formado por Marcel Schmier (baixo/vocais), Mike Sifringer (guitarra) e Vaaver (bateria) não se intimidou e mandou além da nova Spiritual Genocide (faixa título do mais recente trabalho lançado em 2012) clássicos como Mad Butcher e Bestial Invasion. Mas o grande momento foi mesmo quando Schmier chamou o Krisiun ao palco para mandar o clássico Black Metal do Venom, nada mais apropriado para o momento. Os dois trios funcionaram perfeitamente juntos, principalmente os dois vocais, que se mesclaram muito bem. Daí pra frente os gaúchos do Krisiun seguiram sozinhos para mostrar pela primeira vez ao Rock in Rio o que é Death Metal. O trio formado pelos irmãos Alex Camargo (baixo/vocal), Max Kolesne (bateria) e Moyses Kolesne (guitarra), tiveram um set list mais curto que os alemães, tocaram apenas 4 músicas: Kings of Killing, Combustion Inferno, Vicious Wrath e Ominous. Foi pouco, mas um bom começo se levarmos em conta o feito inédito. Na sequência Alex chama o Destruction de volta ao palco para mandarem Total Disaster, clássico dos próprios alemães, encerrando esse momento inédito e histórico para o Rock in Rio e o Metal Extremo Nacional.
Helloween - 17:30 horas
Pontualmente as 17:30 no Palco Sunset, começa a soar a intro do Walls of Jericho: era vez de outra lenda da Alemanha entrar em cena, dessa vez o Helloween, um dos precursores do Metal Melódico; esse foi com certeza um dos melhores momentos do Palco Sunset, com um número enorme de fãs se espremendo em frente ao palco para ver a banda favorita do dia de M. Shadows, vocalista do Avenged Sevenfold (segundo palavras do mesmo mais tarde em seu show). Para muitos a banda merecia tocar no Palco Mundo, já que possui uma enorme legião de fãs pelo Brasil ainda mais em um show que teria a participação de Kai Hansen, um dos fundadores da banda, hoje no Gamma Ray. Mas a banda pouco se importou em qual palco estava tocando e fez uma apresentação muito digna, uma das melhores do dia sem dúvidas, mandando clássicos como Eagle Fly Free e I'm Alive. Destaque também para Live Now! do novo álbum Straight Out of Hell (2013), nessa o sempre carismático vocalista Andi Deris conduziu muito bem o público. A trinca If I Could Fly, Power e Are You Metal?, todas cantadas pelos fãs, sendo que a banda possui um dos públicos mais fiéis e fanáticos que se pode imaginar. Mas o melhor ainda estava por vir quando Andi Deris chama Kai Hansen para tocar guitarra nas três ultimas músicas: Dr. Stein, Future World e I Want Out. Nem precisa dizer que o público foi à loucura... Apesar da ótima apresentação, muitos fãs se perguntaram o motivo de não tocarem nenhuma música com Kai Hansen nos vocais, já que o cara cantou no primeiro álbum da banda e também ficou um gostinho de quero mais, principalmente pra quem já assistiu uma apresentação do Helloween como banda principal; obviamente que com menos de um hora de show, muitos clássicos ficaram de fora.
Kiara Rocks - 18:30 horas
As 18:30, com um público sedento por Metal e louco para ver Slayer e Iron Maiden, era a vez do Kiara Rocks, banda de Hard Rock de São Paulo mostrar seu trabalho, abrindo o Palco Mundo. Novamente não vamos julgar qualidade aqui, pois mesmo que ainda desconhecido do grande público, não podemos dizer que se trata de uma banda ruim, mas foi no mínimo incoerente colocarem uma banda de Hard para tocar no mesmo palco que Slayer e Iron Maiden; seria muito mais apropriado se tocassem dia 20, com Bom Jovi e afins. A expectativa antes do show era de que os fãs (principalmente do Slayer) os comessem vivos. Mas apesar de todas essas adversidades os caras conseguiram se sair muito melhor do que o esperado, abrindo o show de uma forma muito inteligente com Ace of Spades do Motorhead - fugiram de suas características é verdade, mas precisavam dançar conforme a música. Isso ficou evidente quando executaram músicas próprias, que ao vivo e em decorrência da ocasião ganharam um peso a mais, mas sem muita resposta do público, como já citado, não conhecia o trabalho da banda. O ponto alto do show ficou por conta das participações, quando o carismático vocalista e guitarrista Cadu Pelegrini chamou ao palco o guitarrista Marcão (Charlie Brown Jr.) e ninguém menos que Paul Di'Anno (Ex-vocalista do Iron Maiden) para mandar três clássicos: Highway to Hell (AC/DC), Blitzkrieg Bop (Ramones) e Wrathchild, da fase de Di’Anno no Iron Maiden. Após as participações especiais o show seguiu da mesma forma que antes, com a banda até se esforçando, mas sem muita resposta do público, mas diferente do que aconteceu no show do Ghost B.C.; aqui boa parte do público ao menos aplaudiu entre uma música e outra, graças à boa interação de Cadu com o público, que após um discurso conseguiu até fazer com que o público gritasse o nome do Kiara Rocks, com o saldo final sendo muito acima do desastre que muitos esperavam.
