Resenhas

Sepultura - 20.02.2022 - Audio, São Paulo, SP

Por André BG | Em 27/02/2022 - 04:13
Fonte: Alquimia Rock Club

Fotos: Flavio Santiago (@santiagrophy / @onstage666)

 

Em fevereiro de 2020, mais precisamente no dia 07, o Sepultura lançava o seu tão aguardado novo álbum Quadra, trabalho esse aclamado pelo público e crítica mundo afora, figurando nas tradicionais listas de melhores álbuns daquele ano e tendo o melhor desempenho comercial de um álbum da banda em muito tempo, marcando presença em posição de destaque em diversas paradas musicais, como as inéditas 5ª posição na Alemanha e 13ª na Suíça, superando até mesmo o clássico álbum Roots de 1996 nesse quesito, só para citar algumas. Tudo parecia estar perfeito para a banda embarcar para mais uma bem-sucedida turnê internacional, mas aí o mundo foi pego pela pandemia do Corona vírus e os planos do quarteto formado Paulo Xisto Jr. (baixo), Andreas Kisser (guitarras), Derrick Green (vocais) Eloy Casagrande (bateria) precisaram ser adiados, para só agora em fevereiro de 2022 os fãs terem a oportunidade de conferir ao vivo as músicas desse grande álbum. 

 

A turnê começou no dia 12 de fevereiro (dois anos após o lançamento do Quadra!) no Rio de Janeiro e passou por Vitoria no Espirito Santo no dia seguinte antes de chagar a capital paulista no último domingo (20 de fevereiro) na Audio, casa essa mais uma vez cheia para receber a maior banda do Metal nacional, o que já era nítido que aconteceria ao vermos uma fila enorme envolta da casa minutos antes de sua abertura que ocorreu pontualmente às 18 horas, valendo destacar; de forma muito organizada e com uma funcionária informando o público já na fila sobre a necessidade de apresentar um comprovante de vacinação contra a Covid19 (físico ou digital) para poder adentrar ao recinto.    

 

Já dentro da casa tomada por um público totalmente ansioso e animado, afinal, já faziam mais de dois anos que o Sepultura não se apresentado em São Paulo, (último show havia sido realizado em julho de 2019 no Tom Brasil, relembre aqui), o show começou com perdoáveis 30 minutos de atraso (nada pra quem esperou mais de dois anos), com a banda entrando em cena após a já tradicional “Policia” dos Titãs como introdução, quebrando tudo com a porrada “Isolation” do mais recente álbum seguida de “Territory” e mais uma do Quadra; “Capital Enslavement”, um início avassalador para incendiar a casa. Na sequência, Andreas deu as primeiras palavras, falando o quanto é especial tocar em São Paulo, local que ele disse considerar a casa da banda “com todo respeito a Belo Horizonte” (cidade natal do grupo), o guitarrista também explicou o fato de Derrick Green estar usando uma espécie de muleta/apoio na perna esquerda, este que também falou com o público brevemente com seu sotaque americano de sempre, havia sofrido um acidente nos Estados Unidos, aliás, isso atrapalhou um pouco a performance do americano no palco, com movimentos mais limitados, não tocou percussão em algumas músicas como de costume por exemplo, mas nada que comprometesse o show de uma forma geral, já que em termos de desempenho vocal, Derrick mais uma vez se mostrou impecável. 

 

O show seguiu calcado no disco Quadra, agora com “Means to an End” e “Last time”, seguidas de “Kairos” que dá nome ao álbum lançado em 2011, “Sworn Oarth” do álbum Machine Messiah (2017) e a porrada Hardcore “Choke” que sempre funciona muito bem ao vivo. 

 

“Slaves of Pain” do clássico Beneath the Remains de 1989 foi a primeira surpresa da noite, obviamente muito bem recebida, sendo seguida por mais duas do Quadra; “Guardians of Earth” e a instrumental “The Pentagram”, descrita por Andreas como uma das mais difíceis de tocar, tamanha sua complexidade, algo totalmente reconhecido pelo público, com Eloy Casagrande sendo muito ovacionado ao final, e não é para menos, o baterista teve uma performance simplesmente irretocável! 

 

A trinca com “Machine Messiah”, “Phantom Self” e “Convicted in Life” antecederam mais uma surpresa, dessa vez “Infected Voice” do clássico Arise de 1991, mais uma que fez a alegria dos fãs mais antigos, já “Agony of Defeat” foi a última do álbum Quadra a ser executada, (foram 7 num total de 20 no set list), todas muito bem recebidas pelo público. A sequência do show se deu com Eloy iniciando o que seria um dos momentos mais inusitados da noite, bastou o baterista fazer algumas batidas na bateria para o público começar a gritar de forma espontânea e repetidamente: “Hei Bolsonaro vai tomar no cu!”, e após a “bela homenagem” ao chefe de estado, o que se viu foi uma sucessão de clássicos absolutos da banda e do Metal com “Refuse/Resist” e “Arise” com rodas insanas na pista da Audio para então a banda deixar o palco rapidamente, na volta, para a alegria do atleticano Paulo, o são-paulino Andreas lembrou do título do Atlético Mineiro na supercopa do Brasil diante do Flamengo naquela tarde, com Derrick chamando o Galo de frango para risos gerais antes de mandarem “Ratamahatta” que foi literalmente emendada com o desfecho que como sempre foi com “Roots Bloody Roots”, dando números finais ao show de 1 hora e 47 minutos, deixando o público mais que satisfeitos com um show que ninguém nesse mundo acreditaria que foi realizado por uma banda que ficou mais de dois anos fora dos palcos, tamanha a anergia e entrosamento apresentado.

 

Sim, muitos clássicos absolutos como “Troops Of Doom”, “Inner Self”, “Beneath the Remains”, “Dead Embryonic Cells”, “Desperate Cry”, "Propaganda", “Attitude” e “Sepulnation”, só para citar algumas, ficaram de fora do repertório, o que para alguns pode ser considerado até um crime, mas que na realidade apenas mostra o quão rica é história do Sepultura e o quão confiantes no que fazem são seus integrantes, pois seria muito mais fácil e cômodo simplesmente manter as mesmas músicas de sempre no repertório, mas eles continuam firmes mostrando que podem muito mais do que isso.  

 

O Sepultura embarca no mês de março para mais uma turnê na América do Norte sendo acompanhado pelas bandas Sacred Reich, Crowbar e Art Of Shock, posteriormente passando por México e depois Europa, onde se apresentará em diversos festivais importantes como Graspop Metal Meeting, Download Festival, Hellfest, Tons of Rock, Ressurection Fest, Rock am Ring, Rockharz Open Air e Masters of Rock. Mais informações em: https://www.sepultura.com.br/

 

 

Set list: 

 

1- Isolation 

2- Territory 

3- Capital Enslavement 

4- Means to an End 

5- Last time

6- Kairos

7- Sworn Oarth

8- Choke

9- Slaves of Pain 

10- Guardians of Earth 

11- The Pentagram 

12- Machine Messiah

13- Phantom Self

14- Convicted in Life

15- Infected Voice

16- Agony of Defeat

17- Refuse/Resist 

18- Arise

19- Ratamahatta 

20- Roots Bloody Roots

 

 

 

 

 

 

 

Confira também a resenha do álbum Sepulquarta no Alquimia Rock Club: http://www.alquimiarockclub.com.br/resenhas/7280/

 

Confira também a resenha do álbum Quadra no Alquimia Rock Club: http://www.alquimiarockclub.com.br/resenhas/6694/

 



André BG



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