Resenhas

Sepultura - 2013 - The Mediator Between the Head and Hands Must be the Heart

Por André BG | Em 01/11/2013 - 21:47
Fonte: Alquimia Rock Club

Próximo de completar incríveis 30 anos de estrada, a maior e melhor banda de Heavy Metal do Brasil e uma das maiores do mundo, o Sepultura lança seu 13º álbum de estúdio, The Mediator Between The Head And Hands Must Be The Heart, seu segundo trabalho pela gravadora Nuclear Blast e o primeiro contando com o jovem de apenas 22 anos Eloy Casagrande (Ex- André Matos e Gloria) na bateria, que tem a dura responsabilidade de estar no posto que já foi ocupado por Jean Dolabella e Igor Cavalera. A banda mostra sua personalidade forte de sempre, a começar pelo longo titulo; é difícil lembrar-se de álbuns com nomes tão longos, remando totalmente contra a maré comercial que exige nomes de fácil assimilação, mostrando que o mais importante aqui é a arte e a musica em si, não se tratando de uma loucura como foi dito pelo ex-vocalista Max Cavalera em recente entrevista.  E o mesmo se aplica a arte da capa, feita apenas com carvão e papel pelo artista brasileiro Alexandre Wagner, o que deu todo um tom cavernoso a arte. A produção, também cavernosa, ficou por conta de Ross Robinson, que já trabalhou com a banda no álbum Roots e também produziu trabalho de bandas como Machine Head, Fear Factory entre outras, e co-produzido por Steve Evetts, que também já trabalhou com a banda em diversas outras oportunidades.


No que diz respeito a musica, esse novo trabalho tem a difícil missão de superar seu ótimo antecessor Kairos. Bom, The Mediator - como vem sendo chamado - não apenas supera seu antecessor, como pode ser considerado facilmente um dos melhores álbuns do ano, se não for um dos melhores de toda a carreira do grupo. Ouvimos aqui a banda com uma roupagem extrema e pesada como há muito tempo não soava, mas de uma forma diferente de tudo que já foi feito por eles mesmos, pois não é nada fácil continuar sendo original depois de quase 30 anos de estrada. Mais precisamente falando, esse é o trabalho mais cruel desde o clássico Arise de 1991, e isso fica evidente logo de cara com a faixa de abertura Trauma of War, onde ouvimos os vocais de Derrick Green bem mais sujos que o normal; e o que dizer de The Vatican? Sua introdução é simplesmente de dar calafrios, contando com uma das letras mais fortes escritas pela banda, seus riffs beiram o Death Metal. Em Impending Doom a guitarra de Andreas Kisser soa como uma serra elétrica, o cara simplesmente fez um trabalho impecável, mostrando mais uma vez ser um dos melhores guitarristas em seu estilo. Já em Manipulation of Tragedy, ouvimos o baixo de Paulo Jr. mais presente que nunca, calando a boca de muitos que o subestimam pelo fato de não ter gravado o baixo em alguns álbuns. Tsunami... bom, essa simplesmente é a definição para essa faixa, onde a bateria se destaca com passagens originais e complexas; Cassagrande realmente é um talento nato, e fica evidente também no começo de The Bliss of Ignorants, onde mostra total entrosamento com Paulo Jr. que mais uma vez tem seu baixo em destaque: o “tiozão” mineiro e o “garoto” formaram uma cozinha bem coesa. Dando sequencia ao álbum, com um clima agora um pouco mais melancólico com Grief, podemos conferir Derrick Green mostrando suas diferentes facetas, apesar das criticas e comparações com seu antecessor Max Cavalera; Green simplesmente mostra ser um vocalista bem mais versátil e profissional, não se limitando a cantar apenas de uma forma. O clima, digamos “mais pra cima”, retorna com The Age of the Atheist, primeira faixa divulgada do álbum, simplesmente um petardo, seguida da não menos cruel Obsessed, que conta com a participação mais que especial de Dave Lombardo (ex-Slayer). A versão de Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi) contando com os vocais de Andras Kisser é a encarregada de fechar a versão nacional do álbum, ao final desse ótimo desfecho ainda temos uma surpresa, mais precisamente lá pelos 17 minutos e 30 segundos.


Vale lembrar que o álbum ainda tem duas faixas bônus, mas a principio não saiu na versão nacional, sendo elas Stagnate State of Affairs e a incrível versão de Zombie Ritual do saudoso Death (Chuck Schuldiner ficaria orgulhoso em ouvi-la), nessa última os caras foram no mínimo muito corajosos, quando no finalzinho desse clássico do Death Metal, sem medo de ousar, emendam um trechinho de Seven Nation Army da dupla The White Stripes; isso é literalmente pra quem tem o saco roxo. Bom, para as viúvas dos irmãos Cavalera e os idiotas que não acreditavam na capacidade dessa formação, The Mediator Between The Head And Hands Must Be The Heart é simplesmente um soco na cara, vida longa ao Sepultura do Brasil.
 



André BG



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