Sepultura - 2020 - Quadra
Repetir uma fórmula ou parceria que já deu certo em algum momento do passado nem sempre é uma garantia de sucesso e de bons resultados, principalmente quando o assunto é música, mas verdade seja dita, afirmar o oposto também não seria algo absurdo, afinal, a frase “em time que está ganhando não se mexe” se mostra coerente e sensata em muitas ocasiões, e com Sepultura isso se aplica perfeitamente no novo álbum “Quadra”, lançado no inicio de fevereiro, tendo sua gravação novamente feita na Suécia e mais uma vez contando com a impecável produção do renomado produtor sueco Jens Bogren (Soilwork, Opeth, Katatonia, Kreator, Amon Amarth, Angra, Arch Enemy), também responsável pela produção do elogiado e bem sucedido álbum anterior, Machine Messiah de 2017.
Musicalmente falando, Quadra mostra uma banda em seu ápice técnico e ainda muito capaz de criar coisas novas e relevantes para o cenário do Metal. Sim, os tempos são outros, dizer que a banda irá vender como já vendeu em outros momentos ou emplacar músicas que serão consideradas clássicas no futuro é algo no mínimo precipitado por diversas razões que nem importam muito nesse momento, mas isso não muda em nada o fato do quarteto formado por Paulo Jr. (baixo), Andreas Kisser (guitarras), Derrick Green (vocais) Eloy Casagrande (bateria) estar mais uma vez entregando aos fãs um material digno de sua respeitável carreira.
O conceito do álbum basicamente gira em torno das fronteiras, regras e conceitos criados ao longo de séculos, bem como a importância atribuída ao dinheiro, aqui representada na imagem de uma moeda que ilustra a arte da capa, um projeto de Christiano Menezes com produção executiva de Marcos Hermes.
As doze faixas que compõem o 15º álbum da carreira do quarteto, mostram mais uma vez uma banda sem medo de ousar em fazer algo diferente daquilo que eles mesmos já haviam feito, mas mantendo as principais características de sua música é claro, um Metal difícil de rotular há muitos anos, uma marca registrada da banda.
Pode se dizer que o álbum é dividido em 4 partes e uma audição na versão em vinil deixaria isso ainda mais claro, pois a trinca inicial com as furiosas “Isolation”, “Means to An End” e “Last Time” são um Thrash Metal em sua mais pura essência pra nenhum fã old school botar defeito, mas tudo com aquele toque que só o Sepultura é capaz de dar as músicas, algo que sempre o diferenciou das demais bandas do estilo. Mantendo o mesmo peso, mas com sonoridades diferentes, incluindo mais percussões, a sequência com “Capital Enslavement” possui uma introdução com violinos e vozes de dar calafrios, com solos de guitarra insanos em um contraste com as fases mais antigas e atuais da banda. Já “Ali”, tem o baixo como destaque e um refrão forte e marcante, e fechando essa segunda trinca, temos “Raging Void”, música pesada, porém, mais cadenciada, com um refrão onde Derrick Green mais uma vez mostra diferentes facetas em sua voz.
A terceira parte resgata as belas introduções ao violão clássico, algo que já havia voltado a ser explorado por Andreas Kisser no Machine Messiah, mas aqui em “Guardians of Earth” isso aparece com muito mais destaque, acompanhado de um belo coral de vozes, que contrastam com a voz agressiva de Derrick, que canta também de forma melódica em parte da música. E assim como no álbum anterior, aqui também há espaço para um tema instrumental com “The Pentagram”, música intensa com solos de guitarra muito bem elaborados e os riffs típicos de Andreas, mas logo a música vai para um lado um pouco mais progressivo e complexo, onde fica ainda mais evidente que Eloy Casagrande definitivamente não é desse planeta. E não seria nenhum exagero afirmar que Derrick também não é desse planeta, o cara está há 22 anos à frente da banda e não mostra nenhum sinal de desgaste na voz e ainda consegue surpreender mostrando uma versatilidade incrível em uma composição complexa como “Autem”, aqui o americano da uma verdadeira aula nos vocais cantando de diferentes formas, variando entre partes limpas, indo do gutural grave a partes com berros mais estridentes que remetem aos tempos de seu antigo projeto paralelo Musica Diablo. E o mesmo se aplica em “Agony of Defeat”, que após a faixa titulo “Quadra”, um tema instrumental apenas ao violão, funcionando como uma introdução para a música que começa de forma melancólica e com vocais limpos, mas que logo parte para uma direção mais pesada e agressiva, se mostrando a composição com os arranjos mais bem trabalhados do álbum.
Já o momento mais inusitado do trabalho fica por conta da faixa de encerramento “Fear, Pain, Chaos, Suffering”, a primeira na história da banda a contar com vocais femininos, uma cortesia de Emmily Barreto da banda Far From Alaska. Bem, os fãs mais radicais podem até questionar se a banda não poderia ter convidado uma vocalista do próprio meio do Metal para fazer essa participação, sugestões como Fernanda Lira da Nervosa ou Alissa White-Gluz do Arch Enemy, por exemplo, seriam algumas das mais óbvias, mas o Sepultura não é uma banda que faz o óbvio (nunca foi), sendo assim a escolha feita por Emmily se mostrou muito interessante, pois sua bela voz formou um belo contraste com a de Derrick.
Vale reforçar o quão precipitado seria dizer que Quadra se tornará um clássico do Thrash Metal à altura de pérolas do próprio Sepultura como Beneath The Remains (1989), Arise (1991), Chaos A.D. (1993) e Roots (1996), por circunstâncias obvias, mas em termos de qualidade e produção, esse novo registro não deve em nada aos grandes clássicos imortais da banda, sendo inclusive um forte candidato a figurar nas principais listas de “melhores” álbuns desse ano.
Faixas:
1- Isolation
2- Means to An End
3- Last Time
4- Capital Enslavement
5- Ali
6- Raging Void
7- Guardians of Earth
8- The Pentagram
9- Autem
10- Quadra
11- Agony of Defeat
12- Fear, Pain, Chaos, Suffering
Quadra está disponível nas principais plataformas digitais:
Spotify: https://open.spotify.com/album/1OyRMXY6FZ4cUTTdzCBPSh
iTunes: https://nblast.de/Sepultura-QuadraIT
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Confira o clipe de Isolation: https://www.youtube.com/watch?v=x2nZ3n8_e3k
Confira o clipe de Means to An End: https://www.youtube.com/watch?v=TMLed7lL5CU
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Foto: Marcos Hermes
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