Sepultura e Zé Ramalho - 19:30 horas
Tocar no Rock in Rio já é considerado um privilégio para muitos artistas, são poucas as bandas que tiveram a honra de tocar em tantas edições do festival como o nosso Sepultura, que nas edições do Brasil só não esteve presente na primeira edição de 1985, participando ainda duas vezes da versão de Lisboa, e nessa edição a história não foi diferente, mas dessa vez com duas incríveis apresentações na mesma edição, (isso por que tem gente que ainda acha que a banda já deu o que tinha que dar...). A primeira na quinta-feira dia 19 com o grupo de percussionistas francês Tambours Du Bronx e nesse último dia do Rock in Rio com uma parceria com Zé Ramalho. A primeira parte do show contou com o Sepultura tocando músicas próprias, começando com Dark Wood of Error do álbum Dante XXI e as clássicas Inner Self e Propaganda, seguidas de sons não muito comuns nos últimos shows da banda: Dusted e Spit do Roots e The Hunt (New Model Army cover) do Chaos A.D, e ainda mandaram versão de Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi) que estará no próximo álbum, The Mediator Between the Head and Hands Must Be the Heart, com lançamento marcado para o final de outubro, encerrando a primeira parte do show. Na sequencia o guitarrista Andreas Kisser chama Zé Ramalho ao palco para o momento mais esperado e inusitado do show; a princípio pode parecer coisa de outro mundo pelo estilo totalmente diferente do cara em relação ao Sepultura, mas vale lembrar que essa não é a primeira vez que rolou essa parceria, já que em 2003 gravaram juntos a musica A Dança das Borboletas para a trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro, e foi justamente essa que abriu a parceria no Rock in Rio, com o publico recebendo a mistura de braços abertos, passando a gritar “Zépultura”. Nessa segunda parte do set list, além de músicas próprias do Zé Ramalho como Jardim das Acácias e Mote das Amplidões, também mandaram a faixa Em Busca do Ouro, da parceria Zé Ramalho e Andreas Kisser no trabalho solo do guitarrista, Hubris I & II (2009). Ratamahatta e Admirável Gado Novo deram números finais ao show com total aprovação ao “Zépultura” encerrando também as atrações no Palco Sunset que teve atrações que poderiam muito bem estar no palco Mundo.
Slayer 20:30
Pontualmente as 20:30, era vez da banda mais pesada do Palco Mundo entrar em cena, com a formação desfigurada, sem contar com o guitarrista Jeff Hanneman, falecido no ano passado e o baterista Dave Lombardo, que deixou a banda por questões burocráticas ainda não muito bem explicadas. Mesmo com essas adversidades, o Slayer continua sendo uma banda matadora, já que Gay Holt, guitarrista da banda Exodus, já vinha substituindo (não de forma efetiva, apenas ao vivo) Jeff Hanneman desde 2011, em decorrência de problemas de saúde do mesmo e Paul Bostaph é um velho conhecido, já tendo substituído Dave Lombardo por quase uma década (1992–1996, 1997–2001). Para muitos foi um absurdo ver uma banda com 30 anos de carreira tocar antes do Avenged Sevenfold, que não pode ser comparado com o Slayer. Mas na hora que o show começou com a porrada World Painted Blood, faixa título do mais recente álbum de 2009, os fãs e a banda não quiseram nem saber de tal fato. Clássicos como War Ensemble, At Dawn They Sleep e Mandatory Suicide foram executadas sem piedade, sem muito papo furado; o vocalista e baixista Tom Araya anuncia Die by the Sword seguida de Dead Skin Mask e Hate Worldwide: desnecessário falar das enormes rodas abertas na pista. Seasons in the Abyss deu um clima mais sombrio e denso ao show e na seqüência as luzes se apagam por alguns instantes, para o momento mais emocionante do show, quando aparecem nos telões o logotipo da cerveja Heineken com "Angel Of Death" e "Still Reigning" escritos acima e abaixo e o sobrenome Hanneman no meio, uma mais que justa homenagem ao guitarrista falecido Jeff Hanneman para a execução da clássica South of Heaven; o logotipo ficou apenas ao fundo do palco, dando lugar nos telões laterais as diversas cenas e fotos da carreira do guitarrista que seguiram até o final da apresentação, causando muita emoção aos fãs mais fanáticos com mais clássicos como Raining Blood e o desfecho matador com Angel of Death.
