Resenhas

Black Pantera - 21.09.2024 - Sesc Belenzinho, São Paulo, SP

Por André BG | Em 27/09/2024 - 00:17
Fonte: Alquimia Rock Club

Fotos: Daniel Rocha (@daniel_ferreira_rocha)   

 

De tempos em tempos surgem nomes que causam impacto no cenário musical nacional e internacional deixando sua marca de alguma forma, falando mais especificamente do Rock e suas vertentes, há quem diga que a cena não vem se renovando, mas fato é que novos nomes surgem a todo momento, mas por conta da realidade atual e da forma como a música é comercializada e difundida, dificilmente esses nomes ultrapassam as barreiras do underground e das mídias digitais atingindo um público mais abrangente. Mas se hoje tivéssemos que apontar uma banda como destaque no cenário, certamente o nome do Black Pantera seria um dos primeiros a serem lembrados. O power trio da cidade de Uberaba/MG formado em 2014 por Charles Gama (vocal e guitarra), Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo Pancho (bateria) vem divulgando seu quarto e mais recente álbum "Perpétuo" lançado esse ano, com forte discurso político antirracista e de protesto contra a homofobia e desigualdades sociais, o grupo vem chamando atenção com seu crossover que agrada fãs que vão do thrash metal ao hardcore passando pelo rap/hip hop a música black em geral, não apenas no underground como também no mainstream, fazendo elogiados shows nos festivais Knotfest, Lollapalooza e Rock in Rio, esse último duas vezes. 

 

E foi com todos esses ingredientes que a banda retornou a capital paulista no último sábado dia 21 de setembro para um show no Sesc Belenzinho, como parte do já conhecido projeto “Música Extrema”, que já trouxe para esse mesmo palco importantes nomes como Sepultura, Angra, Nuclear Assault, Krisiun, Claustrofobia, Worst, Zumbis do Espaço, Oitão, entre outros. 

 

Com a habitual pontualidade dos shows nas unidades do Sesc, as luzes da comedoria se apagaram pontualmente as 20:30 para então ter início a introdução do show com "A Vida é Desafio" (Racionais MC’s) em um recinto totalmente tomado pelos fãs da banda, predominantemente jovem é verdade, porém era possível notar a presença desde pessoas na casa dos 50/60 anos até mesmo crianças, algo peculiar e muito legal de se ver em shows no Sesc. O repertório foi calcado no aclamado e mais recente álbum Perpétuo, começando de forma quente e energética com "Provérbios", um verdadeiro 'chute na porta' dando o cartão de visitas para quem ainda não havia visto um show do Black Pantera e entregando o de costume para os fãs que já acompanham a banda ao vivo há mais tempo.   

 

Como de costume nos shows no Sesc, a qualidade de som estava ótima para contribuir para a sinergia entre banda e público na porrada "Padrão é o Caralho", tema do terceiro disco que já é presença obrigatória no repertório. Após o petardo, aproveitaram pra agradecer a oportunidade de tocar em um palco onde vários nomes importantes haviam tocado antes. A total sinergia entre banda e público impressiona, e isso se deve muito ao fato das letras das músicas abordarem temas e situações vivenciadas de alguma forma por grande parte do público, antes da já clássica "Fogo nos Racistas" por exemplo, Charles contou brevemente o caso de uma professora com o nome de Renata que sofreu racismo e que estava presente no show daquela noite, sabiamente dedicando o petardo a ela, petardo esse que marca um dos  momentos mais quentes dos shows do Black Pantera com seu forte refrão que dá nome a música, repetido em alto e bom som por todos os presentes.      

 

A apresentação também teve seu momento 'menos porrada' e mais emotivo com o tema "Tradução", essa sempre oferecida as mães e com as lanternas dos celulares acesas, marcando a parte mais emocionante da noite e caindo como uma luva pra dar uma baixada na poeirac, mais ou menos na metade do repertório. Mas a calmaria dura pouco e logo o clima mais 'porrada' do show voltou com mais petardos como "Mete Marcha" e "Sem Anistia", essa marca um dos momentos mais legais e peculiares do show onde a banda agita a roda só com as meninas, mudando parte do refrão de 'sem anistia' para 'só as minas'

 

Extremamente afiados no palco e com um público agitando e respondendo a altura, mantiveram o clima intenso do show com a trinca; "Mahoraga", "Ratatatá" e "Revolução é o Caos", antes de Charles agitar a roda e como sempre dando a letra para o público; "se um amigo ou amiga cair no chão o que a gente faz?", para receber uma reposta em alto e bom som; "a gente levanta!" para então mandarem a porrada "Execução na Avenida 38" do primeiro álbum Project Black Pantera de 2015, após essa, a banda agradeceu os fãs e tirou a tradicional foto no palco como se o show tivesse se encerrado, apenas uma mera formalidade (ou pegadinha) para logo atenderem os pedidos do público e reassumirem suas posições para mandarem "A Horda" e a icônica "Bota Pra Fuder", que aparentemente encerraria a apresentação, mas o trio não resistiu aos pedidos e mandou mais duas; "Dreadpool Zero" e  "Taca o Foda-se", dando números finais a um show impecável de uma hora e meia de duração, contra a vontade dos fãs é verdade, mas com o argumento da banda que o local tinha horário limite para encerrar os serviços, mas se dependesse de ambos, a banda tocaria sua discografia completa naquela noite.   

 

Em muitas situações poderia ser precipitado cravar qualquer coisa referente ao futuro de uma banda, mas no caso do Black Pantera, é muito fácil e certeiro afirmar que a banda já cravou seu nome na história do Rock nacional e o que vier daqui pra frente irá definir a proporção que o nome do grupo irá atingir.    

 

 

Setlist:

 

Introdução: A Vida é Desafio (Racionais MC’s)

1. Provérbios 

2. Promissória 

3. Padrão é o Caralho 

4. Boom! 

5. Mosha 

6. Perpétuo 

7. Fogo nos Racistas 

8. Tradução 

9. Fudeu 

10. Mete Marcha 

11. Sem Anistia 

12. Candeia 

13. Mahoraga 

14. Ratatatá 

15. Revolução é o Caos 

16. Execução na Avenida 38 

17. A Horda 

18. Bota Pra Fuder 

19. Dreadpool Zero

20. Taca o Foda-se 

 

Obs: Setlist executado não exatamente nessa mesma ordem 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


André BG



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