Avenged Sevenfold - 22:10 horas
Com as atrações já encerradas no Palco Sunset, o público precisou esperar cerca de 40 minutos para a conferir o show dos americanos do Avenged Sevenfold, uma das bandas mais bem sucedidas comercialmente na atualidade; muitos torceram o nariz (principalmente os mais velhos) por tocarem depois de uma lenda como o Slayer, mas a realidade é que, gostando ou não os caras conquistaram uma enorme legião de fãs em um tempo relativamente curto de atividade. A banda contou com uma produção de palco impecável com um cenário repleto de fogos e chamas, tendo seu início com Shepherd of Fire, faixa do seu novo álbum Hail to the King lançado esse ano - vale lembrar que esse novo álbum alcançou o topo das paradas em diversos países. Os sucessos Critical Acclaim e Beast and the Harlot deram sequência ao show, cantadas por todos os seus fãs, formado em sua maioria por adolescentes. A baladinha Buried Alive e a triste Fiction deram um clima mais calmo antes do sucesso Nightmare ser executado, um dos pontos altos do show. Vale destacar o carismático vocalista M. Shadows que conduziu muito bem o público durante toda a apresentação. Ao final de Requiem, (outra do novo álbum) muitos impacientes já gritavam pelo Iron Maiden, mas havia tempo para mais duas músicas: Bat Country e o sucesso Unholy Confessions, com um final cheio de fogos de artificio. Particularmente, os fãs do Avenged Sevenfold esperavam por uma apresentação mais longa, mas levando em conta que não eram a atração final da noite, conseguiram fazer uma apresentação bem coesa.
Iron Maiden - 00:05 horas
É indiscutível que se tem uma banda com a cara do Rock in Rio, essa banda é o Iron Maiden, tendo inclusive lançado em 2002 o álbum ao vivo Rock in Rio. Atualmente a banda vem mostrando ao mundo a turnê Maiden England, famosa turnê do álbum Seventh Son of a Seventh Son de 88; na época a banda gravou os shows nos dias 27 e 28 de Novembro de 1988 em Birmingham, Inglaterra, lançado em 89 em VHS. A banda traz aos palcos nos dias de hoje todo clima daquela turnê em mais uma grande produção. As 00:05, com sua pontualidade britânica já soava a clássica Intro com Doctor Doctor do UFO, para então darem início a avalanche de clássicos dos anos 80 com Moonchild e Can I Play with Madness. Esse foi o tipo do show que não tinha como dar errado, afinal o set em sua maior parte contaria com clássicos executados na turnê de 88, sendo assim já entraram com o jogo ganho, cabendo ao músicos fazerem apenas a ótima performance de sempre para deixar os fãs loucos com mais clássicos do tipo The Prisoner, 2 Minutes to Midnight e Afraid to Shoot Strangers. Falando em performance, a banda simplesmente esbanja energia no palco, principalmente o vocalista Bruce Dickinson que corre feito um garoto; logo vestiu sua tradicional roupa de soldado britânico em The Trooper, seguida de The Number of the Beast e Phantom of the Opera do primeiro álbum (Iron Maiden 1980). Run to the Hills com seu clássico refrão foi a primeira da noite com a presença da mascote Eddie, nem precisa falar da devoção dos fãs à mascote. Aparentemente o set não teve nenhuma mudança, sendo assim a Donzela de Ferro executou a trinca Wasted Years, Seventh Son of a Seventh Son e The Clairvoyant antes de Fear of the Dark, que junto com Afraid to Shoot Strangers foram totalmente fora de contexto nessa turnê, já que foi lançada quatro anos depois no álbum com o mesmo nome em 1992, podendo muito bem dar lugar a outras como Hallowed Be Thy Name, o difícil mesmo seria alguns mais desavisados compreenderem tal fato. Antes do bis mandam Iron Maiden. Na volta, uma trinca de respeito: Aces High, The Evil That Men Do e Running Free, nessa última Bruce apresentou a banda tomando a cerveja oficial do Iron Maiden, The Trooper. A banda se despede calorosamente do público, com um dos melhores shows dessa edição do Rock in Rio, seguida de uma bela queima de fogos ao som de Always Look on the Bright Side of Life (Monty Python song)
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